From Indigenous Peoples in Brazil
News
BNDES vai lançar fundo para projetos dos caiapós
07/06/2013
Fonte: Valor Econômico, Brasil, p. A3
BNDES vai lançar fundo para projetos dos caiapós
Daniela Chiaretti
De São Paulo
O BNDES e duas organizações não-governamentais estão lançando uma iniciativa que pode garantir o futuro de um dos povos indígenas mais famosos do Brasil, os caiapós, além de preservar mais de 10 milhões de hectares de floresta, ou 3% do bioma Amazônia. Trata-se do Fundo Kayapó, que começou com um capital de quase R$ 15 milhões e agora vai apoiar projetos feitos por organizações caiapós para melhorar a qualidade de vida da etnia e, ao mesmo tempo, proteger a Amazônia.
O formato do fundo é inédito. Foi iniciado em abril de 2012 com R$ 14,36 milhões colocados em uma conta pelo BNDES e pela ONG Conservação Internacional do Brasil (CI), que há 20 anos trabalha com o povo caiapó. O aporte foi feito em partes iguais pelo banco e pela ONG. Os recursos do BNDES vêm do Fundo Amazônia, criado em 2008 com dinheiro doado pela Noruega no âmbito das negociações climáticas internacionais.
"É um projeto pioneiro", diz Claudia Costa, chefe do departamento responsável pelo Fundo Amazônia no BNDES, referindo-se ao Fundo Kayapó. "Queremos avançar nas melhores formas possíveis de continuar conservando florestas com instrumentos financeiros que garantam a sustentabilidade destas ações." As comunidades indígenas e seus territórios são alvos prioritários do Fundo Amazônia (que já apoiou, em outras bases, um projeto com os terenas). "Terras indígenas são comprovadamente áreas onde a floresta está mais conservada", registra ela.
O gestor do Fundo Kayapó é o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio), ONG criada em 1996 que financia projetos de conservação da biodiversidade em todos os biomas brasileiros, à exceção do Pantanal. Fábio Leite, gestor da área de programas do Funbio explica que o Fundo Kayapó é um instrumento do tipo "endowment", comum nos Estados Unidos e que banca universidades como Harvard ou Yale. O capital principal gera recursos, e só se utiliza o retorno financeiro da aplicação nos projetos.
O Fundo Kayapó tem hoje R$ 15,7 milhões. Destes, R$ 660 mil serão destinados ao apoio de projetos pelo 1o edital a ser lançado. A ideia é apoiar projetos que melhorem a qualidade de vida dos índios com iniciativas de geração de renda, saúde e educação, e que mantenham a cobertura vegetal da Amazônia, diz Leite. A prioridade à seleção dos projetos será dada a organizações que tenham caiapós em seu conselho.
A história do Fundo Kayapó começou com a CI, em 2006. Trouxe investidores internacionais para apoiar cadeias produtivas, ajudaram a criar a terra indígena. Mas as fontes de recursos sempre se esgotavam e tinham que ser captadas de novo. "O Brasil cria áreas protegidas e terras indígenas, mas como podemos mantê-las? Vai ficar sempre para a Funai e o Ibama pagarem a conta?", questiona André Guimarães, diretor-executivo da CI-Brasil. Ele acredita que o modelo do Fundo Kayapó pode ser multiplicado para outras terras e unidades de conservação por ser um modelo perene.
O Fundo irá privilegiar dois tipos de projetos. Um deles é institucional, de investir nas entidades que defendem os interesses dos índios. O outro está ligado a cadeias produtivas, da produção de óleos essenciais à coleta de frutos e fibras e ao belo artesanato com miçangas que é marca caiapó. "O importante é que estas comunidades possam receber mais por unidade de produto. Hoje elas enfrentam uma cadeia de produção, transporte e comercialização ineficiente", diz ele.
A CI planeja fazer um road show pela Europa visitando fundações, governos e instituições para conseguir mais doações ao Fundo. O BNDES contratou um estudo para fazer o acompanhamento do resultado, com um levantamento da situação atual do território e monitoramento nos próximos cinco anos em relação à evolução do desmatamento. Se o resultado for satisfatório e ocorrerem outras doações, o banco pode aportar recursos até o limite de R$ 16,9 milhões.
