From Indigenous Peoples in Brazil
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Noticias
"A resposta somos nós"
13/11/2025
Autor: Tatiana Ferreira Reis
Fonte: O Joio e O Trigo - https://ojoioeotrigo.com.br/2025/11/a-resposta-somos-nos/
"A resposta somos nós"
Dez mil representantes de povos indígenas, quilombolas e outras comunidades realizam protesto e barqueata para chamar a atenção para a necessidade de demarcações e titulações
Tatiana Ferreira Reis
13/11/2025
A primeira semana da COP30 foi marcada pela presença maciça de povos indígenas, quilombolas, agroextrativistas, ribeirinhos e representantes de outros territórios tradicionais em Belém. Eles estão nas áreas oficiais da conferência e, principalmente, nos espaços paralelos organizados para amplificar as diversas vozes que não têm acesso às negociações climáticas.
Segundo estimativa da Cúpula dos Povos, pelo menos dez mil representantes de territórios tradicionais estão na capital paraense para exigir direitos e denunciar os impactos das mudanças climáticas. A cúpula teve início no dia 12 de novembro com uma barqueata, uma manifestação que reuniu cerca de 200 barcos, lanchas e rabetas na Baía do Guajará exigindo justiça climática. É a primeira vez que esse tipo de manifestação ocorre durante uma COP.
A mobilização dos territórios começou a se delinear há dois anos, quando Belém foi confirmada como sede da COP30, e tomou corpo esta semana com a chegada dos representantes dos povos e comunidades tradicionais em aviões, ônibus e por meio de diversas embarcações que atravessaram rios da Amazônia. A flotilha Yaku Mama, por exemplo, partiu do Equador, e a Caravana da Resposta, coordenada pela Aliança Chega de Soja, trouxe a Belém 300 indígenas, quilombolas, ribeirinhos e ativistas em protesto contra a Ferrogrão e a implementação de hidrovias na Amazônia.
A Ferrogrão é um projeto de ferrovia que pretende conectar Sinop, no Mato Grosso, ao porto de Miritituba, em Itaituba, no Pará, criando um grande corredor de escoamento de soja e outros grãos. O projeto é contestado por pesquisadores, ambientalistas e movimentos populares por implicar em impactos ambientais, como desmatamento em toda a sua extensão, além de graves ameaças aos territórios tradicionais.
Na terça-feira (11), o segundo dia da COP, indígenas e integrantes de organizações políticas driblaram o esquema de segurança da blue zone, a área de negociações climáticas da COP, de acesso restrito, para ocupar o espaço. Imagens do protesto e da atuação dos seguranças do evento foram amplamente divulgadas pela imprensa e nas redes sociais. O Conselho Indígena Tapajós e Arapiuns (Cita) explicou, por meio de nota, que "a ação foi conduzida por povos indígenas de diferentes regiões do país, em articulação com movimentos sociais e teve um objetivo claro: romper o silêncio e exigir participação real nas decisões climáticas que afetam nossos territórios e modos de vida".
O conselho indígena também repudiou "a narrativa sensacionalista que tenta deslegitimar nossa luta ao focar em supostas tensões e confrontos", se referindo à circulação de informações que destacaram a "invasão" do espaço oficial da COP, ao invés de tratarem sobre as denúncias e soluções apontados pelos territórios. O Baixo Tapajós, região de abrangência do Cita, é profundamente afetado pelo agronegócio e pelas grandes infraestruturas voltadas à exportação de commodities, principalmente a soja.
Reivindicações dos povos
As denúncias, reivindicações e propostas comuns aos participantes da Cúpula dos Povos foram reunidas na campanha A resposta somos nós, lançada inicialmente pelos povos indígenas da Amazônia e abraçada por territórios de todo o Brasil. Entre as pautas de destaque estão os direitos territoriais como ação climática, desmatamento zero, fim dos combustíveis fósseis, proteção aos defensores dos territórios e financiamento direto aos povos, sem atuação de intermediários dos governos e organizações não vinculadas aos territórios.
