From Indigenous Peoples in Brazil

News

Mineração em terra indígena será votada

02/08/2002

Autor: Fernando Zarur

Fonte: Jornal do Brasil (Rio de Janeiro-RJ)



Documentos anexos


Projeto polêmico está pronto para ser avaliado por comissão


Aécio Neves prometeu a Raoni que o projeto de mineração em terras indígenas não iria ao plenário

Há dois meses, os caciques Raoni, Aritana e outros líderes indígenas reclamaram com presidente da Câmara dos Deputados, Aécio Neves (PSDB-MG), do projeto de lei que regulamenta a mineração em terras indígenas, de autoria do senador Romero Jucá (PSDB-RR). Tiveram a garantia de que a proposta não seria votada em plenário este ano, mas o projeto está pronto para ser avaliado pela Comissão de Defesa do Consumidor, Meio Ambiente e Minorias.
A questão é vista como um risco para as comunidades por entidades e pesquisadores. Durante a visita ao Congresso, o índio Álvaro Tucano acusou o senador de ser ''tipo o juiz da Fifa, fica roubando a gente''. À época, Jucá disse que os índios estavam sendo usados como ''massa de manobra''. ''As comunidades serão consultadas e terão direito a dizer não'', disse. Esta semana, o relator da comissão, José Borba (PMDB-PR), deu parecer favorável à aprovação. Para ele, a proposta vai permitir que a exploração seja disciplinada, sem prejuízo para os índios.

As entidades de defesa dos direitos indígenas discordam. Um levantamento do Instituto Sócio-Ambiental (ISA) destacou sete pontos da lei que ameaçam o futuro das comunidades. O instituto fez estudo mostrando que 59,46% da área Ianomami está nesta situação, mas há reservas com até 100% do território potencialmente comprometido. ''A lei não traz vantagem econômica nenhuma para os povos e ainda ameaça sua cultura e meio-ambiente'', afirma a coordenadora do ISA, Adriana Ramos.

A polêmica é uma das razões da crise que abala a Fundação Nacional do Índio (Funai). Jucá é acusado de ter deposto o antigo presidente da entidade, Glênio Alvarez, que não apoiava sua idéia. Otacílio Antunes, que o substituiu, ficou apenas 48 dias no cargo, acusado de ter assumido a presidência por influência do senador. Arthur Nobre Mendes entrou em 24 de julho, prometendo que ''as picaretas dos mineradores ficariam fora das terras indígenas''. Apesar das críticas, o novo presidente era diretor de assuntos fundiários do antecessor.
 

The news items published by the Indigenous Peoples in Brazil site are researched daily from a variety of media outlets and transcribed as presented by their original source. ISA is not responsible for the opinios expressed or errors contained in these texts. Please report any errors in the news items directly to the source