From Indigenous Peoples in Brazil
News
PF pede reforço para resolver conflito
25/04/2005
Fonte: A Crítica, Brasil, p. A6
PF pede reforço para resolver conflito
Hoje devem chegar à recém-homologada reserva indígena Raposa Serra do Sol mais 73 policiais
A decisão de manter quatro policiais federais como reféns por tempo indeterminado e deslocar índios de outros locais pura focos de concentração em Contão e Flexal - onde os agentes estão retidos - aumentou o clima de tensão ontem na reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima, na fronteira com a Venezuela e a Guiana.
A Polícia Federal, que esperava para ontem a libertação dos reféns, pediu reforço. Hoje, deve chegar à área um contingente de mais 73 homens que, somados aos já baseados no Pelotão Especial de Fronteira, do Exército, em Uiramutã, chegam a mais de 200 homens.
"Vamos negociar à exaustão, mas a lei será cumprida a qualquer custo", alertou o delegado Mauro Tavares de Melo, que aguardou o dia todo a libertação dos policiais - prometida, segundo ele, pelos caciques. O delegado deve discutir amanhã a viabilidade de uma operação de resgate e desobstrução da estrada que os índios bloquearam em Contão para cortar o acesso de veículos e isolar Uiramutã e Flexal, que está virando ponto de concentração de índios de todas as malocas da região.
O secretário estadual do Índio, Adriano Francisco do Nascimento, contrário à homologação da reserva, retornou a Boa Vista no início da tarde de hoje e disse que já são mais de 1.500 os índios concentrados na aldeia onde estão os policiais. As malocas foram construídas em terrenos baixos, em meio a uma região montanhosa e de estradas estreitas e de difícil acesso por terra.
Os macuxis não aceitaram a proposta de formar uma comissão para discutir o caso em Brasília. "0 que eles querem está fora da nossa pauta", explicou o delegado Tavares de Melo, que na aldeia tentou convencer os caciques sobre a gravidade de seqüestrar policiais federais que, segundo argumentou, sempre trabalharam ao lado dos índios mediando conflitos.
Busca rápida
Sem autorização
Os policiais mantidos como reféns não tinham autorização para se ausentar da base nem para dar carona às índias macuxis que se encontravam com eles no momento do seqüestro. Eles não reagiram ao cerco dos índios, que já haviam avisado fontes do Governo que poderiam fazer o seqüestro.
Políticos e arrozeiros estariam incitando índios a fazer reféns
Acusação foi feita por Marinaldo Trajano, indígena favorável à homologação
Marinaldo Justino Trajano, o coordenador regional do Conselho Indígena de Roraima (CIR), é amplamente favorável aos termos do decreto que homologou a reserva e acusa arrozeiros e políticos do Estado de terem incitado os índios a tomarem os agentes federais como reféns. "Tenho certeza de que não é a comunidade. Eles (arrozeiros e setores do governo que Marinaldo não identifica) querem acirrar o clima. É montagem e manipulação", acusa o coordenador do CIR.
Ele afirma que os líderes indígenas têm condições de encontrar uma saída para a crise desde que não haja interferência dos setores que têm interesses dentro da nova reserva. "Tenho pena é dos meus parentes. Se a Polícia Federal tiver de entrar para buscar os policiais reféns ela vai fazer, e índio pode sair ferido. É isso que,; os arrozeiros querem", diz.
0 presidente da Associação dos Arrozeiros de Roraima, Luiz Afonso Faccio, nega a entidade esteja por trás do conflito, mas sustenta que toda a população é contra a homologação e muitos empresários, como ele mesmo, se propõem a ajudar os índios com alimentação se a área permanecer isolada.
0 delegado e os três policiais mantidos como reféns não tinham autorização para se ausentar da base nem orientação para dar carona às índias macuxis que se encontravam com eles no momento do seqüestro.
Apanhados quando passavam de volta pela Flexal, por volta das 15h30 de sexta-feira, após deixar numa maloca próxima o pai e a mãe das garotas, os policiais não reagiram ao cerco dos índios, que já haviam avisado fontes do governo estadual, pela manhã, que estavam revoltados com o trânsito de federais pela área indígena e poderiam fazer o seqüestro.
Busca rápida
Nomes preservados
A PF não divulgou os nomes dos quatro policiais ao~ dos pelos indígenas, para preservar a privacidade de suas famílias. Foi informado apenas o cargo e a origem deles: um delegado, um escrivão, um perito e um papiloscopista (técnico em impressões digitais), todos lotados no Mato Grosso.
Compensação
Pressionado por produtores rurais e lideranças políticas de Roraima, o governador OttomarPinto (PTB), 73, exigirá do Incra o repasse de 4 milhões dós cerca de 7 milhões de hectares de terras da União ao Estado como contrapartida à homologação da reserva Raposa / Serra do Sol, cuja extensão soma 1,7 milhão de hectares. Para forçar uma reação à medida, Ottomar Pinto deve ira Brasília amanhã buscar apoio da direção do seu partido e ce outras siglas no Congresso Nacional.
"Nossas pretensões são mínimas. Queremos que as comunidades de Socó, Mutum,Água Fria e Surumu sejam preservadas. O ministro Aldo Rebelo (Coordenação Política) falou que num Estado de Direito ele não vê como a União vai tirar as comunidades de lá. Não estamos vivendo num regime stalinista, é um regime democrático. Alem disso, queremos que 4 milhões dos quase 7 milhões de hectares, sejam para a reforma do patrimônio do Estado, porque, antes de o Incra existir, já eram nossos.
