From Indigenous Peoples in Brazil
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A restauração de biomas é um bom negócio
30/09/2025
Autor: CARVALHO, Ilona Szabó
Fonte: FSP - https://www1.folha.uol.com.br/
A restauração de biomas é um bom negócio
Brasil tem condições de dar escala a setor fundamental da nova economia da natureza
Plataforma já avalia novos instrumentos de finanças para o clima e o ambiente
30/09/2025
Ilona Szabó de Carvalho
Presidente do Instituto Igarapé, membro do Conselho de Alto Nível sobre Multilateralismo Eficaz, do Secretário-Geral. da ONU, e mestre em estudos internacionais pela Universidade de Uppsala (Suécia)
Uma questão costuma surgir quando se fala em soluções baseadas na natureza: como dar escala a empreendimentos que respeitam os ecossistemas para criar, de fato, um novo setor econômico inclusivo que contribua para as metas climáticas e de biodiversidade do Brasil?
Se considerarmos somente a Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC, em inglês) -ou seja, as metas dos países para limitar o aumento da temperatura média do planeta em até 1,5oC-, o Brasil leva para a COP30 a responsabilidade de zerar o desmatamento e restaurar 12 milhões de hectares de vegetação nativa, ambos até 2030.
Não é uma escolha aleatória a ênfase no restauro de biomas. Trata-se, hoje, da solução mais escalável de captura de carbono, capaz de gerar benefícios de mitigação e adaptação às mudanças climáticas e impactos sociais positivos.
Mas, para responder à pergunta lá de cima, é necessário coordenar políticas de redução de riscos territoriais, regulatórios e financeiros.
O país tem iniciativas promissoras de comando e controle no combate ao desmatamento, que privilegiam os municípios mais afetados com políticas fundiárias e para a governança local. O Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm), por exemplo, em sua quinta fase, prioriza o combate ao desmatamento ilegal e a promoção de um modelo de desenvolvimento sustentável que valorize a floresta em pé e gere empregos e renda.
A floresta em pé envolve não só a preservação mas a recuperação dos ecossistemas. Daí a importância de o PPCDAm, e planos análogos para os outros biomas, se direcionar também para o restauro, compartilhando riscos territoriais, de segurança e incêndios, por exemplo, com implementadores, e trazendo permanência para os projetos em execução.
Para isso, os planos de redução de desmatamento podem ser coordenados com outras iniciativas do Ministério do Meio Ambiente, como a metodologia em desenvolvimento para selecionar territórios prioritários de restauração no Brasil.
A proposta, inovadora na inclusão de variáveis de mercado e na construção participativa entre governo, empresas e sociedade civil, tem o objetivo de atrair investimentos privados e agentes financeiros para locais que atendam aos seus critérios. E o mercado já tem dado sinais positivos. A Coalizão Brasil para o Financiamento da Restauração e da Bioeconomia (BRB), por exemplo, reúne diversas empresas e instituições do setor privado com a meta de mobilizar investimentos em reflorestamento de US$ 10 bilhões até 2030.
O passo adiante é articular os planos públicos, os investidores e os implementadores privados -start-ups de restauro ecológico e produtivo com alta integridade- que atuam nas áreas prioritárias com a Plataforma Brasil de Investimentos Climáticos e para a Transformação Ecológica (BIP), lançada pelo governo na COP passada.
Com a participação de instituições nacionais e internacionais, e a perspectiva de atrair mais de US$ 20 bilhões, a BIP já está articulada com parceiros multilaterais, como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que oferece proteção cambial, testando novos instrumentos de finanças para o clima e a natureza.
Ao acoplar as metas públicas de restauro aos planos de comando e controle, às plataformas de investimento, à alavancagem de recursos públicos e privados e aos instrumentos financeiros que valorizam a natureza, conseguiremos tirar do papel um setor econômico vencedor, integrado não só às metas de clima como de biodiversidade, do país e do mundo.
Esse é o maior diferencial da nova economia da natureza, à qual o Brasil tem tudo para dar escala.
