From Indigenous Peoples in Brazil
The printable version is no longer supported and may have rendering errors. Please update your browser bookmarks and please use the default browser print function instead.

News

Povo Karipuna volta a denunciar invasão de seu território em Rondônia

29/04/2022

Autor: Leonardo Fuhrmann

Fonte: Brasil de Fato - brasildefato.com.br



Território ficou mais vulnerável após redução de unidades de conservação pelo governador Marcos Rocha

Leonardo Fuhrmann De Olho nos Ruralistas
| 29 de Abril de 2022 às 17:03

Um ano após terem denunciado a invasão de seu território à Polícia Federal (PF) e ao Ministério Público Federal (MPF), os indígenas do povo Karipuna vivem um novo ciclo de ataques.

Vivendo em uma área de 152 mil hectares, situada a 100 quilômetros da capital Porto Velho (RO), na divisa com o município de Nova Mamoré, os Karipuna registraram, com fotos e vídeos, pontos em que árvores foram retiradas ilegalmente. Além do desmatamento, os materiais compartilhados com a reportagem mostram motocicletas deixadas no local pelos madeireiros.

Em abril do ano passado, a PF, a Força Nacional, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama) e a Fundação Nacional do Índio (Funai) haviam feito uma operação conjunta na Terra Indígena Karipuna. Em outubro do mesmo ano, líderes da comunidade voltaram a denunciar invasões em outra área. Um levantamento do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) aponta que a TI foi a oitava mais invadida em 2021.

O relatório "Conflitos no Campo 2021", da Comissão Pastoral da Terra (CPT), mostra duas ocorrências de conflitos por terras na região, em julho e agosto do ano passado.

Posto da Funai foi abandonado

Por temer a violência dos criminosos, os Karipuna evitam fiscalizar as invasões por conta própria. Por isso, eles têm cobrado das autoridades ações mais enérgicas contra a devastação ilegal em suas terras.

O território foi homologado em 1997, depois de quase vinte anos em processo de demarcação. O problema das invasões nos anos 1980 já tinha sido usado como pelo governo estadual para justificar a redução da área original da TI, inicialmente delimitada nos estudos antropológicos com mais de 190 mil hectares. A cessão de parte das terras, no entanto, não garantiu a segurança dos indígenas.

A situação foi agravada pela construção da Usina Hidroelétrica de Santo Antônio, no Rio Madeira, no início da década passada. Com o apoio do MPF, foram garantidas contrapartidas para compensar os impactos ambientais da obra, mas a grande circulação de pessoas gerada pelo empreendimento tornou o território mais vulnerável aos ataques.

Entre as contrapartidas apresentadas à época, uma base da Funai foi inaugurada em 2016. Nos primeiros meses, o local chegou a ser utilizado pela autarquia, mas foi abandonado durante o governo de Michel Temer. Após a posse de Jair Bolsonaro, o prédio foi alvo de saques e acabou destruído.

Governador deixou indígenas mais vulneráveis

Em 2020, a situação, que já era crítica para os Karipuna, se tornou ainda mais grave quando o governador de Rondônia, o coronel da Polícia Militar Marcos Rocha (União), anunciou a redução de 153 mil hectares da Reserva Extrativista (Resex) Jaci-Paraná. A proposta também limitou para 55 mil hectares a área do Parque Estadual Guajará-Mirim. As duas unidades de conservação são vizinhas à TI.

Quando apresentaram a proposta, Rocha e seu secretário de Desenvolvimento Ambiental, o policial Elias Rezende de Oliveira, afirmaram que centenas de pessoas moram dentro da reserva e criam mais de 120 mil cabeças de gado no local, sem qualquer expectativa de regularização fundiária. O governador anunciou que a medida era a primeira de uma série de decretos para reduzir outras reservas onde há "conflitos sociais e ambientais".

Rocha é um dos governadores mais fiéis a Bolsonaro. Juntos, eles comandam uma política de desmonte ambiental, desrespeito a direitos indígenas e conflitos contra os movimentos sociais do campo, como mostrou o De Olho nos Ruralistas: "Rondônia é laboratório das políticas de extermínio de Bolsonaro".

A redução das áreas de proteção ambiental próximas à terra indígena tirou barreiras naturais que dificultavam o acesso ao território. Também aumentou a expectativa de grileiros de conseguir a regularização de propriedades roubadas dos Karipuna.

https://www.brasildefato.com.br/2022/04/29/povo-karipuna-volta-a-denunciar-invasao-de-seu-territorio-em-rondonia
 

The news items published by the Indigenous Peoples in Brazil site are researched daily from a variety of media outlets and transcribed as presented by their original source. ISA is not responsible for the opinios expressed or errors contained in these texts. Please report any errors in the news items directly to the source