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Cartilha incentiva a preservação sustentável do tracajá no Xingu

24/04/2012

Autor: Fernanda Diniz

Fonte: Embrapa - http://www.embrapa.br/



A Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Brasília, DF), unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, está lançando a segunda edição da cartilha Tracajás para todos os índios do Xingu (Tarekaja'a wetepewara wana upewaram Xingu). A publicação é bilíngue - em português e no idioma kamaiurá - e foi escrita e ilustrada por indígenas da aldeia Kamaiurá-Morená, município de Canarana (MT), Parque Indígena do Xingu, com o objetivo de auxiliar na preservação sustentável do tracajá na região. A cartilha será uma importante aliada na educação ambiental do público infanto-juvenil dessa e de outras etnias do Parque, destaca José Roberto Moreira, pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia e coordenador do projeto.

Os índios do Parque Indígena do Xingu possuem sua alimentação tradicional baseada principalmente em produtos da agricultura e pesca. Dentre esses produtos, se destaca o tracajá (Podocnemis unifilis), uma espécie parente da tartaruga da Amazônia. Essa iguaria é um dos principais componentes da dieta alimentar daqueles povos (hoje vivem em torno de 5 mil índios dentro do Parque), que consomem ovos, filhotes e animais adultos.

Além da importância cultural (já que fazem parte de ritos, mitos e representações culturais-artísticas), o consumo desse animal é essencial em termos nutricionais porque é fonte de micronutrientes importantes à alimentação humana, o que torna esse alimento imprescindível àqueles índios.Entretanto, nas duas últimas décadas, fatores como o crescimento da população indígena do Parque, desmatamento, poluição das cabeceiras dos rios e o aumento do número de barcos a motor, entre outros, têm levado a uma diminuição das populações de tracajá, incluindo animais adultos, ovos e filhotes.

Preocupados com essa situação e a possibilidade de faltar essa fonte alimentar no futuro, índios da aldeia Morená procuraram a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia para auxiliá-los, com apoio técnico e financeiro, em um projeto de manejo sustentável de tracajás.


Cartilha é um dos resultados de parceria bem-sucedida em prol da segurança alimentar indígena

Em 2007, a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, a Fundação Nacional do Índio (Funai), o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Répteis e Anfíbios (RAN/ICMBio) e o Centro Universitario de Vila Velha (UVV) começaram uma parceria com indígenas da aldeia Kamaiurá-Morená para desenvolver ações de preservação sustentável do tracajá. A partir de 2010 passaram a contar com o patrocínio da Petrobras Ambiental.

A cartilha é parte do trabalho de conscientização dos povos indígenas a partir de ilustrações feitas por membros da própria comunidade, acompanhadas de frases explicativas em dois idiomas: português e kamaiurá, que é a língua natal da aldeia.

A preservação do tracajá é um passo importante para a segurança alimentar dos povos indígenas do Xingu e a cartilha tem como objetivo apresentar ao público, de forma lúdica, os principais passos e resultados obtidos a partir desse esforço conjunto.

Com a publicação, a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia e os representantes da aldeia Kamaiurá-Morená pretendem mostrar ao público em geral, especialmente ao infanto-juvenil, que a realização de um trabalho bem-sucedido de preservação e conscientização ambiental transcende as diferenças étnicas e socioculturais.

Inicialmente foram produzidos mil exemplares da cartilha, que serão distribuídos em cursos de educação ambiental e em reuniões de sensibilização de lideranças indígenas em todas as aldeias do Parque Indígena do Xingu.

Segundo Moreira, o trabalho de manejo do tracajá e a sensibilização das populações indígenas do Parque vão resultar em impactos positivos para todas as populações indígenas à margem do Rio Xingu. "E, certamente, servirão de exemplos para a sociedade brasileira de forma geral, incluindo as atuais e as futuras gerações", enfatiza.


Outros resultados

O êxito da parceria entre as instituições envolvidas e a população indígena do Parque pode ser traduzido em números ao longo desses mais de cinco anos de projeto: hoje 12 praias do Parque Indígena do Xingu estão protegidas e mais de 30 mil filhotes de tracajás já foram soltos, repovoando a região. Merece destaque também a construção de um laboratório-maternidade de tracajá na aldeia Kamaiurá-Morená em 2010.Paralelamente às ações de preservação, foram também coletadas amostras de DNA de tracajá para proceder a caracterização genética das populações encontradas no Parque e servir como fonte de monitoramento. Essas atividades resultaram na maior coleção de tecido de tracajá do mundo, com mais de 20 mil amostras armazenadas no Banco de DNA animal da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia.

Além disso, os envolvidos no projeto investem também na realização de cursos, palestras e outras atividades de educação ambiental e manejo de tracajá, dos quais participaram representantes de mais de 16 etnias indígenas distintas, permitindo não apenas a solidificação das ações de manejo no projeto, como também a multiplicação das ações para outras aldeias.



http://www.embrapa.br/imprensa/noticias/2012/abril/4a-semana/cartilha-incentiva-a-preservacao-sustentavel-do-tracaja-no-xingu/?searchterm=ind%C3%ADgena
 

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