From Indigenous Peoples in Brazil
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News

O caso do financiamento da propriedade envolvida no Dia do Fogo

16/08/2024

Fonte: Greenpeace - https://www.greenpeace.org




O histórico problemático da Fazenda Santo Expedito é mais um caso para que os bancos tenham ações mais rigorosas para evitar que dinheiro, via crédito rural ou financiamento, seja usado por quem destrói os biomas brasileiros.
Em 10 de agosto, o Dia do Fogo completou cinco anos, deixando um legado de impunidade para os fazendeiros locais supostamente envolvidos na ação criminosa no estado do Pará. Em dois dias, o Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (INPE) detectou 1.457 focos de fogo na região, resultando em um aumento de 1.923% em comparação ao mesmo período no ano anterior. Na época, os proprietários de terra apostaram na destruição da Amazônia para demonstrar apoio ao enfraquecimento da gestão ambiental no país.

Cinco anos mais tarde, o Greenpeace Brasil revisitou as 478 propriedades onde foram identificados focos de fogo, durante os dias 10 e 11 de agosto de 2019, e constatou que essas propriedades seguem com altos índices de desmatamento e queimadas recorrentes. As áreas destruídas pelo desmatamento e o fogo deram espaço para a expansão da agropecuária.

Um outro ponto que chamou atenção também foi que 29 propriedades envolvidas no evento receberam recursos do crédito rural de alguns bancos (Banco da Amazônia, Banco do Brasil, Sicredi e John Deere), totalizando 127 transações e o montante de R$ 201.418.002,16 - sim, aquele crédito composto pelo seu suado dinheirinho, têm sido entregue a gente que desmata e queima as florestas.

A análise de como essas propriedades receberam financiamento e seguem impunes, na maioria dos casos, está disponível neste documento. Abaixo, detalhamos o caso do fazendeiro Marcus Vinicius Carneiro Torres de Paula para mostrar como o nosso dinheiro pode estar relacionado a um modelo produtivo permeado de ilegalidades e impunidade.

Uma das propriedades de Marcus Vinicius que conseguiu financiamento, via crédito rural do Banco do Brasil, está localizada no município de São Félix do Xingu. A "Fazenda Santo Expedito I e II- Lote 16 e 17 Setor E" acumulou um desmatamento de 932,63 hectares entre 2008 e 2021. O empréstimo foi concedido logo após a propriedade ter sido embargada por uso ilegal de fogo.

Em 10 de agosto de 2019 foram registrados quatro focos de calor sobre a propriedade de Marcus Vinicius. As imagens mostram uma porção da propriedade com cinzas proveniente de queima, dias depois há o registro da cicatriz de área queimada.

Cerca de quarenta dias depois do registro da área queimada, o IBAMA embargou a Fazenda Expedito I e II com multa associada pelo uso ilegal de fogo;
Um dia após o embargo, recebeu uma outra multa por infração à flora. Juntas, elas somam R$ 932.580 mil reais;
Já em 2020, o fazendeiro recebeu outro embargo emitido pela SEMAS/PA por desmatamento ilegal de 260 hectares na mesma fazenda.
O Banco do Brasil concedeu dois empréstimos à propriedade, sendo que o primeiro foi onze dias depois do embargo do IBAMA com a finalidade de investimento para pastagem e o segundo, pouco antes do registro de embargo estadual registrado na SEMAS/PA, para a aquisição e manutenção de animais. Juntos, os empréstimos somam mais de R$ 1.500.000,00 de reais.

Além disso, a fazenda em questão comercializou gado indiretamente com a JBS. Dados de movimentação de gado registrados entre janeiro de 2020 e julho de 2023, demonstram um fluxo de animais que se iniciava na Fazenda Santo Expedito I e II rumo à Fazenda Santa Terezinha, cujo proprietário também é Marcus Vinicius e, através dela, comercializou com a JBS. Ao contrário da Fazenda Santo Expedito, que acumula problemas ambientais, a Fazenda Santa Terezinha está em conformidade e pode estar sendo utilizada para a lavagem de gado. Essa prática ocorre quando o fazendeiro transporta o gado criado em uma área irregular para uma área regular, conseguindo driblar as regras de fiscalização ambiental para vender o gado a frigoríficos, entre eles a JBS.

https://www.greenpeace.org/brasil/blog/o-caso-do-financiamento-da-propriedade-envolvida-no-dia-do-fogo/
 

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