Kleber Karipuna, coordenador executivo da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), conversou com o Joio nos corredores da blue zone, antes da primeira agenda do dia. Para ele, é urgente "arrancar compromisso dos líderes globais sobre demarcação e proteção dos territórios indígenas como enfrentamento à emergência climática". A Apib, a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) e diversas associações correlatas lançaram suas propostas reunidas no documento NDC dos Povos Indígenas do Brasil.
Kleber Karipuna, coordenador executivo da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib). foto: Tatiana Ferreira Reis
As NDCs, ou Contribuições Nacionalmente Determinadas, são metas que cada país define para reduzir suas emissões de gases do efeito estufa. No Brasil, além dos povos indígenas, os quilombolas também lançaram suas NDCs com propostas e metas para combater as mudanças climáticas. A ideia é que elas sejam acatadas pelo governo brasileiro e incluídas na NDC do país.
Segundo Karipuna, assumir a demarcação dos territórios como política climática está entre as metas prioritárias do documento, assim como o financiamento direto aos povos para que possam realizar ações climáticas. "Proteger os territórios indígenas e os de todos os povos não é somente garantir nossas terras, é proteger a humanidade, porque já está comprovado cientificamente pelas instituições de pesquisa que criar mais unidades de conservação, titular território indígena e quilombola, fazer a reforma agrária, são políticas efetivas de enfrentamento a toda essa mudança climática que o mundo enfrenta", enfatiza.
NDCs dos povos indígenas e dos quilombolas. Fotos: Reprodução
De fato, estudos técnicos e acadêmicos têm comprovado a importância dos territórios tradicionais para a preservação ambiental no Brasil. O estudo intitulado As florestas precisam das pessoas, lançado pelo Instituto Socioambiental (ISA) em 2022, aponta que os povos indígenas e tradicionais são responsáveis, juntos, pela proteção de um terço das florestas no Brasil. Nos últimos 35 anos, somente as terras indígenas protegeram 20% do total de florestas nacionais.
Já o estudo Amazônia Quilombola: Ampliando a Cartografia sobre os Quilombos na Amazônia Legal, lançado pelo ISA em 2025, mostra que ainda há um apagamento da contribuição quilombola para o equilíbrio climático e para a conservação da Amazônia devido à falta de regularização. A extensão preservada dos territórios quilombolas mapeados na região chega a 92%, considerando florestas e outras formações de vegetação nativa.
O combate ao racismo ambiental também ganha destaque na NDC dos Quilombos do Brasil, liderada pela Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq). Biko Rodrigues, coordenador nacional da Conaq, observa que "a maioria das pessoas que sofre consequências da crise climática no mundo são pessoas racializadas, seja no Brasil, na Índia ou nos países da África. Toda essa gente enfrenta uma verdadeira disputa racial e está arcando com as piores consequências das mudanças climáticas, ainda que preservem o meio ambiente", enfatiza.
Outro eixo importante da NDC dos Quilombos trata da transição energética. O documento aponta a necessidade de participação ativa das comunidades no processo, garantindo consulta livre, prévia e informada. Conforme a NDC, em 2025, um total de 1.385 processos de mineração incidem sobre 261 territórios quilombolas. "A ironia climática é que 47% desses processos são para minerais estratégicos da transição energética, evidenciando o risco de uma transição injusta. A garantia da Consulta Livre, Prévia e Informada (CLPI), conforme a Convenção 169 da OIT, é crucial para proteger esses territórios", aponta a NDC.
Proteção das mulheres
A titulação dos territórios tradicionais e a efetivação da reforma agrária popular estão entre as reivindicações das quebradeiras de coco babaçu, que estão atuando nas atividades entrelaçadas da Cúpula dos Povos, após a realização de pelo menos sete encontros preparatórios liderados pelo Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB), que reúne Pará, Maranhão, Tocantins e Piauí. O movimento entregou suas propostas ao presidente Lula por meio da Carta da Pré-COP dos Povos e Comunidades Tradicionais. O documento também foi enviado aos diversos ministérios envolvidos nessas temáticas prioritárias.
