From Indigenous Peoples in Brazil
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News
Na selva, mas sem susto
26/01/2006
Fonte: O Globo, Boa Viagem, p. 6-7,10-11
Na selva, mas sem sustos
Cássio Bruno
Manaus
O contato com a natureza e a busca por adrenalina abrem caminho para uma temporada na Amazônia. E férias na maior floresta do planeta são sinônimo de passeios de barco, pescaria, visita a macacos e "caçada" a jacarés. Programa de índio? Só se for ao pé da letra, para visitar uma tribo e dançar com eles. Desvendar a selva não significa se embrenhar pela mata e passar apertos. As aventuras vistas apenas em livros de história ou em filmes sobre a região podem ser vividas em confortáveis - e divertidos - roteiros de lazer montados por agências e hotéis.
Embarcamos na programação do Amazon Ecopark Jungle Lodge, hotel localizado a 30 minutos de barco de Manaus, às margens do Rio Tarumã, um afluente do Rio Negro. A primeira parada do roteiro é a Floresta dos Macacos, projeto ambiental mantido pelo hotel Ecopark que reúne cerca de 50 animais de diferentes espécies apreendidos pelo Ibama e pela Polícia Federal nas fronteiras com Venezuela, Colômbia, Peru e Bolívia. Inaugurado em 1991, o espaço possibilita encontros inusitados entre os visitantes e os simpáticos moradores, como explica o guia do hotel José Orivaldo, um índio conhecido como Yuri:
- Aqui os macacos ficam igual criança, aprendendo a sobreviver. Depois, são soltos na mata. Os turistas adoram e se divertem muito.
É possível ver bem de perto espécies como o sauí-de-coleira, o acari-do-pêlo-vermelho e o macaco-prego. O passeio tem duração de 40 minutos e encanta os hóspedes.
O segundo dia é um dos mais esperados: a confluência dos rios Negro e Solimões, numa extensão de nove quilômetros. A viagem, com saída do hotel, é de quase três horas de barco. O encontro das águas escuras, de um, e amareladas, de outro, forma um cenário emocionante para quem vem de longe.
- A natureza nos prega surpresas como essa. Nunca vou esquecer este lugar - afirma o americano Thomas Edward, de 33 anos.
Focagem de jacarés, pesca de piranhas e visita a aldeia indígena estão incluídos nos pacotes
Depois do encontro das águas, o barco segue em frente e ancora na Ilha do Careiro, onde vivem cerca de três mil pessoas. Na Vila de Terra Nova, lugarejo da ilha, os caboclos aguardam ansiosos pelos novos amigos. As casas dos ribeirinhos ficam a alguns metros do chão por causa da cheia dos rios. Nada que impeça os moradores de comercializarem seus produtos, como colares, pulseiras e brincos, entre outros artigos feitos com matéria-prima local.
No passeio, a produção da borracha também é lembrada pelos caboclos, desde a coleta do látex retirado das seringueiras até o processo de criação. A explicação aos turistas tem um motivo: no fim do século XIX, o auge da economia cafeeira no Sudeste coincidiu com a expansão da borracha na Amazônia. A época marcou a região e ficou conhecida como Ciclo da Borracha, atraindo migrantes e o interesse de grandes companhias extrativistas.
- Meu negócio é a pesca, mas faço este trabalho para sobreviver e ajudar minha família com um dinheiro extra - diz o morador da vila Maurício Cândido de Araújo.
A diversão continua num campo de futebol montado especialmente para dar as boas-vindas aos turistas, que arriscam chutes ao gol. Após o almoço, num restaurante da ilha, os visitantes se dividem em barquinhos e vão até o Lago do Joanico, próximo à Vila de Terra Nova. A atração, desta vez, é a pescaria de piranhas, atividade para relaxar ao som das águas.
O terceiro dia começa cedo, com um passeio ecológico conduzido pelo guia na mata fechada que pertence ao hotel. Para os marinheiros de primeira viagem, a sensação é de medo e, ao mesmo tempo, de curiosidade. A aventura é de duas horas, o suficiente para ensinar truques de sobrevivência na selva e cuidados para proteger a natureza.
Os turistas aprendem a caçar, fazendo armadilhas ou utilizando arco-e-flecha. Sensação inexplicável para quem está acostumado com grandes centros urbanos e engarrafamentos. Mas todo cuidado é pouco, já que cobras e outros animais peçonhentos podem dar as caras.
- Por isso, a floresta tem que ser respeitada. Quando eu entro, a primeira coisa que faço é a minha oração - explica o guia Yuri, da tribo Mundukuru, do Pará, que leva na mochila remédios feitos com plantas e animais da Amazônia para vários tipos de doença.
