From Indigenous Peoples in Brazil
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"O povo yawanawa é mais que um pedaço de terra"
23/09/2005
Autor: Andréa Zílio
Fonte: Página 20-Rio Branco-AC
Depois de conturbados meses em que o povo yawanawa sentiu a ameaça de perder a terra em que pratica sua tradição e modo de vida, com a caça, pesca e área do cemitério sagrado, mas que oficialmente ainda não pertence a eles e foi vendida ao empresário Carlos Massa, o Ratinho, o cacique da tribo, Biraci Brasil Yawanawa, manifesta-se.
Em entrevista exclusiva ao Página 20, ele diz que existe um documento do processo da nova demarcação que deve ser encaminhado este ano à Fundação Nacional do Índio (Funai) e ao Ministério da Justiça, comenta o apoio do governador do Acre e anuncia uma nova carta aberta.
Como se iniciou a polêmica das terras com o povo yawanawa?
Hoje nossa terra é demarcada em 92.582 mil quilômetros, mas existe uma área que antes pertencia à Paranacre, que sempre foi utilizada pelo nosso povo para caçar, pescar e onde está a metade do nosso cemitério sagrado. Essa empresa vendeu as suas terras para a Tinderacre.
Reivindicávamos a terra porque a usamos, mas nunca o nosso povo tinha se sentido ameaçado, e com o asfaltamento da BR-364, a instalação de grandes empresas para o desenvolvimento daquele lugar preocupa a gente. Por isso decidimos definir com o governo brasileiro a nova demarcação
A BR-364 representa uma ameaça?
Vemos que onde tem estrada, tem desenvolvimento. Ela não é uma ameaça para nosso povo, desde que nossa área esteja bem definida. Não somos contra o desenvolvimento, ao contrário, mas queremos a demarcação de nossa terra, para assim preservamos nosso povo e contribuirmos da maneira que a gente puder.
Foi com a ameaça de perder as terras que decidiram se manifestar com a carta publicada pela imprensa?
Durante o festival Yawa, uma festa sagrada de nosso povo que acontece todo mês de julho, a imprensa local e nacional divulgou a compra das terras da Paranacre, que o empresário Ratinho tinha adquirido, inclusive, a área que ocupamos. Sentimos que se não fosse definido agora, perderíamos o direito de visitar uma terra em que sempre estivemos, onde estão nossos ancestrais. Fomos ao público manifestar que ela é de uso imemorável do povo yawanawa.
Existe algum relatório que aponta para uma nova demarcação?
Existe. Ele foi feito em 2003, e em 2004 uma delegação do nosso povo foi até Brasília para pedir ao ministro da Justiça e ao presidente da Funai, a demarcação. Uma equipe esteve em nossa terra no fim do ano passado e fez o estudo da delimitação, com levantamento fundiário. Esse relatório deve ser entregue esse ano para os dois órgãos, depois deve vir o processo demarcativo da terra, caso não haja contestação de terceiros, que nesse caso pode ser a Tinderac.
A reunião com o governador foi para tentar impedir isso?
Exatamente. Fomos falar com o governador para que interceda junto a Funai e ao Ministério da Justiça para que a gente continue fazendo nosso mariri, caçando, pescando e preservando os recursos naturais de onde estamos. Jorge Viana que é uma pessoa que tem o respeito e carinho do nosso povo prometeu ficar do nosso lado, e ajudar nisso. Ele disse que pretende resolver isso com todas as etnias indígenas do Acre antes de sair do seu mandato.
Foi essa atitude que os levou a fazer outra carta?
Decidimos mostrar para as pessoas que são amigos do povo yawanawa que a primeira carta oi feita para manifestar o desejo de nosso povo, e não atingir ninguém, e isso acabou acontecendo com a política do Governo. A segunda carta é para esclarecer que apenas estamos lutando pela nossa terra, e explicar ao público, a imprensa, e instituições, inclusive, internacionais, que já está esclarecido para nosso povo toda essa questão.
Como você define seu povo e o que ele representa ao Acre?
O povo yawanawa é mais que um pedaço de terra. Nosso povo tem sido um dos povos indígenas pioneiros nas iniciativas inovadoras. O yawanawa tem contribuído com uma política inovadora na questão indígena. Queremos continuar contribuindo com o Estado e seu desenvolvimento, que é o que o Acre merece, mas tudo isso preservando nossas tradições, conhecimentos do nosso povo, que mantém sua tradição sendo também dono de grife. Ela mostra a nossa cultura em estampas, levando nossa história para todo o mundo. Queremos acompanhar o mundo da cidade somente para trabalharmos com ele, mas sem que ninguém atropele nossa cultura e nossa história. Isso é o que pensa o povo da Queixada.
