From Indigenous Peoples in Brazil
News
Caciques Caiapós autorizam garimpagem
04/05/2004
Fonte: Rondoniagora-Porto Velho-RO
Decisão de líderes da aldeia Pykany revolta demais índios e aumenta tensão
A extração de ouro feita por garimpeiros dentro da reserva caiapó, em São Félix do Xingu, no sul do Pará, é consentida pelos caciques Bekerê e Rayol, da aldeia Pykany. Mas o trabalho está revoltando os índios da aldeia Crocraimoro, que não aceitam a presença dos invasores e estão prontos para expulsá-los do local. O cacique Brayle Kayapó, da aldeia Kendjan, denuncia como responsável pela invasão dos garimpeiros um homem conhecido por Santilo, residente da cidade de Redenção. Ele pagaria quantias irrisórias para os garimpeiros atuarem dentro da reserva e ficaria com toda a produção de ouro.
Segundo Brayle, a autorização concedida aos garimpeiros pelos caciques Bekerê e Rayol pode também provocar confronto entre os próprios índios, sobretudo entre as lideranças mais jovens. O superintendente da Polícia Federal no Pará, delegado José Ferreira Sales disse no começo da noite de ontem que a operação para a retirada dos garimpeiros, apesar da greve dos policiais federais, deverá acontecer nas próximas horas.
Durante sobrevôo de helicóptero feito por policiais civis, índios e agentes da Funai na região foram localizados anteontem oito garimpeiros que faziam a extração de ouro com máquinas do tipo "chupadeira" na cabeceira do Igarapé Xambaiu, distante 40 quilômetros do Rio Xingu. Os guerreiros Omre Kayapó e Takakpe Kayapó, que estavam no helicóptero da Funai durante o sobrevôo, contaram ao cacique Brayle que a pista de pouso ao lado do garimpo clandestino vinha sendo utilizada por madeireiros. Com as constantes fiscalizações do Ibama para reprimir a extração de mogno na região, a atividade garimpeira passou a ser a alternativa econômica de alguns empresários de Redenção.
Na pista conhecida por Beira-Rio do Xim Xim, na margem direito do Rio Iriri, os agentes localizaram um barracão coberto por lona amarela, mas não viram nenhum garimpeiro. É provável que eles estivessem escondidos na mata. Na outra pista, a do Igarapé Ximbaiu, foram identificados diversos barracos cobertos com palha e lona, além de vários garimpeiros.
O cacique Brayle chegou a dizer aos policiais que os caiapós captaram pela antena parabólica da aldeia os programas de televisão onde aparecia a matança de garimpeiros praticada pelos índios Cintas-Largas em Rondônia. Ele alertava que isso poderia se repetir no Pará se providências urgentes não forem tomadas. Para Brayle, alguns líderes caiapós deveriam se preocupar com o meio ambiente e a possibilidade de contaminação das águas dos rios e igarapés que cortam a reserva de 2,5 milhões de hectares. O que ele mais teme, porém, é a possibilidade de um conflito entre seus próprios irmãos das aldeias Crocraimoro, Kendjan e Pyrany. Sobre a contaminação pelo mercúrio (usado durante a extração) do Igarapé Xambaiu, que desemboca no Rio Xingu, o cacique chama a atenção para o fato que essa água é a mesma utilizada pelas comunidades indígenas. O peixe, um dos alimentos básicos dos índios, também pode sofrer contaminação e ficar impróprio para consumo. A reserva dos Caiapós em São Félix do Xingu foi demarcada em 1992 e abriga cerca de quatro mil índios, na aldeia Crocaimoro.
Polícia Federal deverá iniciar hoje operação para a retirada de garimpeiros
A Polícia Federal poderá seguir ainda hoje para a aldeia Crocaimoro onde deve realizar a operação de retirada dos garimpeiros que invadiram as terras dos Caiapós. Os índios deram 24 horas para que a operação comece e ameaçam, caso o prazo não seja cumprido, fazer eles mesmo a retirada dos invasores. O risco de novo confronto envolvendo índios e garimpeiros é grande. O principal obstáculo para que a PF começasse a operação era a falta de tranporte. Ontem à tarde, a assessoria de imprensa da Fundação Nacional do Índio (Funai) anunciou que os policiais poderão usar um avião cedido pela Força Aérea Brasileira. Faltava apenas definir os detalhes da operação, o que deverá acontecer hoje.
O primeiro pedido de ajuda dos índios Caiapó chegou à sede da Funai em Brasília na quinta-feira, 29. O chefe do Posto da Fundação em Colider no Mato Grosso, Megaron Txucarramãe, responsável pela aldeia, informou que havia indícios da presença de garimpeiros na área. Na sexta-feira, 30, a Funai fretou um avião e fez um sobrevôo na área. Foram encontradas duas pistas de pouso, barracões e máquinas. Oito pessoas teriam sido avistadas pelos índios durante o vôo. Um novo ofício foi enviado a Brasília, desta vez já com a confirmação da presença dos garimpeiros na aldeia.
