From Indigenous Peoples in Brazil
News
Um manual da comemoração consciente da taxa de desmatamento
30/10/2025
Autor: Carolina Dantas
Fonte: InfoAmazonia - https://infoamazonia.org
Nesta quinta-feira (30), saiu o novo dado do Prodes, que traz a taxa anual de desmatamento da Amazônia. É a terceira menor área desmatada da história, uma queda de 11% em relação ao ano anterior. Como jornalista, no entanto, é minha função explicar que nem tudo são flores. Ou melhor: mais de 5 mil km² ainda é muito desmate e ainda tem uma indústria do petróleo com licença para avançar.
Caro leitor da InfoAmazonia, se você vivenciou os anos de boiada, com mais de 10 mil km² anuais de desmatamento na Amazônia e a criação de inovações crueis como o "Dia do Fogo", é seu direito comemorar nesta quinta-feira (30) a terceira menor taxa de desmatamento desde 1988.
O governo federal divulgou a nova taxa do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que traz a contabilização oficial anual da região. Foram 5,8 mil km² de área desmatada entre agosto de 2024 a julho de 2025, contra os 6,5 km² no mesmo período anterior, entre 2023 e 2024. Uma queda de 11%.
É a terceira menor taxa da série histórica, perdendo apenas para os anos de 2012 (4,5 mil km²) e 2014 (5 mil km²). Não vou ser chata de galocha e ficar só falando do que ainda pode melhorar; também quero comemorar junto. Isso é resultado de uma mudança estrutural no governo, com a retomada das ações do Ministério do Meio Ambiente, do Ibama, novas ações de desintrusão em terras indígenas, a criação histórica de um Ministério dos Povos Indígenas, entre outras medidas que com certeza fortaleceram a proteção da floresta.
Mas como bem se posicionou Marcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima hoje, o governo dá com "uma mão e tira com a outra". O título dessa coluna é "um manual da comemoração consciente da taxa de desmatamento" para o leitor não virar um eleitor cego, como tantos por aí. Por isso, pode abrir a latinha de cerveja, mas ainda assim:
Os 5,8 mil km² estão mais próximos do desmatamento zero do que os 13 mil km² registrados no governo Bolsonaro, mas ainda muito distantes dessa meta. O Brasil continua sendo o maior emissor de gases de efeito estufa da América Latina por causa do desmatamento. São quase quatro cidades de São Paulo em apenas um ano.
Enquanto reduz o desmatamento, o governo federal libera a exploração de petróleo na bacia da Foz do Amazonas. Não há como defender, em plena era de emergência climática, mais emissões por gases de efeito estufa. Ou seja: se o Brasil reduz um pouco por desmatamento, passa a contribuir de outra forma.
Apesar da redução do desmatamento, a eliminação parcial e gradual da vegetação da Amazônia - processo conhecido como degradação - disparou em 2024, com alta de 597% em relação ao ano anterior. Mais de 36 mil km² de floresta foram impactados, principalmente pelo fogo, contra 3,7 mil km² em 2023, segundo o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). O tema, no entanto, não vem sendo divulgado nem analisado com a seriedade que o caso exige do governo federal.
Por último, mas não menos importante, o governo subiu a rampa ao lado do cacique Raoni e gerou expectativa quanto à retomada das demarcações de Terras Indígenas. Está comprovado que as áreas protegidas são fundamentais para conservar a floresta. Espero que, em 2026, Lula assine as demarcações que ainda faltam, uma medida concreta para ampliar os resultados alcançados neste ano.
https://infoamazonia.org/2025/10/30/um-manual-da-comemoracao-consciente-da-taxa-de-desmatamento/
Caro leitor da InfoAmazonia, se você vivenciou os anos de boiada, com mais de 10 mil km² anuais de desmatamento na Amazônia e a criação de inovações crueis como o "Dia do Fogo", é seu direito comemorar nesta quinta-feira (30) a terceira menor taxa de desmatamento desde 1988.
O governo federal divulgou a nova taxa do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que traz a contabilização oficial anual da região. Foram 5,8 mil km² de área desmatada entre agosto de 2024 a julho de 2025, contra os 6,5 km² no mesmo período anterior, entre 2023 e 2024. Uma queda de 11%.
É a terceira menor taxa da série histórica, perdendo apenas para os anos de 2012 (4,5 mil km²) e 2014 (5 mil km²). Não vou ser chata de galocha e ficar só falando do que ainda pode melhorar; também quero comemorar junto. Isso é resultado de uma mudança estrutural no governo, com a retomada das ações do Ministério do Meio Ambiente, do Ibama, novas ações de desintrusão em terras indígenas, a criação histórica de um Ministério dos Povos Indígenas, entre outras medidas que com certeza fortaleceram a proteção da floresta.
Mas como bem se posicionou Marcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima hoje, o governo dá com "uma mão e tira com a outra". O título dessa coluna é "um manual da comemoração consciente da taxa de desmatamento" para o leitor não virar um eleitor cego, como tantos por aí. Por isso, pode abrir a latinha de cerveja, mas ainda assim:
Os 5,8 mil km² estão mais próximos do desmatamento zero do que os 13 mil km² registrados no governo Bolsonaro, mas ainda muito distantes dessa meta. O Brasil continua sendo o maior emissor de gases de efeito estufa da América Latina por causa do desmatamento. São quase quatro cidades de São Paulo em apenas um ano.
Enquanto reduz o desmatamento, o governo federal libera a exploração de petróleo na bacia da Foz do Amazonas. Não há como defender, em plena era de emergência climática, mais emissões por gases de efeito estufa. Ou seja: se o Brasil reduz um pouco por desmatamento, passa a contribuir de outra forma.
Apesar da redução do desmatamento, a eliminação parcial e gradual da vegetação da Amazônia - processo conhecido como degradação - disparou em 2024, com alta de 597% em relação ao ano anterior. Mais de 36 mil km² de floresta foram impactados, principalmente pelo fogo, contra 3,7 mil km² em 2023, segundo o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). O tema, no entanto, não vem sendo divulgado nem analisado com a seriedade que o caso exige do governo federal.
Por último, mas não menos importante, o governo subiu a rampa ao lado do cacique Raoni e gerou expectativa quanto à retomada das demarcações de Terras Indígenas. Está comprovado que as áreas protegidas são fundamentais para conservar a floresta. Espero que, em 2026, Lula assine as demarcações que ainda faltam, uma medida concreta para ampliar os resultados alcançados neste ano.
https://infoamazonia.org/2025/10/30/um-manual-da-comemoracao-consciente-da-taxa-de-desmatamento/
The news items published by the Indigenous Peoples in Brazil site are researched daily from a variety of media outlets and transcribed as presented by their original source. ISA is not responsible for the opinios expressed or errors contained in these texts. Please report any errors in the news items directly to the source