From Indigenous Peoples in Brazil
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News
Indígenas venezuelanos Warao estão na COP30
17/11/2025
Autor: Por Giovanny Vera
Fonte: Amazonia Real - https://amazoniareal.com.br
Entre os venezuelanos deslocados para o Brasil há mais de 10 anos, fugindo da falta de alimento e impulsionados por melhores condições de vida, os indígenas Warao estão entre os grupos sociais mais notáveis. Atravessando a fronteira entre Venezuela e Brasil por Roraima, milhares de Warao empreenderam um movimento migratório que avançou sobre vários estados do Brasil, passando por Amazonas e Pará, na região Norte, chegando a áreas do Nordeste e Sudeste. Eles lutam para superar xenofobia e racismo.
Na região metropolitana da capital paraense, onde vivem cerca de 800 indígenas Warao, as lideranças criaram a primeira organização de seu povo, denominada Conselho Warao Ojiduna, que atua em 4 municípios do Pará: Belém, Ananindeua, Benevides e Abaetetuba. Atualmente, segundo dados da ACNUR (Agência da ONU para Refugiados), a população de Warao no Brasil é de 7 mil pessoas, vivendo em todas as regiões.
No último sábado (15), lideranças Warao participaram pela primeira vez de uma edição da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima.
Josefina Jiménez, diretora tesoureira do Conselho Warao Ojiduna, contou em um evento na Zona Verde, que chegou ao Brasil há nove anos e há cinco decidiu morar em Belém, quando começou a se reunir com outros Warao.
No painel "Warao, da Venezuela ao Brasil: Migração e resistência do povo originário amazônico" realizado pela organização Identidade Humana Global, no Círculo dos Povos da Zona Verde, ela lembrou como foi a ideia de criar a organização.
"Inicialmente tínhamos o apoio de alguns, quase de ninguém. E estando sozinhos, a dificuldade do dia a dia era muita, por ter que sofrer xenofobia e maus-tratos", diz Josefina. Em 2022, junto com outros indígenas Warao, as lideranças fundaram o Conselho Warao Ojiduna.
Distante de seu território originário, os Warao ainda lutam por manter sua cultura nas formas possíveis. Um exemplo disso é que cada comunidade Warao tem seu próprio cacique representante no conselho. Jovens, homens, mulheres e idosos também participam do conselho. Assim, eles tentam manter sua organização comunitária.
Em Belém, estar organizados em uma entidade reconhecida oficialmente lhes trouxe várias melhorias nas condições do povo, segundo Josefina. Desde a visibilidade com as instituições locais, como as de saúde, de educação, assim como na relação com as prefeituras e instituições do terceiro setor.
Foi dessa forma, explica Josefina, que conseguiram cursos de português, aulas de artesanato e uso de ferramentas digitais para empreender. "Foi pelo conselho que conseguimos estar aqui na COP30", disse ela.
União dos povos indígenas pelo clima
Norberto Nunes, que atua como comunicador, foi outro painelista do evento. Originário da comunidade Araguabis, em Tucupita, no estado Delta Amacuro, na Venezuela, ele chegou ao Brasil junto à família em 2017, entrando por Pacaraima, em Roraima. Trata-se do principal ponto de entrada de venezuelanos no Brasil, como já informou Amazônia Real em uma série de publicações. Antes de se mudar para a capital paraense, Norberto esteve por um período em Manaus.
Ele contou que a maior motivação para deixar seu território tradicional foi o de conhecer um novo país, novas culturas e progredir, pois a situação estava um pouco difícil na Venezuela.
Norberto afirma que o deslocamento dos Warao para outros países tem a ver com sua característica histórica de serem nômades e de não existirem linhas divisórias para os indígenas.
"Somos um povo indígena e para nós não devem existir as fronteiras. As fronteiras foram inventadas pelos brancos, que não são indígenas", afirmou Norberto Nunes, comunicador Warao
Sobre sua participação na COP30, Norberto afirma que "os povos indígenas do mundo inteiro devem estar unidos no mesmo objetivo de mostrar que há solução para a crise climática".
Após nove anos no Brasil, Norberto diz que encontrou melhores condições para viver e para ficar. Apesar de ter chegado sem documentos e sem conhecer a língua portuguesa, aqui sua família pode iniciar uma vida diferente de sua realidade na Venezuela.
A vinda ao Brasil não foi fácil, mas eles estão aqui "aprendendo uma nova língua, uma nova cultura e também na luta do povo indígena".
"Meus filhos estão estudando, eu estou trabalhando e minha esposa está trabalhando de professora". De acordo com ele, todos os membros da família estão felizes e só querem voltar à Venezuela para visitar.
Outros Warao estão sem apoio
Foi em 2014 que iniciou o grande fluxo de deslocamento de indígenas venezuelanos desde o nordeste da Venezuela para o Brasil, que com a crise econômica e humanitária decidiram buscar novos caminhos.
Segundo o Ministério dos Povos Indígenas do Brasil, até 2024 chegaram ao Brasil cerca de 13 mil indígenas pertencentes às etnias Warao, Pemon Taurepang, E'ñepa, Kariña e Wayuu.
