From Indigenous Peoples in Brazil
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Documentários dirigidos por indígenas e servidores da Funai foram destaque durante o Congresso de Agroecologia na Bahia

21/10/2025

Fonte: Funai - https://www.gov.br



Dois documentários dirigidos e produzidos por indígenas do Acre e servidores da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) foram homenageados e exibidos na tela do Centro Cultural João Gilberto nos dias 16 e 17 de outubro, em Juazeiro (BA). A homenagem ocorreu durante o 3o Festival Internacional de Cinema Agroecológico (Ficaeco), como parte da programação do 13o Congresso Brasileiro de Agroecologia (CBA). Resultado de uma parceria entre a Funai, por meio do Museu Nacional dos Povos Indígenas (MNPI), e os povos Huni Kui e Madiha Kulina, os filmes de longa-metragem destacam a importância dos rituais, dos plantios e da diversidade da alimentação tradicional indígena.

Os documentários homenageados no evento foram "Katxa nawa: cantar para o crescer das plantas", do povo indígena Huni Kui~, e "Nosso alimento, nosso jeito de viver Madiha", do povo Madiha Kulina, da Terra Indígena Alto Rio Purus, do Acre. Ambos os filmes também foram pré-exibidos na Terra Indígena Alto Rio Purus e na Coordenação Regional (CR) da Funai em Alto Purus. As próximas exibições estão previstas para serem veiculadas no Museu, no Rio de Janeiro (RJ), na Conferência das Partes (COP 30), que acontecerá em Belém (PA), e na cidade de Rio Branco (AC), todas com datas a serem confirmadas.

Os diretores dos filmes estiveram presentes no evento e ainda receberam estatuetas como homenagem pelas produções.

Jorge Naxima Huni Kui~, um dos diretores e representante do povo Huni Kui~, explicou que o documentário foi pensado e produzido para mostrar a luta dos Agentes Agroflorestais Indígenas para manter suas sementes originárias e suas festas tradicionais que fortalecem a fertilidade dos plantios e o manejo da agrobiodiversidade realizada pelos indígenas. "Plantar e colher nossos alimentos é também um cuidado com nossa terra e com nosso território", complementou.

Para Francisco Kulina, um dos diretores e representante do povo Madiha Kulina, ser homenageado no Festival Internacional de Cinema Agroecológico contribui para garantir maior visibilidade para o seu povo.

"Esse documentário mostra a nossa cultura que é muito forte para nós, que é a festa tradicional Ahie. Estamos muito felizes de nos vermos na tela do cinema. Mostramos para o mundo a fartura da nossa alimentação tradicional e a nossa cultura. E esse filme mostra, também, a luta por nossos direitos básicos como educação diferenciada e acesso à água tratada de qualidade para podermos viver bem na nossa terra", afirmou Francisco.

Os documentários são resultado de projetos culturais fomentados pela Funai, por meio do Museu Nacional dos Povos Indígenas, da CR Alto Purus e da Coordenação da Frente de Proteção Etnoambiental (CFPE) Envira. A CFPE é uma unidade da Funai especializada na promoção e proteção dos direitos dos povos indígenas isolados e de recente contato na região das cabeceiras dos rios Envira, Tarauacá e Jordão, no Acre, na vigilância, fiscalização e monitoramento dessas terras para evitar invasões e garantir a proteção territorial e cultural desses grupos. Os projetos culturais buscam o fortalecimento de iniciativas de produções indígenas, que contribuem na gestão ambiental, na agroecologia e até mesmo no apoio aos processos educativos.

Thayná Ferraz, especialista em indigenismo da Funai, uma das diretoras dos filmes e coordenadora do projeto que resultou nas duas produções, conta que o objetivo foi fortalecer e valorizar os temas da alimentação tradicional, dos plantios e das culturas indígenas.

"Os documentários mostram como o roçado e o manejo da agrobiodiversidade realizado de forma milenar pelos povos indígenas estão intimamente ligados aos seus modos de vida, às suas cosmologias e formas de ver o mundo, às memórias de cada povo e aos seus projetos de futuro. Uma das nossas motivações foi também mostrar o orgulho que eles têm em relação aos seus alimentos tradicionais, pela diversidade de alimentos, os jeitos de preparar as comidas e a diversidade de plantas e pessoas envolvidas nos rituais", explicou Thayná.

Estatueta Ana Primavesi

Além das homenagens aos diretores dos filmes, outro momento importante do Festival foi a entrega da Estatueta Ana Primavesi, que é um reconhecimento para pessoas e instituições que colaboram com o audiovisual no Brasil.

