From Indigenous Peoples in Brazil

News

Diretores de Jundiaí conquistam prêmio na China com documentário sobre mulheres indígenas brasileiras

29/07/2025

Autor: Fabrício Rocha

Fonte: G1 - https://g1.globo.com/



Diretores de Jundiaí conquistam prêmio na China com documentário sobre mulheres indígenas brasileiras
Curta 'Ava Kuña, Aty Kuña: mulher indígena, mulher política' revela a resistência cultural das mulheres indígenas brasileiras da etnia Guarani-Kaiowá, um dos maiores grupos dos povos originários do Brasil.

O documentário "Ava Kuña, Aty Kuña: mulher indígena, mulher política", da produtora Z&S Filmes, de Jundiaí (SP), conquistou o Silver Award no SmallRig Awards, festival chinês dedicado a obras audiovisuais com temas sociais. O curta retrata a resistência cultural e política das mulheres indígenas brasileiras, com foco na etnia Guarani Kaiowá.

O g1 conversou com a equipe do filme, construído de forma coletiva e com forte participação indígena. A direção é de Guilherme Sai e Julia Zulian, com roteiro da pesquisadora e roteirista indígena Yvoty Rendyju.

Guilherme conta que conheceu Fabiane Medine Yvotu Rendyju durante o Festival Delas, realizado em Jundiaí (SP). E, segundo ele, foi a partir dessa troca de vivências e saberes que surgiu a ideia para a construção do curta-metragem, que documenta a Kuñangue Aty Guasu, a Grande Assembleia de Mulheres Guarani Kaiowá, entrelaçando as percepções, emoções e narrativas de duas mulheres: uma branca e uma indígena.


"Percebemos uma afinidade estética e ética. Aquela experiência nos uniu e plantou a semente para desenvolvermos trabalhos em conjunto", conta Guilherme.


O diretor conta que a produtora tem outras quatro obras em colaboração com lideranças indígenas. São elas: "Respeita Nossa História", "Vermelho Urucum", "Preto Jenipapo", além do inédito "Yvoty Mbarete", atualmente em produção.

"Ava Kuña, Aty Kuña: mulher indígena, mulher política" foi premiado em festivais ImagineNATIVE (Canadá) e Latino & Native American Film Festival (EUA). A obra também foi exibida no Festival de Cinema Indígena de Barcelona. Para Guilherme, o reconhecimento reforça a importância das histórias e memórias dos povos indígenas.


"É uma vitória simbólica contra o apagamento. A força política, estética e poética dessas histórias atravessa fronteiras. Estarmos em júris com vencedores do Oscar, Grammy e obras exibidas em Berlim e Sundance nos mostra que estamos no caminho certo", afirma.
Segundo os diretores, a construção coletiva entre a produtora e os povos Guarani Kaiowá foi um diferencial. "O filme foi construído em diálogo constante nas aldeias, seguindo o ritmo comunitário. A técnica se coloca a serviço das pessoas. A câmera dialoga com a oralidade, com os sons do cotidiano e com a subjetividade dos encontros", diz Guilherme.

Para Julia, o processo também exigiu preparo emocional e escuta ativa. "Construímos tudo horizontalmente, garantindo que cada decisão fosse tomada em conjunto. O cinema é um campo de tensões políticas, espirituais e comunitárias", explica.


Cinema como ritual de cura
Julia define o cinema como um "ritual de cura" quando realizado em diálogo com os saberes indígenas. "Esse processo cria um espaço onde memórias dolorosas podem ser revisitadas e a resistência se manifesta. O cinema, assim, preserva e revitaliza expressões culturais profundas", diz.

Para Yvoty Rendyju, assumir o papel de roteirista e cocriadora foi uma virada pessoal e profissional. Ela encontrou no cinema um novo caminho para recomeçar. "No começo eu não conhecia nada de roteiro. Aprendi com a equipe, com leituras e longas conversas. Me inspirei em obras como 'As Vinhas da Ira', e pedi que o filme conversasse com as cores da terra e os céus do território", relata.

"Foi uma cura. Eu renasci. O cinema me libertou e me devolveu uma profissão digna. Me vi como liderança, influenciadora, uma agente ativa", afirma.

Fabiane Medine Yvotu Rendyju acredita que o cinema é uma ferramenta poderosa de resistência e afirmação da identidade. "A estética do cinema favorece a percepção da magnitude da identidade indígena e deixa aparecer a poética que foi apagada pelo estigma", conta.

Hoje, como roteirista e pesquisadora, ela se vê mais consciente de sua potência política: "A experiência me deu visão do que eu estava fazendo. Me deu força para reestruturar uma identidade mais genuína e maravilhosa da nossa existência cosmológica, social e política", explica Fabiane.

https://g1.globo.com/sp/sorocaba-jundiai/noticia/2025/07/19/diretores-de-jundiai-conquistam-premio-na-china-com-documentario-sobre-mulheres-indigenas-brasileiras.ghtml
 

The news items published by the Indigenous Peoples in Brazil site are researched daily from a variety of media outlets and transcribed as presented by their original source. ISA is not responsible for the opinios expressed or errors contained in these texts. Please report any errors in the news items directly to the source