O momento mais esperado, no entanto, é a noite, quando acontece a focagem dos jacarés. Na canoa, cinco turistas, além do guia, que vai à frente com um farol, e do condutor da embarcação. A cada movimento do barco, a tensão aumenta. Para encontrar um jacaré, é preciso sorte. E coragem.
Os minutos se passam e a ansiedade cresce. Até que o guia dá o sinal, pára o farol numa direção e desliga o motor da embarcação. O silêncio e a escuridão contribuem para a adrenalina subir. A profundidade do rio já é pequena, o que faz o guia descer do barco. Numa ação rápida, o jacaré, de aproximadamente quatro metros, é capturado. Vira celebridade e os flashes das máquinas fotográficas não param. Em seguida, o animal é solto. Missão cumprida.
No dia seguinte, a atração são os índios, em plena selva amazônica. A tribo, a 55 minutos de barco do hotel, é conhecida como desana, das etnias Piratapuia, Tucanos e Baraçana. São 45 homens, mulheres, crianças e idosos. E a recepção não poderia ser melhor. Uma dança ao som da "apurutu" e da "cariço", suas flautas grande e pequena. Depois da apresentação, os visitantes são convidados a participar. Uns não têm o menor jeito; outros, com alguns ensaios, até que conseguiriam levar os passos indígenas.
- Nunca me imaginei dançando com um índio da Amazônia - conta a turista cearense Rosimere da Silva.
A dança termina e os turistas visitam a aldeia para conhecer seu dia-a-dia. A maioria dos índios fala português, mas, com os estrangeiros, a comunicação é feita por gestos. Nada que dificulte as vendas dos produtos dos "caras-pintadas", que vão desde chocalhos até arcos e flechas.
Hotel ocupa 56 mil hectares em área de proteção ambiental na floresta
Em funcionamento desde 1995, o hotel Amazon Ecopark Jungle Lodge foi criado dentro de uma área de proteção ambiental, chamada de Unidade Espacial de Transição, no extremo oeste da Amazônia e a uma hora do aeroporto de Manaus. Sua área total é de 56 mil hectares, com direito a uma praia em frente à recepção e dez quilômetros de trilhas na selva.
Ao todo, são 60 apartamentos distribuídos entre 20 bangalôs confortáveis de alvenaria e madeira, com entradas, varandas e banheiros independentes, todos equipados com ar-condicionado, chuveiro elétrico e frigobar - graças aos geradores de energia elétrica instalados no hotel. As janelas têm telas, o que impede a entrada de insetos e zumbidos inoportunos. E não, os quartos não têm televisão.
A infra-estrutura de lazer tem piscinas naturais, salão de eventos e jogos, sala de repouso e leitura, e salas de massagem. Um bar com vários tipos de bebidas também é atração e serve de ponto-de-encontro para os hóspedes conversarem, entre uma caipirinha e outra.
Para quem quiser dar notícias à civilização ou saber o que acontece no mundo, é bom levar o próprio celular. O hotel não dispõe de telefone fixo, e o uso de um aparelho móvel que fica à disposição dos hóspedes custa R$ 3 o minuto. O seu telefone pode até nem pegar direito por lá - depende da operadora - mas não custa tentar.
CÁSSIO BRUNO viajou a convite do Amazon Ecopark Jungle Lodge e da Ambiental Expedições
Como planejar sua viagem
Como chegar
De avião: Com a Varig, o trecho Rio-Manaus-Rio, com escala em Brasília, custa a partir de R$ 1.478. Pela TAM, R$ 1.388, com conexão em Brasília. Com a Gol, a partir de R$ 1.162, também com conexão em Brasília.
Pacotes
Amazon Ecopark Jungle Lodge: Pacotes com pensão completa a partir de R$ 685 por pessoa, dois dias; R$ 800, três, e R$ 1.025, quatro dias. Tel. 2547-7742.
Operadoras: Com a Ambiental (tel. 11 3818-4600 ou, no Rio, tel. 2549-6714, com a Propósito), os pacotes custam a partir de R$ 1.390 por pessoa em quarto duplo, sem a parte aérea (três noites com pensão completa). Pela Freeway (tel. 2544-1033), com parte aérea saindo do Rio, três noites custam a partir de R$ 2.488. A Shangri-lá (tel. 3221-5400) tem pacotes de três noites a partir de R$ 2.121 por pessoa. E, pela Urbi et Orbi (tel. 2108-9997), preços a partir de R$ 2.386, por passageiro, também para três noites.
