From Indigenous Peoples in Brazil
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News
A indiazinha que cativa atenções no centro
12/09/2005
Fonte: OESP, Metrópole, p. C10
A indiazinha que cativa atenções no centro
Kerexu se diverte nas calçadas, enquanto mãe vende artesanato
Gilberto Amendola
Ela não gosta de ser chamada de Ariane. Mas abre um lindo sorriso quando alguém diz seu nome indígena: Kerexu - que em guarani significa lua crescente. Todos os dias, essa indiazinha de 3 anos sai de sua aldeia nas proximidades do Pico do Jaraguá, na zona oeste, e, ao lado da mãe e da irmã de 8 meses, segue para o Largo São Francisco, no centro de São Paulo.
Lá, Kerexu (pronuncia-se cretchu) a juda a mãe a vender peças de artesanato. Os leques, chocalhos e colares espalhados pelo chão, bem em frente da Igreja do Largo São Francisco, não chamam tanta atenção quanto os olhos de jabuticaba da menina, que cativam os pedestres mais atentos.
Kerexu passa o dia correndo pelas calçadas nas imediações da Praça da Sé, sempre arrastando uma boneca pelo braço. Não conversa com estranhos, mas é amiga de todos os vira-latas que circulam por lá. Se chove, gosta de passear de guarda-chuva; se fica entediada, rabisca o corpo com caneta Bic, imitando pinturas indígenas.
Sua mãe, Rosenilda Macena, de 26 anos, é quem conta para os mais curiosos um pouco da história da indiazinha. "Quando ela nasceu, o pajé da minha aldeia disse que ela seria uma menina totalmente imune às doenças. Não é que ela nunca teve nem gripe?", diz. Na aldeia em que mora (sua mãe não sabe dizer o nome, nem da tribo), Kerexu é conhecida por se perder na mata. "Sai de dia e só volta de noite", conta a mãe.
FUTURO
Segundo Rosenilda, a venda de artesanato é uma tradição na aldeia. Há 20 anos, era ela quem acompanhava a mãe até o Largo São Francisco. "Era igualzinha a Kerexu. Eu ficava brincando enquanto minha mãe tentava vender os produtos. Acho que, no futuro, Kerexu vai continuar nossa sina", disse.
A diferença é que a pequena já demonstra outros interesses. Kerexu costuma chorar quando vê outros índios de sua aldeia indo para a escola. "Ela quer estudar. O problema é que ainda é muito nova", diz a mãe.
Rosenilda, Kerexu e Miscelen (a irmã menor) vendem seus artigos por R$ 5,00, mas costumam ganhar mais com a ajuda espontânea de quem passa. "Quando não vendemos nada, Kerexu fica triste, vai embora quietinha", diz a mãe.
Durante o dia, Kerexu e sua irmã menor comem leite e bolacha. O dinheiro que arrecadam no Largo São Francisco serve para cobrir as despesas de casa. "Na aldeia, a gente paga luz e água. Não sobra muito", completa Rosenilda. As roupas que as meninas usam são doadas por pedestres. Vez ou outra, alguém acaba pagando um "almoço diferente" para o trio.
OESP, 12/09/2005, Metrópole, p. C10.
Kerexu se diverte nas calçadas, enquanto mãe vende artesanato
Gilberto Amendola
Ela não gosta de ser chamada de Ariane. Mas abre um lindo sorriso quando alguém diz seu nome indígena: Kerexu - que em guarani significa lua crescente. Todos os dias, essa indiazinha de 3 anos sai de sua aldeia nas proximidades do Pico do Jaraguá, na zona oeste, e, ao lado da mãe e da irmã de 8 meses, segue para o Largo São Francisco, no centro de São Paulo.
Lá, Kerexu (pronuncia-se cretchu) a juda a mãe a vender peças de artesanato. Os leques, chocalhos e colares espalhados pelo chão, bem em frente da Igreja do Largo São Francisco, não chamam tanta atenção quanto os olhos de jabuticaba da menina, que cativam os pedestres mais atentos.
Kerexu passa o dia correndo pelas calçadas nas imediações da Praça da Sé, sempre arrastando uma boneca pelo braço. Não conversa com estranhos, mas é amiga de todos os vira-latas que circulam por lá. Se chove, gosta de passear de guarda-chuva; se fica entediada, rabisca o corpo com caneta Bic, imitando pinturas indígenas.
Sua mãe, Rosenilda Macena, de 26 anos, é quem conta para os mais curiosos um pouco da história da indiazinha. "Quando ela nasceu, o pajé da minha aldeia disse que ela seria uma menina totalmente imune às doenças. Não é que ela nunca teve nem gripe?", diz. Na aldeia em que mora (sua mãe não sabe dizer o nome, nem da tribo), Kerexu é conhecida por se perder na mata. "Sai de dia e só volta de noite", conta a mãe.
FUTURO
Segundo Rosenilda, a venda de artesanato é uma tradição na aldeia. Há 20 anos, era ela quem acompanhava a mãe até o Largo São Francisco. "Era igualzinha a Kerexu. Eu ficava brincando enquanto minha mãe tentava vender os produtos. Acho que, no futuro, Kerexu vai continuar nossa sina", disse.
A diferença é que a pequena já demonstra outros interesses. Kerexu costuma chorar quando vê outros índios de sua aldeia indo para a escola. "Ela quer estudar. O problema é que ainda é muito nova", diz a mãe.
Rosenilda, Kerexu e Miscelen (a irmã menor) vendem seus artigos por R$ 5,00, mas costumam ganhar mais com a ajuda espontânea de quem passa. "Quando não vendemos nada, Kerexu fica triste, vai embora quietinha", diz a mãe.
Durante o dia, Kerexu e sua irmã menor comem leite e bolacha. O dinheiro que arrecadam no Largo São Francisco serve para cobrir as despesas de casa. "Na aldeia, a gente paga luz e água. Não sobra muito", completa Rosenilda. As roupas que as meninas usam são doadas por pedestres. Vez ou outra, alguém acaba pagando um "almoço diferente" para o trio.
OESP, 12/09/2005, Metrópole, p. C10.
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