Em entrevista exclusiva ao Página 20, ele diz que existe um documento do processo da nova demarcação que deve ser encaminhado este ano à Fundação Nacional do Índio (Funai) e ao Ministério da Justiça, comenta o apoio do governador do Acre e anuncia uma nova carta aberta.
Como se iniciou a polêmica das terras com o povo yawanawa?
Hoje nossa terra é demarcada em 92.582 mil quilômetros, mas existe uma área que antes pertencia à Paranacre, que sempre foi utilizada pelo nosso povo para caçar, pescar e onde está a metade do nosso cemitério sagrado. Essa empresa vendeu as suas terras para a Tinderacre.
Reivindicávamos a terra porque a usamos, mas nunca o nosso povo tinha se sentido ameaçado, e com o asfaltamento da BR-364, a instalação de grandes empresas para o desenvolvimento daquele lugar preocupa a gente. Por isso decidimos definir com o governo brasileiro a nova demarcação
A BR-364 representa uma ameaça?
Vemos que onde tem estrada, tem desenvolvimento. Ela não é uma ameaça para nosso povo, desde que nossa área esteja bem definida. Não somos contra o desenvolvimento, ao contrário, mas queremos a demarcação de nossa terra, para assim preservamos nosso povo e contribuirmos da maneira que a gente puder.
Foi com a ameaça de perder as terras que decidiram se manifestar com a carta publicada pela imprensa?
Durante o festival Yawa, uma festa sagrada de nosso povo que acontece todo mês de julho, a imprensa local e nacional divulgou a compra das terras da Paranacre, que o empresário Ratinho tinha adquirido, inclusive, a área que ocupamos. Sentimos que se não fosse definido agora, perderíamos o direito de visitar uma terra em que sempre estivemos, onde estão nossos ancestrais. Fomos ao público manifestar que ela é de uso imemorável do povo yawanawa.
Existe algum relatório que aponta para uma nova demarcação?
Existe. Ele foi feito em 2003, e em 2004 uma delegação do nosso povo foi até Brasília para pedir ao ministro da Justiça e ao presidente da Funai, a demarcação. Uma equipe esteve em nossa terra no fim do ano passado e fez o estudo da delimitação, com levantamento fundiário. Esse relatório deve ser entregue esse ano para os dois órgãos, depois deve vir o processo demarcativo da terra, caso não haja contestação de terceiros, que nesse caso pode ser a Tinderac.
A reunião com o governador foi para tentar impedir isso?
Exatamente. Fomos falar com o governador para que interceda junto a Funai e ao Ministério da Justiça para que a gente continue fazendo nosso mariri, caçando, pescando e preservando os recursos naturais de onde estamos. Jorge Viana que é uma pessoa que tem o respeito e carinho do nosso povo prometeu ficar do nosso lado, e ajudar nisso. Ele disse que pretende resolver isso com todas as etnias indígenas do Acre antes de sair do seu mandato.
Foi essa atitude que os levou a fazer outra carta?
Decidimos mostrar para as pessoas que são amigos do povo yawanawa que a primeira carta oi feita para manifestar o desejo de nosso povo, e não atingir ninguém, e isso acabou acontecendo com a política do Governo. A segunda carta é para esclarecer que apenas estamos lutando pela nossa terra, e explicar ao público, a imprensa, e instituições, inclusive, internacionais, que já está esclarecido para nosso povo toda essa questão.
Como você define seu povo e o que ele representa ao Acre?
O povo yawanawa é mais que um pedaço de terra. Nosso povo tem sido um dos povos indígenas pioneiros nas iniciativas inovadoras. O yawanawa tem contribuído com uma política inovadora na questão indígena. Queremos continuar contribuindo com o Estado e seu desenvolvimento, que é o que o Acre merece, mas tudo isso preservando nossas tradições, conhecimentos do nosso povo, que mantém sua tradição sendo também dono de grife. Ela mostra a nossa cultura em estampas, levando nossa história para todo o mundo. Queremos acompanhar o mundo da cidade somente para trabalharmos com ele, mas sem que ninguém atropele nossa cultura e nossa história. Isso é o que pensa o povo da Queixada.
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