Entre os homenageados estava a ex-diretora do Museu Nacional dos Povos Indígenas e atual servidora da CR de Cuiabá, Fernanda Kaingáng, indígena do povo Kaingang. "Essas produções trazem a beleza das nossas narrativas, histórias, cantos e danças indígenas. Ter esses coletivos indígenas apresentando as suas produções, com audiovisual filmado e narrado em primeira pessoa, é um orgulho e são as boas iniciativas do nosso país. E deixa claro que somos capazes de produzir agroecologia e produções audiovisuais", afirmou Fernanda.

Katxa nawa

O documentário "Katxa nawa: cantar para o crescer das plantas - Katxanawairan nukun yunu xarabu ewawa katsi itiki" tem 72 minutos e foi dirigido por Jorge Naxima Huni Kui~, Maria de Fátima Pai Huni Kui~, Thayná Ferraz, Alice Riff e ainda com co-direção de Els Lagrou.

As gravações foram realizadas na aldeia Huni Kui~ Mae Shane Kayta, também conhecida como Nova Fronteira, da Terra Indígena Alto Rio Purus, no Acre, que retrata a produção e a realização de uma festa tradicional, localizado no estado. O filme traz ainda a preocupação com a diminuição dos tipos e variedades de espécies plantadas nos roçados de suas aldeias, onde o Agente Agroflorestal Indígena Jorge Naxima mostra a vitalidade e fertilidade dos plantios e da caça, além da cultura do povo Huni Kui~.

O povo Huni Kui é falante da língua Pano e originário da Amazônia, na fronteira entre o Brasil e o Peru. No Brasil está localizado no estado do Acre. "Huni" significa "gente" e "kui" "verdadeiro".

Madiha Kulina

O documentário "Nosso alimento, nosso jeito de viver Madiha - Ikha zamatapa, ikha madie, ikha wima naharo" foi dirigido por Francisco Kulina, Daima Kulina, Thayná Ferraz, Alice Riff com co-direção de Genoveva Amorim e Felipe Cerqueira.

As gravações aconteceram na Terra Indígena Alto Rio Purus e retratou a produção e a realização da festa tradicional Ahie do povo Madiha-Kulina, que também vive no Acre, os quais são conhecidos pela força de seus cantos e seus amplos conhecimentos xamânicos. O documentário de 75 minutos traz uma mensagem de resistência por manterem sua cultura, seus plantios, além de mostrar a relação deles com a floresta e com a alimentação tradicional.

Os Madiha-Kulina são um povo indígena pertencente à família linguística Arawá, localizados nos estados do Acre (Alto Rio Purus e rio Envira) e Amazonas (médio e baixo rio Juruá). A autodenominação do grupo é "Madiha", que significa "os que são gente".

MNPI

O Museu Nacional dos Povos Indígenas, localizado no Rio de Janeiro, é o órgão científico-cultural da Funai e tem como atribuição a preservação e divulgação do patrimônio cultural dos povos indígenas no Brasil. Criado pelo antropólogo Darcy Ribeiro em 1953, o Museu possui um amplo acervo que inclui bens culturais, arquivísticos, museológicos e bibliográficos.

Em agosto de 2025 o órgão teve seu nome alterado de "Museu do Índio" para Museu Nacional dos Povos Indígenas para valorizar a diversidade cultural e linguística dos povos indígenas do Brasil. Sua primeira proposta de Plano Museológico construída com escuta e participação indígena, marcando um progressivo aumento da governança indígena sobre as ações do Museu. Em outubro deste ano, a liderança indígena Juliana Tupinambá entrou em exercício como nova diretora do Museu.

Ficaeco

O Festival Internacional de Cinema Agroecológico chegou à sua terceira edição e exibe obras audiovisuais que abordam a agroecologia, a sustentabilidade, a soberania alimentar, a importância dos povos e comunidades tradicionais e questões ambientais. Inclui a exibição de filmes, além de rodas de conversa que aprofundam os debates sobre os temas abordados.

O festival faz parte da programação do Congresso Brasileiro de Agroecologia.

CBA

O Congresso Brasileiro de Agroecologia é realizado a cada dois anos desde 2003, tendo como organização a Associação Brasileira de Agroecologia (ABA-Agroecologia). É um espaço acadêmico e político de referência sobre agroecologia no Brasil e na América Latina, com ambientes de diálogo e exposições.

Pela primeira vez no Semiárido nordestino, o 13o CBA reflete em especial como os territórios são importantes em meio às mudanças climáticas, sendo espaços pedagógicos.

https://www.gov.br/funai/pt-br/assuntos/noticias/2025/documentarios-dirigidos-por-indigenas-e-servidores-da-funai-foram-destaque-durante-o-congresso-de-agroecologia-na-bahia
 

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