From Indigenous Peoples in Brazil

News

Garimpeiros mudam pontos de exploração e passam a usar novas tecnologias para burlar operações, diz nota técnica

26/01/2024

Fonte: Folha BV - https://www.folhabv.com.br/



Garimpeiros mudam pontos de exploração e passam a usar novas tecnologias para burlar operações, diz nota técnica
As associações indígenas avaliaram a atuação do governo federal após um ano de trabalho de retirada do garimpo

Adriele Lima

26/01/2024

Os garimpeiros teriam mudado de pontos de exploração e passaram a usar novas tecnologias de comunicação para burlar as operações de retirada do garimpo da Terra Indígena Yanomami. É o que diz a nota técnica das associações Hutukara, Wanassedume Ye'kwana (Seduume) e Urihi, lançada nesta sexta-feira (26), em avaliação às ações do governo federal após um ano.

O documento conta com apoio técnico do Instituto Socioambiental (ISA) e Greenpeace. Segundo a nota, o garimpo e o desmatamento apresentaram desaceleração, mas a atividade ilegal ainda está ativa. As denúncias indicam que alguns grupos resistem e utilizam de novas estratégias para operarem na terra indígena.

Entre as estratégias utilizadas, [...] a mudança de alguns centros de distribuição da logística para focos de garimpo situados em território venezuelano (Alto Orinoco, Shimada Ocho, Alto Caura, Santa Elena); Uso de novas tecnologias de comunicação para antecipar operações",
diz a nota.

Os grupos ainda estariam se fragmentando e descentralizando os canteiros de exploração para pontos mais distantes de grandes rios, como Couto Magalhães, Mucajaí e Uraricoera, os mais afetados, além de realizarem as atividades no período noturno.

Garimpo na Venezuela

As associações descrevem que, em julho de 2023, foi identificada a abertura de uma nova pista clandestina na região do Alto Catrimani. A pista, de acordo com a nota, é distante 3 km do limite internacional e a pouco mais de 4 km do garimpo em território venezuelano.

"No país vizinho, nesta zona, também se observou a construção de uma nova pista de pouso de quase 500 m, que era inexistente até março de 2023", afirma o documento. "Segundo informações de terreno, o garimpo ilegal no Alto Orinoco tem se intensificando desde o início das operações em 2023, e parte de sua logística é operada no Brasil, em articulação com o garimpo do Alto Catrimani, Homoxi, Xitei, entre outros", completa.

Garimpo e o sistema de saúde

Ainda conforme a avaliação das associações indígenas, a atividade ilegal ainda inviabiliza "um sistema de saúde que atenda a todas as comunidades e seguem morrendo por doenças tratáveis". As áreas indígenas apresentam, também, baixa cobertura vacinal de crianças.

O perfil de óbitos em 2023 na região foi 21% de doenças infecciosas e parasitárias, 21% doenças do aparelho respiratório e 23% de causas externas, conforme dados da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai). No Xitei, região que possui uma população total de mais de 2 mil pessoas, a vacinação abrangeu apenas 1,8% das crianças de até 1 ano, e 4,2% das crianças de 1 a 4 anos.

Devido ao clima de insegurança e conflito nessas zonas, os profissionais de saúde têm evitado realizar visitas em muitas aldeias, com sérias implicações para a realização de ações fundamentais de atenção básica, como vacinação, busca ativa de malária, pré-natal, etc. Foi exatamente esse mecanismo que ajudou a produzir a crise, que atingiu seu ápice em 2022.
explica o documento.

Recomendações

A nota técnica reforça que a atuação do governo federal não foi suficiente e recomenda outras ações para o enfrentamento da emergência sanitária na TI Yanomami. Uma delas é elaboração de um Plano de Proteção Territorial, que considere bloqueio fluvial e patrulha, cronograma ações de neutralização do garimpo e promoção à saúde, bem como capacitação de indígenas seu envolvimento nas ações de vigilância dos rios.

https://www.folhabv.com.br/cotidiano/meio-ambiente/garimpeiros-mudam-pontos-de-exploracao-e-passam-a-usar-novas-tecnologias-para-burlar-operacoes-diz-nota-tecnica/
 

The news items published by the Indigenous Peoples in Brazil site are researched daily from a variety of media outlets and transcribed as presented by their original source. ISA is not responsible for the opinios expressed or errors contained in these texts. Please report any errors in the news items directly to the source