Valor Econômico, 07/06/2013, Brasil, p. A3
http://www.valor.com.br/brasil/3152948/bndes-vai-lancar-fundo-para-projetos-dos-caiapos
Daniela Chiaretti
De São Paulo
O BNDES e duas organizações não-governamentais estão lançando uma iniciativa que pode garantir o futuro de um dos povos indígenas mais famosos do Brasil, os caiapós, além de preservar mais de 10 milhões de hectares de floresta, ou 3% do bioma Amazônia. Trata-se do Fundo Kayapó, que começou com um capital de quase R$ 15 milhões e agora vai apoiar projetos feitos por organizações caiapós para melhorar a qualidade de vida da etnia e, ao mesmo tempo, proteger a Amazônia.
O formato do fundo é inédito. Foi iniciado em abril de 2012 com R$ 14,36 milhões colocados em uma conta pelo BNDES e pela ONG Conservação Internacional do Brasil (CI), que há 20 anos trabalha com o povo caiapó. O aporte foi feito em partes iguais pelo banco e pela ONG. Os recursos do BNDES vêm do Fundo Amazônia, criado em 2008 com dinheiro doado pela Noruega no âmbito das negociações climáticas internacionais.
"É um projeto pioneiro", diz Claudia Costa, chefe do departamento responsável pelo Fundo Amazônia no BNDES, referindo-se ao Fundo Kayapó. "Queremos avançar nas melhores formas possíveis de continuar conservando florestas com instrumentos financeiros que garantam a sustentabilidade destas ações." As comunidades indígenas e seus territórios são alvos prioritários do Fundo Amazônia (que já apoiou, em outras bases, um projeto com os terenas). "Terras indígenas são comprovadamente áreas onde a floresta está mais conservada", registra ela.
O gestor do Fundo Kayapó é o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio), ONG criada em 1996 que financia projetos de conservação da biodiversidade em todos os biomas brasileiros, à exceção do Pantanal. Fábio Leite, gestor da área de programas do Funbio explica que o Fundo Kayapó é um instrumento do tipo "endowment", comum nos Estados Unidos e que banca universidades como Harvard ou Yale. O capital principal gera recursos, e só se utiliza o retorno financeiro da aplicação nos projetos.
O Fundo Kayapó tem hoje R$ 15,7 milhões. Destes, R$ 660 mil serão destinados ao apoio de projetos pelo 1o edital a ser lançado. A ideia é apoiar projetos que melhorem a qualidade de vida dos índios com iniciativas de geração de renda, saúde e educação, e que mantenham a cobertura vegetal da Amazônia, diz Leite. A prioridade à seleção dos projetos será dada a organizações que tenham caiapós em seu conselho.
A história do Fundo Kayapó começou com a CI, em 2006. Trouxe investidores internacionais para apoiar cadeias produtivas, ajudaram a criar a terra indígena. Mas as fontes de recursos sempre se esgotavam e tinham que ser captadas de novo. "O Brasil cria áreas protegidas e terras indígenas, mas como podemos mantê-las? Vai ficar sempre para a Funai e o Ibama pagarem a conta?", questiona André Guimarães, diretor-executivo da CI-Brasil. Ele acredita que o modelo do Fundo Kayapó pode ser multiplicado para outras terras e unidades de conservação por ser um modelo perene.
O Fundo irá privilegiar dois tipos de projetos. Um deles é institucional, de investir nas entidades que defendem os interesses dos índios. O outro está ligado a cadeias produtivas, da produção de óleos essenciais à coleta de frutos e fibras e ao belo artesanato com miçangas que é marca caiapó. "O importante é que estas comunidades possam receber mais por unidade de produto. Hoje elas enfrentam uma cadeia de produção, transporte e comercialização ineficiente", diz ele.
A CI planeja fazer um road show pela Europa visitando fundações, governos e instituições para conseguir mais doações ao Fundo. O BNDES contratou um estudo para fazer o acompanhamento do resultado, com um levantamento da situação atual do território e monitoramento nos próximos cinco anos em relação à evolução do desmatamento. Se o resultado for satisfatório e ocorrerem outras doações, o banco pode aportar recursos até o limite de R$ 16,9 milhões.
Valor Econômico, 07/06/2013, Brasil, p. A3
http://www.valor.com.br/brasil/3152948/bndes-vai-lancar-fundo-para-projetos-dos-caiapos
The news items published by the Indigenous Peoples in Brazil site are researched daily from a variety of media outlets and transcribed as presented by their original source. ISA is not responsible for the opinios expressed or errors contained in these texts. Please report any errors in the news items directly to the source