From Indigenous Peoples in Brazil
News
Líderes Yanomami vão à Universidade de Cornell, Estados Unidos
03/04/2002
Fonte: Boletim Yanomami No. 25
Seminário sobre ética na pesquisa terá a participação de representantes Yanomami e da CCPY.
Será realizado nos dias 5-7 de abril de 2002, na Universidade de Cornell, no Estado de Nova Iorque, o seminário "Tragédia na Amazônia: Vozes yanomami, controvérsia acadêmica e a ética na pesquisa". Estarão presentes os Yanomami Totô, da região do Toototobi (AM), Davi Kopenawa, da região do Demini (AM), José Serepino, da Venezuela, além de Jô Cardoso de Oliveira, Secretária Executiva da Comissão Pró-Yanomami e sua representante oficial no evento.
O Seminário, organizado pelo antropólogo Terence Turner, é mais um desdobramento da polêmica gerada pelas denúncias do jornalista norte-americano, Patrick Tierney, publicadas no seu livro Darkness in El Dorado, sobre o uso de métodos de pesquisa anti-éticos por parte do geneticista James Neel e do antropólogo Napoleon Chagnon entre os Yanomami. Em 1967-68, acusa Tierney, esses pesquisadores coletaram inúmeras amostras de sangue em várias aldeias yanomami na Venezuela e no Brasil (inclusive na comunidade dos pais de Davi Kopenawa e Totô), obtendo a sua anuência com a distribuição de grandes quantidades de bens manufaturados.
O escândalo que essas acusações suscitaram tem mobilizado setores da academia estadunidense preocupados com questões de ética nas pesquisas científicas e de garantia dos direitos indígenas na proteção do seu patrimônio genético. As acusações de Tierney levantaram importantes indagações sobre a violação, por parte de Neel e Chagnon, do princípio de consentimento informado que rege a pesquisa biomédica a partir do Código de Nuremberg de1947. Além disso, informações fidedignas revelam que as amostras de sangue coletadas pela equipe de Neel entre os Yanomami foram recentemente reprocessadas para extração de material genético (DNA) e continuam sendo utilizadas em novas pesquisas sem, mais uma vez, o conhecimento e consentimento dos próprios Yanomami. Esse seminário pretende abordar tais temas. A Comissão Pró-Yanomami já teve oportunidade de divulgar aspectos dessa polêmica (Boletim Yanomami nº11, Documentos Yanomami nº2).
A participação de Davi, de Totô e da Comissão Pró-Yanomami é motivada pela preocupação com o destino e utilização atual das amostras de sangue coletadas por Neel e Chagnon. Atendendo ao desejo dos Yanomami para que sejam tomadas medidas judiciais sobre a apropriação indevida desses materiais, a Comissão Pró-Yanomami localizou o paradeiro de pelo menos parte das amostras em questão: elas estão depositadas nos departamentos de antropologia da Universidade Estadual da Pensilvânia e da Universidade de Michigan. A Comissão Pró-Yanomami está tomando providências para levar o caso à atenção da justiça brasileira e norte-americana.
Será realizado nos dias 5-7 de abril de 2002, na Universidade de Cornell, no Estado de Nova Iorque, o seminário "Tragédia na Amazônia: Vozes yanomami, controvérsia acadêmica e a ética na pesquisa". Estarão presentes os Yanomami Totô, da região do Toototobi (AM), Davi Kopenawa, da região do Demini (AM), José Serepino, da Venezuela, além de Jô Cardoso de Oliveira, Secretária Executiva da Comissão Pró-Yanomami e sua representante oficial no evento.
O Seminário, organizado pelo antropólogo Terence Turner, é mais um desdobramento da polêmica gerada pelas denúncias do jornalista norte-americano, Patrick Tierney, publicadas no seu livro Darkness in El Dorado, sobre o uso de métodos de pesquisa anti-éticos por parte do geneticista James Neel e do antropólogo Napoleon Chagnon entre os Yanomami. Em 1967-68, acusa Tierney, esses pesquisadores coletaram inúmeras amostras de sangue em várias aldeias yanomami na Venezuela e no Brasil (inclusive na comunidade dos pais de Davi Kopenawa e Totô), obtendo a sua anuência com a distribuição de grandes quantidades de bens manufaturados.
O escândalo que essas acusações suscitaram tem mobilizado setores da academia estadunidense preocupados com questões de ética nas pesquisas científicas e de garantia dos direitos indígenas na proteção do seu patrimônio genético. As acusações de Tierney levantaram importantes indagações sobre a violação, por parte de Neel e Chagnon, do princípio de consentimento informado que rege a pesquisa biomédica a partir do Código de Nuremberg de1947. Além disso, informações fidedignas revelam que as amostras de sangue coletadas pela equipe de Neel entre os Yanomami foram recentemente reprocessadas para extração de material genético (DNA) e continuam sendo utilizadas em novas pesquisas sem, mais uma vez, o conhecimento e consentimento dos próprios Yanomami. Esse seminário pretende abordar tais temas. A Comissão Pró-Yanomami já teve oportunidade de divulgar aspectos dessa polêmica (Boletim Yanomami nº11, Documentos Yanomami nº2).
A participação de Davi, de Totô e da Comissão Pró-Yanomami é motivada pela preocupação com o destino e utilização atual das amostras de sangue coletadas por Neel e Chagnon. Atendendo ao desejo dos Yanomami para que sejam tomadas medidas judiciais sobre a apropriação indevida desses materiais, a Comissão Pró-Yanomami localizou o paradeiro de pelo menos parte das amostras em questão: elas estão depositadas nos departamentos de antropologia da Universidade Estadual da Pensilvânia e da Universidade de Michigan. A Comissão Pró-Yanomami está tomando providências para levar o caso à atenção da justiça brasileira e norte-americana.
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