Indígenas e quilombolas lançaram suas NDCs com propostas e metas para combater as mudanças climáticas. Foto: Amarilis Marisa
Para Maria Alaídes de Souza, quebradeira de coco babaçu do Maranhão e coordenadora do MIQCB, é necessário reforçar a atenção com a proteção das mulheres no contexto das mudanças climáticas e das ameaças aos territórios. "Elas guardam e transmitem os saberes ancestrais, percebem as violações primeiro e sustentam a vida nos territórios. Elas são as primeiras a sentir o impacto da falta de alimentos, do abandono escolar e da saúde precária, mas seguem sendo invisibilizadas e violentadas por um sistema que explora seus territórios", enfatiza.
Na primeira semana da COP, o MIQCB também declarou indignação diante do brutal assassinato das quebradeiras Antônia Ferreira dos Santos e Marly Viana Barroso, ocorrido no último dia 3 de novembro, no Polo Pesqueiro, no município de Novo Repartimento, sudeste do Pará. As duas mulheres saíram para coletar coco babaçu de manhã e foram encontradas sem vida à noite, com sinais de violência brutal e violação.
O MIQCB e diversas organizações de direitos humanos acompanham o caso e exigem rigor nas investigações. Por meio de nota, o movimento informou que se solidariza com as famílias de Antônia e Marly, com a comunidade local e com todas as quebradeiras de coco "que seguem resistindo e lutando pela vida, pelo território e pela justiça. Permaneceremos vigilantes para que este crime não caia no esquecimento".
A nota do MIQCB também enfatiza a situação crítica da área em que ocorreram os assassinatos. "Esses municípios estão no alcance dos impactos de empreendimentos como a Hidrovia Araguaia-Tocantins, com presença de terceiros nas áreas, com instabilidade e vulnerabilidades aumentadas pela incerteza dos impactos, com possibilidades de remoções forçadas. Há ainda a permanência de crimes bárbaros contra mulheres em diferentes contextos e desmatamento e privatização dos babaçuais", conclui. Um suspeito foi preso pela Polícia Civil do Pará no último dia 11 de novembro e as investigações sobre o crime seguem em andamento.
https://ojoioeotrigo.com.br/2025/11/a-resposta-somos-nos/
Dez mil representantes de povos indígenas, quilombolas e outras comunidades realizam protesto e barqueata para chamar a atenção para a necessidade de demarcações e titulações
Tatiana Ferreira Reis
13/11/2025
A primeira semana da COP30 foi marcada pela presença maciça de povos indígenas, quilombolas, agroextrativistas, ribeirinhos e representantes de outros territórios tradicionais em Belém. Eles estão nas áreas oficiais da conferência e, principalmente, nos espaços paralelos organizados para amplificar as diversas vozes que não têm acesso às negociações climáticas.
Segundo estimativa da Cúpula dos Povos, pelo menos dez mil representantes de territórios tradicionais estão na capital paraense para exigir direitos e denunciar os impactos das mudanças climáticas. A cúpula teve início no dia 12 de novembro com uma barqueata, uma manifestação que reuniu cerca de 200 barcos, lanchas e rabetas na Baía do Guajará exigindo justiça climática. É a primeira vez que esse tipo de manifestação ocorre durante uma COP.
A mobilização dos territórios começou a se delinear há dois anos, quando Belém foi confirmada como sede da COP30, e tomou corpo esta semana com a chegada dos representantes dos povos e comunidades tradicionais em aviões, ônibus e por meio de diversas embarcações que atravessaram rios da Amazônia. A flotilha Yaku Mama, por exemplo, partiu do Equador, e a Caravana da Resposta, coordenada pela Aliança Chega de Soja, trouxe a Belém 300 indígenas, quilombolas, ribeirinhos e ativistas em protesto contra a Ferrogrão e a implementação de hidrovias na Amazônia.
A Ferrogrão é um projeto de ferrovia que pretende conectar Sinop, no Mato Grosso, ao porto de Miritituba, em Itaituba, no Pará, criando um grande corredor de escoamento de soja e outros grãos. O projeto é contestado por pesquisadores, ambientalistas e movimentos populares por implicar em impactos ambientais, como desmatamento em toda a sua extensão, além de graves ameaças aos territórios tradicionais.