A assessoria de Imprensa da Funai informou que na sexta-feira mesmo foi enviado o ofício para a Polícia Federal com pedido de retirada dos garimpeiros. A Funai corre contra o tempo para evitar um novo confronto entre índios e invasores. "Os índios estão aguardando que a Polícia Federal e o Ibama venham tirar os garimpeiros, mas estão impacientes. O clima está tenso", disse Megaron Txucarramãe à reportagem de O LIBERAL.
Ontem à tarde, na sede da Polícia Federal em Belém, já havia a determinação para que uma equipe fosse enviada a São Félix, mas ainda havia dúvidas sobre quando a operação poderia ser realizada porque faltava transporte. Com as estradas intrafegáveis, a única forma de ir de Belém a São Félix atualmente é por avião. O delegado regional Executivo da PF, Raimundo Freitas, disse que ainda tentava conseguir um avião para seguir até a aldeia. Com o anúncio de que a FAB vai ceder a aeronave feita ao presidente da Funai, a operação deve ser apenas uma questão de horas.
Funai repassa informações para negociações para tentar evitar confronto
O pedido de ajuda dos índios Caiapó à Funai ocorreu 22 dias depois do massacre de 29 garimpeiros na aldeia Roosevelt, em Roraima, onde ficam os índios Cinta-Larga. Os garimpeiros estariam na aldeia desde março trabalhando na retirada de diamantes na aldeia Roosevelt, local da maior mina de diamantes da América Latina. Durante o conflito com os índios, havia 35 garimpeiros na área que estariam fazendo a mineração na área sem autorização dos Cinta-Larga. Os garimpeiros teriam sido mortos a tiros. Os Caiapós têm a mesma fama guerreira dos Cinta-Larga.
Não é a primeira vez que as terras dos Caiapós são invadidas. Em 1988, garimpeiros invadiram a reserva Baú, próxima à aldeira Cacroimoro. Os Caiapós pediram ajuda e a área acabou desocupada pela Polícia Federal. Ontem, a assessoria de imprensa da Funai informou que já repassou ao chefe da Fundação em Colider, Megaron Txucarramãe, todas as informações sobre as negociações para a operação de desocupação da área. A idéia é mostrar que providências estão sendo tomadas e com isso, evitar um confronto.
A extração de ouro feita por garimpeiros dentro da reserva caiapó, em São Félix do Xingu, no sul do Pará, é consentida pelos caciques Bekerê e Rayol, da aldeia Pykany. Mas o trabalho está revoltando os índios da aldeia Crocraimoro, que não aceitam a presença dos invasores e estão prontos para expulsá-los do local. O cacique Brayle Kayapó, da aldeia Kendjan, denuncia como responsável pela invasão dos garimpeiros um homem conhecido por Santilo, residente da cidade de Redenção. Ele pagaria quantias irrisórias para os garimpeiros atuarem dentro da reserva e ficaria com toda a produção de ouro.
Segundo Brayle, a autorização concedida aos garimpeiros pelos caciques Bekerê e Rayol pode também provocar confronto entre os próprios índios, sobretudo entre as lideranças mais jovens. O superintendente da Polícia Federal no Pará, delegado José Ferreira Sales disse no começo da noite de ontem que a operação para a retirada dos garimpeiros, apesar da greve dos policiais federais, deverá acontecer nas próximas horas.
Durante sobrevôo de helicóptero feito por policiais civis, índios e agentes da Funai na região foram localizados anteontem oito garimpeiros que faziam a extração de ouro com máquinas do tipo "chupadeira" na cabeceira do Igarapé Xambaiu, distante 40 quilômetros do Rio Xingu. Os guerreiros Omre Kayapó e Takakpe Kayapó, que estavam no helicóptero da Funai durante o sobrevôo, contaram ao cacique Brayle que a pista de pouso ao lado do garimpo clandestino vinha sendo utilizada por madeireiros. Com as constantes fiscalizações do Ibama para reprimir a extração de mogno na região, a atividade garimpeira passou a ser a alternativa econômica de alguns empresários de Redenção.
Na pista conhecida por Beira-Rio do Xim Xim, na margem direito do Rio Iriri, os agentes localizaram um barracão coberto por lona amarela, mas não viram nenhum garimpeiro. É provável que eles estivessem escondidos na mata. Na outra pista, a do Igarapé Ximbaiu, foram identificados diversos barracos cobertos com palha e lona, além de vários garimpeiros.