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/ilona-szabo/2025/09/a-restauracao-de-biomas-e-um-bom-negocio.shtml
Brasil tem condições de dar escala a setor fundamental da nova economia da natureza
Plataforma já avalia novos instrumentos de finanças para o clima e o ambiente
30/09/2025
Ilona Szabó de Carvalho
Presidente do Instituto Igarapé, membro do Conselho de Alto Nível sobre Multilateralismo Eficaz, do Secretário-Geral. da ONU, e mestre em estudos internacionais pela Universidade de Uppsala (Suécia)
Uma questão costuma surgir quando se fala em soluções baseadas na natureza: como dar escala a empreendimentos que respeitam os ecossistemas para criar, de fato, um novo setor econômico inclusivo que contribua para as metas climáticas e de biodiversidade do Brasil?
Se considerarmos somente a Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC, em inglês) -ou seja, as metas dos países para limitar o aumento da temperatura média do planeta em até 1,5oC-, o Brasil leva para a COP30 a responsabilidade de zerar o desmatamento e restaurar 12 milhões de hectares de vegetação nativa, ambos até 2030.
Não é uma escolha aleatória a ênfase no restauro de biomas. Trata-se, hoje, da solução mais escalável de captura de carbono, capaz de gerar benefícios de mitigação e adaptação às mudanças climáticas e impactos sociais positivos.
Mas, para responder à pergunta lá de cima, é necessário coordenar políticas de redução de riscos territoriais, regulatórios e financeiros.
O país tem iniciativas promissoras de comando e controle no combate ao desmatamento, que privilegiam os municípios mais afetados com políticas fundiárias e para a governança local. O Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm), por exemplo, em sua quinta fase, prioriza o combate ao desmatamento ilegal e a promoção de um modelo de desenvolvimento sustentável que valorize a floresta em pé e gere empregos e renda.
A floresta em pé envolve não só a preservação mas a recuperação dos ecossistemas. Daí a importância de o PPCDAm, e planos análogos para os outros biomas, se direcionar também para o restauro, compartilhando riscos territoriais, de segurança e incêndios, por exemplo, com implementadores, e trazendo permanência para os projetos em execução.
Para isso, os planos de redução de desmatamento podem ser coordenados com outras iniciativas do Ministério do Meio Ambiente, como a metodologia em desenvolvimento para selecionar territórios prioritários de restauração no Brasil.
A proposta, inovadora na inclusão de variáveis de mercado e na construção participativa entre governo, empresas e sociedade civil, tem o objetivo de atrair investimentos privados e agentes financeiros para locais que atendam aos seus critérios. E o mercado já tem dado sinais positivos. A Coalizão Brasil para o Financiamento da Restauração e da Bioeconomia (BRB), por exemplo, reúne diversas empresas e instituições do setor privado com a meta de mobilizar investimentos em reflorestamento de US$ 10 bilhões até 2030.
O passo adiante é articular os planos públicos, os investidores e os implementadores privados -start-ups de restauro ecológico e produtivo com alta integridade- que atuam nas áreas prioritárias com a Plataforma Brasil de Investimentos Climáticos e para a Transformação Ecológica (BIP), lançada pelo governo na COP passada.
Com a participação de instituições nacionais e internacionais, e a perspectiva de atrair mais de US$ 20 bilhões, a BIP já está articulada com parceiros multilaterais, como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que oferece proteção cambial, testando novos instrumentos de finanças para o clima e a natureza.
Ao acoplar as metas públicas de restauro aos planos de comando e controle, às plataformas de investimento, à alavancagem de recursos públicos e privados e aos instrumentos financeiros que valorizam a natureza, conseguiremos tirar do papel um setor econômico vencedor, integrado não só às metas de clima como de biodiversidade, do país e do mundo.
Esse é o maior diferencial da nova economia da natureza, à qual o Brasil tem tudo para dar escala.
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/ilona-szabo/2025/09/a-restauracao-de-biomas-e-um-bom-negocio.shtml
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