From Indigenous Peoples in Brazil

News

Fórum regional irá discutir política pública para Educação Escolar Indígena

18/05/2016

Fonte: Cenário MT - http://www.cenariomt.com.br



Com o objetivo de definir uma proposta política pedagógica que atenda às necessidades da etnia e a metodologia a ser aplicada, lideranças indígenas começam os preparativos para o Fórum Regional de Política Pública para Educação Escolar Xavante em Mato Grosso, no âmbito do Território Etnoeducacional A' uwê Uptabi. O evento ocorre na primeira quinzena de agosto na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Campus de Barra do Garças, e pretende reunir cerca de 300 participantes.

Com emissão de certificados, a programação será destinada a professores e lideranças das Terras Indígenas (TI) Xavante de São Marcos, Sangradouro, Pimentel Barbosa, Areões Parabubure, Marãiwatsédé, Marechal Rondon e Areões. Além de instituições parceiras como a Fundação Nacional do Índio (Funai), Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) Xavante, Centro de Formação e Atualização de Professores (Cefapro) de Barra do Garças, UFMT e Secretaria Estadual de Educação, Esporte e Lazer (Seduc).

"É uma orientação dos Conselhos de Educação Escolar Indígena (Ceei) a necessidade de elaborar as diretrizes da Política de Educação Escolar Indígena para Mato Grosso, de forma participativa dos povos indígenas e dos profissionais de educação envolvidos. Isso vai ocorrer com todos os polos de território étnico racial", destaca o secretário adjunto de Política Educacional da Seduc, Gilberto Fraga de Melo.

No caso dos Xavantes a alegação, que se assemelha às dos demais povos, é que a etnia não consegue associar o calendário escolar proposto pelo estado aos ritos e cultura próprios e que, dessa forma, falta tempo para o ensino/aprendizagem e disseminação dos costumes tradicionais. "Nossa maior dificuldade é o currículo escolar. Queremos definir um que seja próprio para o nosso povo. Temos índios com formação, capacitados para ensinar, mas nossos xavantes não estão conseguindo ser formados na nossa cultura porque o calendário definido para as escolas atrapalha a realização dos nossos hábitos", avalia o representante indígena Xisto Xavante, que também é professor da rede.

De acordo com ele, o Xavante tem um ritual a ser seguido desde criança que se perpetua por diversas fases da vida, mas que de algum modo está sofrendo com a interferência da escola que tem que frequentar. "Queremos que seja feita a junção, respeitando um cronograma próprio, que venha ao encontro das nossas necessidades e nossa tradição", frisa.

Xisto cita ainda a existência de legislação federal que garante esses direitos, portanto, defende que as diretrizes curriculares sigam os parâmetros desta legislação, que trata das especificidades de cada etnia. Entre elas, prevê o acesso a outras culturas e ensino bilíngue, mas dentro de uma programação diferenciada. "Queremos que nossos conhecimentos tradicionais sejam cada vez mais respeitados e valorizados", enfatiza o professor.


Em pauta


Além de uma matriz curricular específica, os Grupos de Trabalhos (GT) vão debater a formação inicial e continuada (formação voltada para o eixo profissional, licenciatura e magistério intercultural, mestrado e doutorado) e a formação contínua, que abrange o desenvolvimento profissional. E ainda, a carreira dos profissionais da educação com concurso público específico, categoria professor indígena e eixo profissional e o regime de colaboração para a garantia da educação escolar indígena, gestão democrática, e outros.

Serão formados cinco GTs que contarão cada um com um mediador, um secretário e um relator. Eles vão discutir temas peculiares com o objetivo de elaborar e aprovar propostas que serão apresentadas na plenária, composta por todos os participantes.

A sistematização do conteúdo elaborado será de responsabilidade de uma equipe, incluindo a revisão do documento definido. "O documento final será composto de três partes: marco legal, marco filosófico e marco operativo para que uma comissão, que será eleita, protocole-o junto à Seduc", completa Xisto.

O Fórum Regional deverá redigir um documento com as diretrizes encabeçadas pelo povo A' uwê Uptabi para compor a Política de Educação Escolar Indígena para o Estado de Mato Grosso.



http://www.cenariomt.com.br/noticia/524550/forum-regional-ira-discutir-politica-publica-para-educacao-escolar-indigena.html
 

The news items published by the Indigenous Peoples in Brazil site are researched daily from a variety of media outlets and transcribed as presented by their original source. ISA is not responsible for the opinios expressed or errors contained in these texts. Please report any errors in the news items directly to the source