From Indigenous Peoples in Brazil

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Cacique diz que foi assassinado só pelo jornal e contesta informação que teria 123 anos

29/11/2002

Fonte: Rondoniagora-Porto Velho-RO



O cacique João Bravo Cinta Larga, que teria sido assassinado por um garimpeiro na noite do último domingo, concedeu entrevista à imprensa. Contestando notícia divulgada por um jornal da capital e por uma emissora de TV, o cacique disse que está bem e que não houve assassinato de nenhum índio nos últimos meses em Rondônia. A Funai, além das polícias Federal, Rodoviária, Militar e Civil também contestam o assassinato. Acompanhado pela mulher Neide, pelo irmão Vicente e por três filhos, João Bravo recebeu jornalistas na sede da Associação Cinta Larga Paenerã, no distrito de Riozinho, e contestou todas as informações já divulgadas. Disse que não houve assassinato de índio, nem de garimpeiro e que ele tem 58 e não 123 anos. Afirmou também que não há índio com mais de 100 anos nos Estados de Rondônia e do Mato Grosso. Com dificuldade para falar o português, João Bravo recorria á ajuda da mulher e de outros índios para responder as perguntas dos jornalistas. Disse que a notícia sobre sua morte era mentirosa e que trouxe muita confusão e tristeza para o seu povo, já que quando o boato se espalhou nas aldeias, ele precisou visitar todas elas pessoalmente para mostrar que estava vivo. "Quando os amigos viam a gente, choravam e abraçavam", disse Neide. Segundo ela, os dois tiveram que ir até em Juína, no Mato Grosso, para provar aos parentes que ele não havia morrido. O cacique Anini Suruí também fez questão de falar com os jornalistas. Disse que a notícia sobre a morte de João Bravo foi um abuso contra todos os povos indígenas. "É uma brincadeira perigosa. Não dá para entender porque o homem branco faz isso com o índio", disse Anini. Segundo ele, por pouco a notícia não causou uma chacina de homens brancos no garimpo da Reserva Roosevelt, já que os índios de todas as tribos ficaram revoltados com o suposto assassinato de João Bravo. Apesar de afirmar que estão decepcionados com a justiça dos brancos, os índios afirmaram que vão recorrer a ela para punir os meios de comunicação e todas as pessoas responsáveis pela notícia do assassinato. "Isso é um abuso. Índio também é cidadão. Homem branco não tem o direito de fazer isso", disse Anini Surui.
 

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