Porta de entrada e lugar de moradia para os venezuelanos no início da migração, Boa Vista continua sendo uma cidade onde há muitos indígenas Warao. Alguns grupos aceitaram viver em abrigos, mas outros preferem autonomia e liberdade. Um grupo específico que criou um espaço próprio em um prédio abandonado está prestes a ser despejado pelo governo de Roraima para que o local seja transformado em um hospital. Até o momento, os moradores da ocupação Yakera Ine, no bairro Pintolândia, ainda não sabem onde vão morar e não possuem apoio para adquirir um novo espaço.
https://amazoniareal.com.br/indigenas-warao-que-migraram-para-o-para-participam-da-cop30/
Na região metropolitana da capital paraense, onde vivem cerca de 800 indígenas Warao, as lideranças criaram a primeira organização de seu povo, denominada Conselho Warao Ojiduna, que atua em 4 municípios do Pará: Belém, Ananindeua, Benevides e Abaetetuba. Atualmente, segundo dados da ACNUR (Agência da ONU para Refugiados), a população de Warao no Brasil é de 7 mil pessoas, vivendo em todas as regiões.
No último sábado (15), lideranças Warao participaram pela primeira vez de uma edição da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima.
Josefina Jiménez, diretora tesoureira do Conselho Warao Ojiduna, contou em um evento na Zona Verde, que chegou ao Brasil há nove anos e há cinco decidiu morar em Belém, quando começou a se reunir com outros Warao.
No painel "Warao, da Venezuela ao Brasil: Migração e resistência do povo originário amazônico" realizado pela organização Identidade Humana Global, no Círculo dos Povos da Zona Verde, ela lembrou como foi a ideia de criar a organização.
"Inicialmente tínhamos o apoio de alguns, quase de ninguém. E estando sozinhos, a dificuldade do dia a dia era muita, por ter que sofrer xenofobia e maus-tratos", diz Josefina. Em 2022, junto com outros indígenas Warao, as lideranças fundaram o Conselho Warao Ojiduna.
Distante de seu território originário, os Warao ainda lutam por manter sua cultura nas formas possíveis. Um exemplo disso é que cada comunidade Warao tem seu próprio cacique representante no conselho. Jovens, homens, mulheres e idosos também participam do conselho. Assim, eles tentam manter sua organização comunitária.
Em Belém, estar organizados em uma entidade reconhecida oficialmente lhes trouxe várias melhorias nas condições do povo, segundo Josefina. Desde a visibilidade com as instituições locais, como as de saúde, de educação, assim como na relação com as prefeituras e instituições do terceiro setor.
Foi dessa forma, explica Josefina, que conseguiram cursos de português, aulas de artesanato e uso de ferramentas digitais para empreender. "Foi pelo conselho que conseguimos estar aqui na COP30", disse ela.
União dos povos indígenas pelo clima
Norberto Nunes, que atua como comunicador, foi outro painelista do evento. Originário da comunidade Araguabis, em Tucupita, no estado Delta Amacuro, na Venezuela, ele chegou ao Brasil junto à família em 2017, entrando por Pacaraima, em Roraima. Trata-se do principal ponto de entrada de venezuelanos no Brasil, como já informou Amazônia Real em uma série de publicações. Antes de se mudar para a capital paraense, Norberto esteve por um período em Manaus.
Ele contou que a maior motivação para deixar seu território tradicional foi o de conhecer um novo país, novas culturas e progredir, pois a situação estava um pouco difícil na Venezuela.
Norberto afirma que o deslocamento dos Warao para outros países tem a ver com sua característica histórica de serem nômades e de não existirem linhas divisórias para os indígenas.
"Somos um povo indígena e para nós não devem existir as fronteiras. As fronteiras foram inventadas pelos brancos, que não são indígenas", afirmou Norberto Nunes, comunicador Warao
Sobre sua participação na COP30, Norberto afirma que "os povos indígenas do mundo inteiro devem estar unidos no mesmo objetivo de mostrar que há solução para a crise climática".
Após nove anos no Brasil, Norberto diz que encontrou melhores condições para viver e para ficar. Apesar de ter chegado sem documentos e sem conhecer a língua portuguesa, aqui sua família pode iniciar uma vida diferente de sua realidade na Venezuela.
A vinda ao Brasil não foi fácil, mas eles estão aqui "aprendendo uma nova língua, uma nova cultura e também na luta do povo indígena".
"Meus filhos estão estudando, eu estou trabalhando e minha esposa está trabalhando de professora". De acordo com ele, todos os membros da família estão felizes e só querem voltar à Venezuela para visitar.
Outros Warao estão sem apoio
Foi em 2014 que iniciou o grande fluxo de deslocamento de indígenas venezuelanos desde o nordeste da Venezuela para o Brasil, que com a crise econômica e humanitária decidiram buscar novos caminhos.
Segundo o Ministério dos Povos Indígenas do Brasil, até 2024 chegaram ao Brasil cerca de 13 mil indígenas pertencentes às etnias Warao, Pemon Taurepang, E'ñepa, Kariña e Wayuu.
Porta de entrada e lugar de moradia para os venezuelanos no início da migração, Boa Vista continua sendo uma cidade onde há muitos indígenas Warao. Alguns grupos aceitaram viver em abrigos, mas outros preferem autonomia e liberdade. Um grupo específico que criou um espaço próprio em um prédio abandonado está prestes a ser despejado pelo governo de Roraima para que o local seja transformado em um hospital. Até o momento, os moradores da ocupação Yakera Ine, no bairro Pintolândia, ainda não sabem onde vão morar e não possuem apoio para adquirir um novo espaço.
https://amazoniareal.com.br/indigenas-warao-que-migraram-para-o-para-participam-da-cop30/
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