From Indigenous Peoples in Brazil
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News
Descaso geral onde a comida sobra
28/02/2005
Autor: ROTHENBURG, Denise
Fonte: CB, Brasil, p. 8
Descaso geral onde a comida sobra
Denise Rothenburg
Da equipe do Correio
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva começou seu governo dizendo que, se ao final de seu mandato, todos os brasileiros tivessem café-da-manhã, almoço e jantar, já se daria por satisfeito. Mas, infelizmente, chega ao terceiro ano vendo crianças tombando de fome como um castelo de cartas numa região que a bancada ruralista conhece como a meca da soja. Ali, no município de Dourados (MS), estão grande produtores desse nutriente poderoso. Tanto é que o leite de soja é recomendado por diversos pediatras, quando as mães não conseguem amamentar seus filhos.
Mas, em Dourados, a soja não alimenta. Transforma-se em grandes carregamentos e os caminhões, quem sabe, podem até servir para transportar os pequenos caixões que viram rotina nos jornais do centro-sul do país. A última criança a tombar foi um indiozinho, que passou dias alimentado somente com macarrão cozido, segundo o que está publicado nos jornais. Nenhuma refeição completa nos últimos 60 dias. Somente macarrão cozido. Insosso.
Nos gabinetes de Brasília, onde a comida é farta, as autoridades diziam há alguns dias que tudo tinha sido feito. Só tem um detalhe: se as crianças continuam morrendo, algo está errado. Ou então, o governo chegou tarde demais e corre o risco de ver a reserva indígena virar um grande cemitério, cercado por plantações de soja. Aí será a vez dos fazedores de teses explicarem como morre gente de fome num lugar que é conhecido no mundo agrícola como um dos celeiros do Brasil.
CB, 28/02/2005, Brasil, p.8
Denise Rothenburg
Da equipe do Correio
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva começou seu governo dizendo que, se ao final de seu mandato, todos os brasileiros tivessem café-da-manhã, almoço e jantar, já se daria por satisfeito. Mas, infelizmente, chega ao terceiro ano vendo crianças tombando de fome como um castelo de cartas numa região que a bancada ruralista conhece como a meca da soja. Ali, no município de Dourados (MS), estão grande produtores desse nutriente poderoso. Tanto é que o leite de soja é recomendado por diversos pediatras, quando as mães não conseguem amamentar seus filhos.
Mas, em Dourados, a soja não alimenta. Transforma-se em grandes carregamentos e os caminhões, quem sabe, podem até servir para transportar os pequenos caixões que viram rotina nos jornais do centro-sul do país. A última criança a tombar foi um indiozinho, que passou dias alimentado somente com macarrão cozido, segundo o que está publicado nos jornais. Nenhuma refeição completa nos últimos 60 dias. Somente macarrão cozido. Insosso.
Nos gabinetes de Brasília, onde a comida é farta, as autoridades diziam há alguns dias que tudo tinha sido feito. Só tem um detalhe: se as crianças continuam morrendo, algo está errado. Ou então, o governo chegou tarde demais e corre o risco de ver a reserva indígena virar um grande cemitério, cercado por plantações de soja. Aí será a vez dos fazedores de teses explicarem como morre gente de fome num lugar que é conhecido no mundo agrícola como um dos celeiros do Brasil.
CB, 28/02/2005, Brasil, p.8
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