O Globo, 26/01/2006, Boa Viagem, p. 6-7, 10-11, 14
Cássio Bruno
Manaus
O contato com a natureza e a busca por adrenalina abrem caminho para uma temporada na Amazônia. E férias na maior floresta do planeta são sinônimo de passeios de barco, pescaria, visita a macacos e "caçada" a jacarés. Programa de índio? Só se for ao pé da letra, para visitar uma tribo e dançar com eles. Desvendar a selva não significa se embrenhar pela mata e passar apertos. As aventuras vistas apenas em livros de história ou em filmes sobre a região podem ser vividas em confortáveis - e divertidos - roteiros de lazer montados por agências e hotéis.
Embarcamos na programação do Amazon Ecopark Jungle Lodge, hotel localizado a 30 minutos de barco de Manaus, às margens do Rio Tarumã, um afluente do Rio Negro. A primeira parada do roteiro é a Floresta dos Macacos, projeto ambiental mantido pelo hotel Ecopark que reúne cerca de 50 animais de diferentes espécies apreendidos pelo Ibama e pela Polícia Federal nas fronteiras com Venezuela, Colômbia, Peru e Bolívia. Inaugurado em 1991, o espaço possibilita encontros inusitados entre os visitantes e os simpáticos moradores, como explica o guia do hotel José Orivaldo, um índio conhecido como Yuri:
- Aqui os macacos ficam igual criança, aprendendo a sobreviver. Depois, são soltos na mata. Os turistas adoram e se divertem muito.
É possível ver bem de perto espécies como o sauí-de-coleira, o acari-do-pêlo-vermelho e o macaco-prego. O passeio tem duração de 40 minutos e encanta os hóspedes.
O segundo dia é um dos mais esperados: a confluência dos rios Negro e Solimões, numa extensão de nove quilômetros. A viagem, com saída do hotel, é de quase três horas de barco. O encontro das águas escuras, de um, e amareladas, de outro, forma um cenário emocionante para quem vem de longe.
- A natureza nos prega surpresas como essa. Nunca vou esquecer este lugar - afirma o americano Thomas Edward, de 33 anos.
Focagem de jacarés, pesca de piranhas e visita a aldeia indígena estão incluídos nos pacotes
Depois do encontro das águas, o barco segue em frente e ancora na Ilha do Careiro, onde vivem cerca de três mil pessoas. Na Vila de Terra Nova, lugarejo da ilha, os caboclos aguardam ansiosos pelos novos amigos. As casas dos ribeirinhos ficam a alguns metros do chão por causa da cheia dos rios. Nada que impeça os moradores de comercializarem seus produtos, como colares, pulseiras e brincos, entre outros artigos feitos com matéria-prima local.
No passeio, a produção da borracha também é lembrada pelos caboclos, desde a coleta do látex retirado das seringueiras até o processo de criação. A explicação aos turistas tem um motivo: no fim do século XIX, o auge da economia cafeeira no Sudeste coincidiu com a expansão da borracha na Amazônia. A época marcou a região e ficou conhecida como Ciclo da Borracha, atraindo migrantes e o interesse de grandes companhias extrativistas.
- Meu negócio é a pesca, mas faço este trabalho para sobreviver e ajudar minha família com um dinheiro extra - diz o morador da vila Maurício Cândido de Araújo.
A diversão continua num campo de futebol montado especialmente para dar as boas-vindas aos turistas, que arriscam chutes ao gol. Após o almoço, num restaurante da ilha, os visitantes se dividem em barquinhos e vão até o Lago do Joanico, próximo à Vila de Terra Nova. A atração, desta vez, é a pescaria de piranhas, atividade para relaxar ao som das águas.
O terceiro dia começa cedo, com um passeio ecológico conduzido pelo guia na mata fechada que pertence ao hotel. Para os marinheiros de primeira viagem, a sensação é de medo e, ao mesmo tempo, de curiosidade. A aventura é de duas horas, o suficiente para ensinar truques de sobrevivência na selva e cuidados para proteger a natureza.
Os turistas aprendem a caçar, fazendo armadilhas ou utilizando arco-e-flecha. Sensação inexplicável para quem está acostumado com grandes centros urbanos e engarrafamentos. Mas todo cuidado é pouco, já que cobras e outros animais peçonhentos podem dar as caras.
- Por isso, a floresta tem que ser respeitada. Quando eu entro, a primeira coisa que faço é a minha oração - explica o guia Yuri, da tribo Mundukuru, do Pará, que leva na mochila remédios feitos com plantas e animais da Amazônia para vários tipos de doença.