O cacique Brayle chegou a dizer aos policiais que os caiapós captaram pela antena parabólica da aldeia os programas de televisão onde aparecia a matança de garimpeiros praticada pelos índios Cintas-Largas em Rondônia. Ele alertava que isso poderia se repetir no Pará se providências urgentes não forem tomadas. Para Brayle, alguns líderes caiapós deveriam se preocupar com o meio ambiente e a possibilidade de contaminação das águas dos rios e igarapés que cortam a reserva de 2,5 milhões de hectares. O que ele mais teme, porém, é a possibilidade de um conflito entre seus próprios irmãos das aldeias Crocraimoro, Kendjan e Pyrany. Sobre a contaminação pelo mercúrio (usado durante a extração) do Igarapé Xambaiu, que desemboca no Rio Xingu, o cacique chama a atenção para o fato que essa água é a mesma utilizada pelas comunidades indígenas. O peixe, um dos alimentos básicos dos índios, também pode sofrer contaminação e ficar impróprio para consumo. A reserva dos Caiapós em São Félix do Xingu foi demarcada em 1992 e abriga cerca de quatro mil índios, na aldeia Crocaimoro.
Polícia Federal deverá iniciar hoje operação para a retirada de garimpeiros
A Polícia Federal poderá seguir ainda hoje para a aldeia Crocaimoro onde deve realizar a operação de retirada dos garimpeiros que invadiram as terras dos Caiapós. Os índios deram 24 horas para que a operação comece e ameaçam, caso o prazo não seja cumprido, fazer eles mesmo a retirada dos invasores. O risco de novo confronto envolvendo índios e garimpeiros é grande. O principal obstáculo para que a PF começasse a operação era a falta de tranporte. Ontem à tarde, a assessoria de imprensa da Fundação Nacional do Índio (Funai) anunciou que os policiais poderão usar um avião cedido pela Força Aérea Brasileira. Faltava apenas definir os detalhes da operação, o que deverá acontecer hoje.
O primeiro pedido de ajuda dos índios Caiapó chegou à sede da Funai em Brasília na quinta-feira, 29. O chefe do Posto da Fundação em Colider no Mato Grosso, Megaron Txucarramãe, responsável pela aldeia, informou que havia indícios da presença de garimpeiros na área. Na sexta-feira, 30, a Funai fretou um avião e fez um sobrevôo na área. Foram encontradas duas pistas de pouso, barracões e máquinas. Oito pessoas teriam sido avistadas pelos índios durante o vôo. Um novo ofício foi enviado a Brasília, desta vez já com a confirmação da presença dos garimpeiros na aldeia.
A assessoria de Imprensa da Funai informou que na sexta-feira mesmo foi enviado o ofício para a Polícia Federal com pedido de retirada dos garimpeiros. A Funai corre contra o tempo para evitar um novo confronto entre índios e invasores. "Os índios estão aguardando que a Polícia Federal e o Ibama venham tirar os garimpeiros, mas estão impacientes. O clima está tenso", disse Megaron Txucarramãe à reportagem de O LIBERAL.
Ontem à tarde, na sede da Polícia Federal em Belém, já havia a determinação para que uma equipe fosse enviada a São Félix, mas ainda havia dúvidas sobre quando a operação poderia ser realizada porque faltava transporte. Com as estradas intrafegáveis, a única forma de ir de Belém a São Félix atualmente é por avião. O delegado regional Executivo da PF, Raimundo Freitas, disse que ainda tentava conseguir um avião para seguir até a aldeia. Com o anúncio de que a FAB vai ceder a aeronave feita ao presidente da Funai, a operação deve ser apenas uma questão de horas.
Funai repassa informações para negociações para tentar evitar confronto
O pedido de ajuda dos índios Caiapó à Funai ocorreu 22 dias depois do massacre de 29 garimpeiros na aldeia Roosevelt, em Roraima, onde ficam os índios Cinta-Larga. Os garimpeiros estariam na aldeia desde março trabalhando na retirada de diamantes na aldeia Roosevelt, local da maior mina de diamantes da América Latina. Durante o conflito com os índios, havia 35 garimpeiros na área que estariam fazendo a mineração na área sem autorização dos Cinta-Larga. Os garimpeiros teriam sido mortos a tiros. Os Caiapós têm a mesma fama guerreira dos Cinta-Larga.
Não é a primeira vez que as terras dos Caiapós são invadidas. Em 1988, garimpeiros invadiram a reserva Baú, próxima à aldeira Cacroimoro. Os Caiapós pediram ajuda e a área acabou desocupada pela Polícia Federal. Ontem, a assessoria de imprensa da Funai informou que já repassou ao chefe da Fundação em Colider, Megaron Txucarramãe, todas as informações sobre as negociações para a operação de desocupação da área. A idéia é mostrar que providências estão sendo tomadas e com isso, evitar um confronto.
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