From Indigenous Peoples in Brazil

News

Ação do MPF aponta que identificação de terra indígena não avança por omissão da Polícia Federal

17/03/2016

Fonte: MPF- http://www.mpf.mp.br



Há quase 12 anos, em setembro de 2004, a presidência da Funai publicou a portaria que deu início ao procedimento administrativo de identificação e delimitação da Terra Indígena Kapotnhinore, na região nordeste de Mato Grosso. Até hoje esse trabalho não foi concluído. O caso grave de afronta aos direitos indígenas foi levado à justiça pelo Ministério Público Federal por meio de uma ação que requer que a União assegure condições de segurança para que a Funai finalize os estudos necessários para dar seguimento à demarcação do território indígena.

A área reivindicada pelos índios das etnias Mebengôkré (Kaiapó) e Yudjá (Juruna) está localizada nos municípios mato-grossenses de Santa Cruz do Xingu e Vila Rica, e em São Félix do Xingu, no Pará. Na região, um movimento de fazendeiros contesta o reconhecimento do território indígena, empreendendo atos, em tese, criminosos para paralisar os estudos de demarcação.

Dois incidentes recentes demonstram o clima tenso da região. Em maio do ano passado, a equipe da Funai - que já havia se reunido com autoridades dos municípios abrangidos pelo território indígena - seguia viagem para dar continuidade ao trabalho e foi surpreendida por cerca de 20 pessoas em vários veículos formando uma barreira. Integrantes do grupo proferiram ameaças e chegaram a tomar a chave do veículo da Funai. Exaltados, avisaram que a equipe de servidores não poderia seguir e, se a ordem fosse descumprida, o grupo não se responsabilizaria pelo que poderia vir a acontecer. Depois desse fato, o próprio delegado da Polícia Civil de Confresa, município próximo, avaliou que "é impossível realizar um trabalho desta natureza na área sem a força policial federal".

Dois meses depois, em junho de 2015, uma equipe composta pelo Ministério Público Federal, Polícia Federal e lideranças indígenas teve sua passagem obstruída em rodovia que dá acesso ao município de Santa Cruz do Xingu. Entre os participantes do ato, estava o prefeito do município. Com auxílio da força policial, a equipe prosseguiu viagem, mas teve seu carro seguido por fazendeiros até as proximidades da aldeia indígena.

Para o MPF, é urgente a continuação dos estudos de demarcação da terra indígena. "A primeira portaria para início dos estudos de identificação e delimitação data de 2004, há cerca de 12 anos. Nesse período, como acontece em casos semelhantes, as forças políticas e econômicas contrárias à garantia dos direitos territoriais indígenas empreendem um rápido avanço sobre áreas em estudo com o objetivo de dificultar o reconhecimento dos direitos fundamentais das comunidades indígenas", enfatizou o órgão.

Ocorre que, no momento atual, os estudos não avançam em razão da falta de apoio policial para os trabalhos da FUNAI. No entendimento do MPF, levado à Justiça Federal por meio de ação civil pública, cabe à Polícia Federal prestar o apoio necessário para a conclusão dos estudos. De acordo com a ação, "apesar dos esforços do Ministério Público Federal e da Funai, os trabalhos de campo não foram retomados. No âmbito da administração pública federal, o principal óbice à garantia dos direitos territoriais das etnias Kayapó e Juruna é o descaso da Polícia Federal".

Na ação proposta no dia 7 de março, o MPF pede que a justiça declare a mora do Estado brasileiro no processo de demarcação da Terra Indígena Kapotnhinore e que a União, por meio do Departamento de Polícia Federal, assegure à Funai meios e condições de segurança para a conclusão dos estudos de campo.

Para o MPF, além da evidente violação dos direitos reconhecidos aos povos indígenas, a mora administrativa na demarcação dos territórios tradicionais avilta o valor da terra, prejudica a produção, acirra a violência, impede a programação futura dos grupos econômicos, gera ódios raciais e violência. Considerando o decurso de mais de 12 anos desde o início dos estudos, o MPF pede que seja designado prazo de 90 dias para sua conclusão.

A ação tramita na Justiça Federal de Barra do Garças, processo no 353-65.2016.4.01.3605.



http://www.mpf.mp.br/mt/sala-de-imprensa/noticias-mt/acao-do-mpf-aponta-que-identificacao-de-terra-indigena-nao-avanca-por-omissao-da-policia-federal
 

The news items published by the Indigenous Peoples in Brazil site are researched daily from a variety of media outlets and transcribed as presented by their original source. ISA is not responsible for the opinios expressed or errors contained in these texts. Please report any errors in the news items directly to the source