Na terça-feira (11), o segundo dia da COP, indígenas e integrantes de organizações políticas driblaram o esquema de segurança da blue zone, a área de negociações climáticas da COP, de acesso restrito, para ocupar o espaço. Imagens do protesto e da atuação dos seguranças do evento foram amplamente divulgadas pela imprensa e nas redes sociais. O Conselho Indígena Tapajós e Arapiuns (Cita) explicou, por meio de nota, que "a ação foi conduzida por povos indígenas de diferentes regiões do país, em articulação com movimentos sociais e teve um objetivo claro: romper o silêncio e exigir participação real nas decisões climáticas que afetam nossos territórios e modos de vida".
O conselho indígena também repudiou "a narrativa sensacionalista que tenta deslegitimar nossa luta ao focar em supostas tensões e confrontos", se referindo à circulação de informações que destacaram a "invasão" do espaço oficial da COP, ao invés de tratarem sobre as denúncias e soluções apontados pelos territórios. O Baixo Tapajós, região de abrangência do Cita, é profundamente afetado pelo agronegócio e pelas grandes infraestruturas voltadas à exportação de commodities, principalmente a soja.
Reivindicações dos povos
As denúncias, reivindicações e propostas comuns aos participantes da Cúpula dos Povos foram reunidas na campanha A resposta somos nós, lançada inicialmente pelos povos indígenas da Amazônia e abraçada por territórios de todo o Brasil. Entre as pautas de destaque estão os direitos territoriais como ação climática, desmatamento zero, fim dos combustíveis fósseis, proteção aos defensores dos territórios e financiamento direto aos povos, sem atuação de intermediários dos governos e organizações não vinculadas aos territórios.
Kleber Karipuna, coordenador executivo da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), conversou com o Joio nos corredores da blue zone, antes da primeira agenda do dia. Para ele, é urgente "arrancar compromisso dos líderes globais sobre demarcação e proteção dos territórios indígenas como enfrentamento à emergência climática". A Apib, a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) e diversas associações correlatas lançaram suas propostas reunidas no documento NDC dos Povos Indígenas do Brasil.
Kleber Karipuna, coordenador executivo da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib). foto: Tatiana Ferreira Reis
As NDCs, ou Contribuições Nacionalmente Determinadas, são metas que cada país define para reduzir suas emissões de gases do efeito estufa. No Brasil, além dos povos indígenas, os quilombolas também lançaram suas NDCs com propostas e metas para combater as mudanças climáticas. A ideia é que elas sejam acatadas pelo governo brasileiro e incluídas na NDC do país.
Segundo Karipuna, assumir a demarcação dos territórios como política climática está entre as metas prioritárias do documento, assim como o financiamento direto aos povos para que possam realizar ações climáticas. "Proteger os territórios indígenas e os de todos os povos não é somente garantir nossas terras, é proteger a humanidade, porque já está comprovado cientificamente pelas instituições de pesquisa que criar mais unidades de conservação, titular território indígena e quilombola, fazer a reforma agrária, são políticas efetivas de enfrentamento a toda essa mudança climática que o mundo enfrenta", enfatiza.
NDCs dos povos indígenas e dos quilombolas. Fotos: Reprodução
De fato, estudos técnicos e acadêmicos têm comprovado a importância dos territórios tradicionais para a preservação ambiental no Brasil. O estudo intitulado As florestas precisam das pessoas, lançado pelo Instituto Socioambiental (ISA) em 2022, aponta que os povos indígenas e tradicionais são responsáveis, juntos, pela proteção de um terço das florestas no Brasil. Nos últimos 35 anos, somente as terras indígenas protegeram 20% do total de florestas nacionais.
Já o estudo Amazônia Quilombola: Ampliando a Cartografia sobre os Quilombos na Amazônia Legal, lançado pelo ISA em 2025, mostra que ainda há um apagamento da contribuição quilombola para o equilíbrio climático e para a conservação da Amazônia devido à falta de regularização. A extensão preservada dos territórios quilombolas mapeados na região chega a 92%, considerando florestas e outras formações de vegetação nativa.