O momento mais esperado, no entanto, é a noite, quando acontece a focagem dos jacarés. Na canoa, cinco turistas, além do guia, que vai à frente com um farol, e do condutor da embarcação. A cada movimento do barco, a tensão aumenta. Para encontrar um jacaré, é preciso sorte. E coragem.
Os minutos se passam e a ansiedade cresce. Até que o guia dá o sinal, pára o farol numa direção e desliga o motor da embarcação. O silêncio e a escuridão contribuem para a adrenalina subir. A profundidade do rio já é pequena, o que faz o guia descer do barco. Numa ação rápida, o jacaré, de aproximadamente quatro metros, é capturado. Vira celebridade e os flashes das máquinas fotográficas não param. Em seguida, o animal é solto. Missão cumprida.
No dia seguinte, a atração são os índios, em plena selva amazônica. A tribo, a 55 minutos de barco do hotel, é conhecida como desana, das etnias Piratapuia, Tucanos e Baraçana. São 45 homens, mulheres, crianças e idosos. E a recepção não poderia ser melhor. Uma dança ao som da "apurutu" e da "cariço", suas flautas grande e pequena. Depois da apresentação, os visitantes são convidados a participar. Uns não têm o menor jeito; outros, com alguns ensaios, até que conseguiriam levar os passos indígenas.
- Nunca me imaginei dançando com um índio da Amazônia - conta a turista cearense Rosimere da Silva.
A dança termina e os turistas visitam a aldeia para conhecer seu dia-a-dia. A maioria dos índios fala português, mas, com os estrangeiros, a comunicação é feita por gestos. Nada que dificulte as vendas dos produtos dos "caras-pintadas", que vão desde chocalhos até arcos e flechas.
Hotel ocupa 56 mil hectares em área de proteção ambiental na floresta
Em funcionamento desde 1995, o hotel Amazon Ecopark Jungle Lodge foi criado dentro de uma área de proteção ambiental, chamada de Unidade Espacial de Transição, no extremo oeste da Amazônia e a uma hora do aeroporto de Manaus. Sua área total é de 56 mil hectares, com direito a uma praia em frente à recepção e dez quilômetros de trilhas na selva.
Ao todo, são 60 apartamentos distribuídos entre 20 bangalôs confortáveis de alvenaria e madeira, com entradas, varandas e banheiros independentes, todos equipados com ar-condicionado, chuveiro elétrico e frigobar - graças aos geradores de energia elétrica instalados no hotel. As janelas têm telas, o que impede a entrada de insetos e zumbidos inoportunos. E não, os quartos não têm televisão.
A infra-estrutura de lazer tem piscinas naturais, salão de eventos e jogos, sala de repouso e leitura, e salas de massagem. Um bar com vários tipos de bebidas também é atração e serve de ponto-de-encontro para os hóspedes conversarem, entre uma caipirinha e outra.
Para quem quiser dar notícias à civilização ou saber o que acontece no mundo, é bom levar o próprio celular. O hotel não dispõe de telefone fixo, e o uso de um aparelho móvel que fica à disposição dos hóspedes custa R$ 3 o minuto. O seu telefone pode até nem pegar direito por lá - depende da operadora - mas não custa tentar.
CÁSSIO BRUNO viajou a convite do Amazon Ecopark Jungle Lodge e da Ambiental Expedições
Como planejar sua viagem
Como chegar
De avião: Com a Varig, o trecho Rio-Manaus-Rio, com escala em Brasília, custa a partir de R$ 1.478. Pela TAM, R$ 1.388, com conexão em Brasília. Com a Gol, a partir de R$ 1.162, também com conexão em Brasília.
Pacotes
Amazon Ecopark Jungle Lodge: Pacotes com pensão completa a partir de R$ 685 por pessoa, dois dias; R$ 800, três, e R$ 1.025, quatro dias. Tel. 2547-7742.
Operadoras: Com a Ambiental (tel. 11 3818-4600 ou, no Rio, tel. 2549-6714, com a Propósito), os pacotes custam a partir de R$ 1.390 por pessoa em quarto duplo, sem a parte aérea (três noites com pensão completa). Pela Freeway (tel. 2544-1033), com parte aérea saindo do Rio, três noites custam a partir de R$ 2.488. A Shangri-lá (tel. 3221-5400) tem pacotes de três noites a partir de R$ 2.121 por pessoa. E, pela Urbi et Orbi (tel. 2108-9997), preços a partir de R$ 2.386, por passageiro, também para três noites.
O Globo, 26/01/2006, Boa Viagem, p. 6-7, 10-11, 14
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