A Crítica, 23/04/2005, Brasil, p. A6
Hoje devem chegar à recém-homologada reserva indígena Raposa Serra do Sol mais 73 policiais
A decisão de manter quatro policiais federais como reféns por tempo indeterminado e deslocar índios de outros locais pura focos de concentração em Contão e Flexal - onde os agentes estão retidos - aumentou o clima de tensão ontem na reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima, na fronteira com a Venezuela e a Guiana.
A Polícia Federal, que esperava para ontem a libertação dos reféns, pediu reforço. Hoje, deve chegar à área um contingente de mais 73 homens que, somados aos já baseados no Pelotão Especial de Fronteira, do Exército, em Uiramutã, chegam a mais de 200 homens.
"Vamos negociar à exaustão, mas a lei será cumprida a qualquer custo", alertou o delegado Mauro Tavares de Melo, que aguardou o dia todo a libertação dos policiais - prometida, segundo ele, pelos caciques. O delegado deve discutir amanhã a viabilidade de uma operação de resgate e desobstrução da estrada que os índios bloquearam em Contão para cortar o acesso de veículos e isolar Uiramutã e Flexal, que está virando ponto de concentração de índios de todas as malocas da região.
O secretário estadual do Índio, Adriano Francisco do Nascimento, contrário à homologação da reserva, retornou a Boa Vista no início da tarde de hoje e disse que já são mais de 1.500 os índios concentrados na aldeia onde estão os policiais. As malocas foram construídas em terrenos baixos, em meio a uma região montanhosa e de estradas estreitas e de difícil acesso por terra.
Os macuxis não aceitaram a proposta de formar uma comissão para discutir o caso em Brasília. "0 que eles querem está fora da nossa pauta", explicou o delegado Tavares de Melo, que na aldeia tentou convencer os caciques sobre a gravidade de seqüestrar policiais federais que, segundo argumentou, sempre trabalharam ao lado dos índios mediando conflitos.
Busca rápida
Sem autorização
Os policiais mantidos como reféns não tinham autorização para se ausentar da base nem para dar carona às índias macuxis que se encontravam com eles no momento do seqüestro. Eles não reagiram ao cerco dos índios, que já haviam avisado fontes do Governo que poderiam fazer o seqüestro.
Políticos e arrozeiros estariam incitando índios a fazer reféns
Acusação foi feita por Marinaldo Trajano, indígena favorável à homologação
Marinaldo Justino Trajano, o coordenador regional do Conselho Indígena de Roraima (CIR), é amplamente favorável aos termos do decreto que homologou a reserva e acusa arrozeiros e políticos do Estado de terem incitado os índios a tomarem os agentes federais como reféns. "Tenho certeza de que não é a comunidade. Eles (arrozeiros e setores do governo que Marinaldo não identifica) querem acirrar o clima. É montagem e manipulação", acusa o coordenador do CIR.
Ele afirma que os líderes indígenas têm condições de encontrar uma saída para a crise desde que não haja interferência dos setores que têm interesses dentro da nova reserva. "Tenho pena é dos meus parentes. Se a Polícia Federal tiver de entrar para buscar os policiais reféns ela vai fazer, e índio pode sair ferido. É isso que,; os arrozeiros querem", diz.
0 presidente da Associação dos Arrozeiros de Roraima, Luiz Afonso Faccio, nega a entidade esteja por trás do conflito, mas sustenta que toda a população é contra a homologação e muitos empresários, como ele mesmo, se propõem a ajudar os índios com alimentação se a área permanecer isolada.
0 delegado e os três policiais mantidos como reféns não tinham autorização para se ausentar da base nem orientação para dar carona às índias macuxis que se encontravam com eles no momento do seqüestro.
Apanhados quando passavam de volta pela Flexal, por volta das 15h30 de sexta-feira, após deixar numa maloca próxima o pai e a mãe das garotas, os policiais não reagiram ao cerco dos índios, que já haviam avisado fontes do governo estadual, pela manhã, que estavam revoltados com o trânsito de federais pela área indígena e poderiam fazer o seqüestro.
Busca rápida
Nomes preservados
A PF não divulgou os nomes dos quatro policiais ao~ dos pelos indígenas, para preservar a privacidade de suas famílias. Foi informado apenas o cargo e a origem deles: um delegado, um escrivão, um perito e um papiloscopista (técnico em impressões digitais), todos lotados no Mato Grosso.
Compensação
Pressionado por produtores rurais e lideranças políticas de Roraima, o governador OttomarPinto (PTB), 73, exigirá do Incra o repasse de 4 milhões dós cerca de 7 milhões de hectares de terras da União ao Estado como contrapartida à homologação da reserva Raposa / Serra do Sol, cuja extensão soma 1,7 milhão de hectares. Para forçar uma reação à medida, Ottomar Pinto deve ira Brasília amanhã buscar apoio da direção do seu partido e ce outras siglas no Congresso Nacional.
"Nossas pretensões são mínimas. Queremos que as comunidades de Socó, Mutum,Água Fria e Surumu sejam preservadas. O ministro Aldo Rebelo (Coordenação Política) falou que num Estado de Direito ele não vê como a União vai tirar as comunidades de lá. Não estamos vivendo num regime stalinista, é um regime democrático. Alem disso, queremos que 4 milhões dos quase 7 milhões de hectares, sejam para a reforma do patrimônio do Estado, porque, antes de o Incra existir, já eram nossos.
A Crítica, 23/04/2005, Brasil, p. A6
The news items published by the Indigenous Peoples in Brazil site are researched daily from a variety of media outlets and transcribed as presented by their original source. ISA is not responsible for the opinios expressed or errors contained in these texts. Please report any errors in the news items directly to the source