O combate ao racismo ambiental também ganha destaque na NDC dos Quilombos do Brasil, liderada pela Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq). Biko Rodrigues, coordenador nacional da Conaq, observa que "a maioria das pessoas que sofre consequências da crise climática no mundo são pessoas racializadas, seja no Brasil, na Índia ou nos países da África. Toda essa gente enfrenta uma verdadeira disputa racial e está arcando com as piores consequências das mudanças climáticas, ainda que preservem o meio ambiente", enfatiza.
Outro eixo importante da NDC dos Quilombos trata da transição energética. O documento aponta a necessidade de participação ativa das comunidades no processo, garantindo consulta livre, prévia e informada. Conforme a NDC, em 2025, um total de 1.385 processos de mineração incidem sobre 261 territórios quilombolas. "A ironia climática é que 47% desses processos são para minerais estratégicos da transição energética, evidenciando o risco de uma transição injusta. A garantia da Consulta Livre, Prévia e Informada (CLPI), conforme a Convenção 169 da OIT, é crucial para proteger esses territórios", aponta a NDC.
Proteção das mulheres
A titulação dos territórios tradicionais e a efetivação da reforma agrária popular estão entre as reivindicações das quebradeiras de coco babaçu, que estão atuando nas atividades entrelaçadas da Cúpula dos Povos, após a realização de pelo menos sete encontros preparatórios liderados pelo Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB), que reúne Pará, Maranhão, Tocantins e Piauí. O movimento entregou suas propostas ao presidente Lula por meio da Carta da Pré-COP dos Povos e Comunidades Tradicionais. O documento também foi enviado aos diversos ministérios envolvidos nessas temáticas prioritárias.
Indígenas e quilombolas lançaram suas NDCs com propostas e metas para combater as mudanças climáticas. Foto: Amarilis Marisa
Para Maria Alaídes de Souza, quebradeira de coco babaçu do Maranhão e coordenadora do MIQCB, é necessário reforçar a atenção com a proteção das mulheres no contexto das mudanças climáticas e das ameaças aos territórios. "Elas guardam e transmitem os saberes ancestrais, percebem as violações primeiro e sustentam a vida nos territórios. Elas são as primeiras a sentir o impacto da falta de alimentos, do abandono escolar e da saúde precária, mas seguem sendo invisibilizadas e violentadas por um sistema que explora seus territórios", enfatiza.
Na primeira semana da COP, o MIQCB também declarou indignação diante do brutal assassinato das quebradeiras Antônia Ferreira dos Santos e Marly Viana Barroso, ocorrido no último dia 3 de novembro, no Polo Pesqueiro, no município de Novo Repartimento, sudeste do Pará. As duas mulheres saíram para coletar coco babaçu de manhã e foram encontradas sem vida à noite, com sinais de violência brutal e violação.
O MIQCB e diversas organizações de direitos humanos acompanham o caso e exigem rigor nas investigações. Por meio de nota, o movimento informou que se solidariza com as famílias de Antônia e Marly, com a comunidade local e com todas as quebradeiras de coco "que seguem resistindo e lutando pela vida, pelo território e pela justiça. Permaneceremos vigilantes para que este crime não caia no esquecimento".
A nota do MIQCB também enfatiza a situação crítica da área em que ocorreram os assassinatos. "Esses municípios estão no alcance dos impactos de empreendimentos como a Hidrovia Araguaia-Tocantins, com presença de terceiros nas áreas, com instabilidade e vulnerabilidades aumentadas pela incerteza dos impactos, com possibilidades de remoções forçadas. Há ainda a permanência de crimes bárbaros contra mulheres em diferentes contextos e desmatamento e privatização dos babaçuais", conclui. Um suspeito foi preso pela Polícia Civil do Pará no último dia 11 de novembro e as investigações sobre o crime seguem em andamento.
https://ojoioeotrigo.com.br/2025/11/a-resposta-somos-nos/
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