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Em Sidrolândia, tensão à espera da Força

06/06/2013

Fonte: O Globo, País, p. 6



Em Sidrolândia, tensão à espera da Força
Índios estão dispersos; fazendeiros retiram gado da área

SÉRGIO ROXO
Enviado especial
sergio.roxo@sp.oglobo.com.br

SIDROLÂNDIA (MS) - Mesmo com a suspensão da ordem de desocupação da fazenda Buriti, o clima foi de tensão, ontem, na região de conflito entre índios e produtores rurais em Sidrolândia, a 71 quilômetros de Campo Grande. Dispostos a reagir à eventual ação da polícia para tirá-los da área, os terena mostravam desconfiança com quem se aproximasse.
Depois do conflito da semana passada, que resultou na morte do índio Oziel Gabriel, os terena mudaram a tática de ocupação da fazenda. Em vez de acamparem na clareira central, se dividiram por toda a área. Alguns optaram por se refugiar na mata, onde teriam mais facilidade para reagir em caso de uma ação policial para o cumprimento da ordem de reintegração.
No final da manhã, quando ainda havia possibilidade de ação policial, boa parte das mulheres e crianças tinha sido mandada para a aldeia, ali na vizinhança. Na área central da propriedade, o movimento era constante.
Para chegar até a fazenda Buriti é preciso pegar uma estrada vicinal que cruza a Fazenda Cambara, também invadida. Em dois trechos do caminho havia troncos no acostamento, que poderiam ser usados para bloquear a passagem de carros.
No percurso, estão dois acampamentos. No primeiro deles, havia quatro carros, e um índio dirigia um trator. No segundo acampamento, próximo da entrada da Buriti, havia três carros. Por toda a estrada, os terena circulam de moto, muitas sem placa. Eles se recusavam a conversar. Por volta das 12h30, um ônibus lotado de índios chegou ao local.
A expectativa da prefeitura é que os homens da Força Nacional cheguem hoje à cidade. Eles vão ficar alojados em um centro de exposição na entrada do município. A zona de conflito fica a 20 quilômetros do local.
De acordo com o Sindicato Rural de Sidrolândia, seis fazendas do município foram invadidas nas últimas semanas. Os índios reivindicam uma área de 17.200 hectares na região, que abrange parte de 23 propriedades. Os terena estão em nove aldeias, mas lutam para expandir o seu território. Cerca de 6 mil índios vivem na região. A etnia é a segunda mais representativa em Mato Grosso do Sul, com 27,3 mil dos 77 mil índios do estado. Há 52 terras índigenas, com um total de 731,8 mil hectares.
As fazendas da área em disputa são usadas principalmente para a criação de gado. Ontem, os proprietários se preocuparam em tirar os seus rebanhos do local. Mais de 20 caminhões foram usados para recolher os animais.
Dono da Fazenda Buriti, o ex-deputado Ricardo Bacha diz que criava 350 cabeças de gado em sua propriedade, de 300 hectares.
Após a visita do ministro José Eduardo Cardozo, as principais lideranças dos terena comemoraram.
- Graças a Deus, o ministro veio nos apoiar. Era disso que estavamos precisando. De uma paz, de uma tranquilidade - afirmou, ao Jornal Nacional, Genivaldo Antônio Campos, líder indígena.

O Globo, 06/06/2013, País, p. 6

http://oglobo.globo.com/pais/em-sidrolandia-tensao-espera-da-forca-8605662
 

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