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Supersafra: soja cobre áreas de pastagens degradadas e avança mais de 20% na Amazônia
18/07/2025
Fonte: OESP - https://www.estadao.com.br/
Supersafra: soja cobre áreas de pastagens degradadas e avança mais de 20% na Amazônia
Biotecnologia pode multiplicar produção sem avanço territorial, diz Embrapa; Imazon alerta para alta de 15% no desmatamento por ação de madeireiros e incêndios
18/07/2025
José Maria Tomazela
Um mapeamento inédito da soja no Brasil mostrou que o cultivo do grão registrou um avanço de 20,7% no bioma Amazônia na safra 2024/25, em relação à anterior. A análise, da SpectraX, especializada em inteligência territorial e monitoramento agroambiental, apontou, porém, que o avanço aconteceu quase exclusivamente sobre áreas de pastagens e não implicou em desmatamentos.
O Brasil está colhendo mais uma safra recorde de grãos, com produção prevista de 336,1 milhões de toneladas, e a soja é o carro-chefe, com 169,6 milhões de toneladas.
A Embrapa Soja vê o grão contribuindo para a eficiência da produção de carne bovina e aponta a biotecnologia como o futuro da soja brasileira, multiplicando a produtividade sem maior ocupação territorial.
O Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) diz que o desmatamento no bioma cresceu 15% de agosto de 2024 a maio deste ano e alerta para a necessidade de controlar a ação dos madeireiros e os incêndios que atingem a floresta.
Conforme o estudo da SpectraX, o Mato Grosso foi o Estado com mais incremento de área com soja, ganhando 893 mil hectares a mais para chegar a 13,9 milhões de hectares com o grão. A maior expansão foi no bioma Amazônia, no norte do Estado. No Maranhão, a soja teve aumento de 475 mil hectares, atingindo total de 1,6 milhão.
No Estado do Pará, houve um incremento de 443 mil hectares, chegando a 1,5 milhão de hectares com lavouras de soja nesta safra. Tocantins cresceu 402 mil hectares, avançando para 1,6 milhão. Houve crescimento expressivo, de 332 mil hectares, em Rondônia - o cultivo atingiu 815 mil hectares nesta safra.
O Estado de Roraima começa a aparecer no mapa da soja: de uma safra para a outra, houve aumento de 98 mil hectares. Os Estados de Amazonas, Amapá e Acre, que completam o território da Amazônia no Brasil, não registraram cultivos novos de soja.
Em contrapartida, a soja praticamente estagnou em Mato Grosso do Sul, registrando até um pequeno recuo na área cultivada nesta safra. "Com o avanço do grão no bioma Amazônia, está se desenhando um novo mapa da soja no País. Mas o cultivo acontece em áreas já abertas, principalmente de pastagens degradadas", diz o pesquisador Carlos Silva Junior, CEO da SpectraX.
A nova análise evidencia uma transformação importante na dinâmica agrícola brasileira, especialmente nas regiões da Amazônia Legal. O mapeamento da safra 2024/2025 mostra um crescimento expressivo nas áreas de cultivo de soja em Estados do Norte do país, enquanto regiões tradicionais enfrentam estagnação na área, embora tenham evoluído na produção.
O Estado de Mato Grosso - maior produtor nacional de grãos - ampliou sua área plantada em 6,9%. "Esse avanço posiciona Mato Grosso e Pará como os principais responsáveis pela expansão agrícola dentro do bioma amazônico. Rondônia, Tocantins, Maranhão e Roraima também contribuíram significativamente para esse processo, compondo o grupo de estados que puxaram o crescimento da soja na Amazônia", diz Silva Junior.
A análise da SpectraX mostra um contraste importante quando se observam outras regiões produtoras. "Por exemplo, o Mato Grosso do Sul não apresentou evolução nas áreas de soja nesta safra, em comparação com 2023/2024. Isso pode estar ligado aos efeitos das intempéries climáticas, que impactaram negativamente o desempenho agrícola do estado", avalia o pesquisador.
As análises têm sido usadas para gerar diagnósticos que ajudam produtores, entidades públicas e tomadores de decisão a entender o avanço do uso da terra e seus efeitos sobre o meio ambiente e a economia. "Hoje está claro, por exemplo, que a soja não avança somente em pastagens degradadas, mas também em áreas de pasto bom, contribuindo para melhorar essas pastagens, em sistemas em que a produção de carne bovina entra na rotação com as lavouras", diz.
Os dados reforçam o papel da tecnologia e da inteligência territorial para compreender os impactos e tendências do setor agropecuário. O mapeamento aponta para onde a soja ainda pode se expandir. "Há grandes áreas que podem ser cultivadas no norte do Mato Grosso, no sul e sudoeste do Pará, em Rondônia e também no Estado de Roraima. São novas fronteiras para onde a soja ainda pode expandir", afirma o CEO.
Para Alexandre Nepomuceno, chefe da Embrapa Soja, o Código Florestal brasileiro é o mais rigoroso do mundo e exige que se preserve 80% das áreas com matas nas propriedades rurais da Amazônia. "O produtor pode usar 20% dessas áreas, mas nem isso ele usa. O avanço das lavouras acontece em áreas de pastagens. O Brasil tem 3% das emissões de gases no planeta e 1% é da agricultura. É mais uma prova de que a soja não desmata."
Edição gênica para acelerar potencial
O especialista aponta que o Brasil é o maior produtor e exportador de carne bovina do mundo e, nas últimas três décadas, o País aumentou a eficiência da pecuária com sistemas de integração de pastagem, lavoura e floresta. "Onde se colocava um ou dois animais por hectare, hoje cabem seis ou sete. Isso abriu um campo imenso para a produção de grãos em áreas de pasto. O país pode ampliar a produção de carne e de soja sem derrubar uma árvore."
Ele defende que a grande aposta do Brasil para a soja deve ser na biotecnologia, que permite produzir mais na mesma área ou em terrenos onde hoje não se produz. "A média nacional na década de 80 era 1.700 kg de soja por hectare. Hoje, é 3.600 kg por hectare. O aumento foi muito maior na produtividade do que na área."
O que houve, segundo Nepomuceno, foi a melhora na genética da soja, o uso da biotecnologia nas sementes e melhores práticas de manejo do solo. Ele prevê que um novo salto deve ser dado com a difusão da edição gênica, técnica que permite manipular geneticamente os genes da planta, produzindo, por exemplo, cultivares resistentes à seca. "Hoje, já temos produtores produzindo até 6 ou 7 toneladas de soja por hectare. Com as novas tecnologias, temos potencial para chegar a 12 toneladas ou mais."
A edição genética ou gênica, conhecida pela sigla Crispr (na tradução do inglês, Repetições Palindrômicas Curtas Agrupadas Regularmente Espaçadas) é uma técnica revolucionária que permite modificações precisas no DNA de células e organismos já dominada pela Embrapa, instituições de pesquisas e empresas brasileiras.
No ano passado, a Comissão Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou um cultivar (nova variedade) de soja desenvolvido pela Embrapa que precisa de menos água para se desenvolver. A planta, que ainda aguarda lançamento comercial, foi aprovada como soja convencional e não transgênica. O cultivar tem perfil para se dar bem em regiões do Nordeste onde as chuvas são escassas. A edição genômica misturou características de uma soja antiga, muito rústica e resistente à seca, com outra atual, muito produtiva.
O chefe da Embrapa Soja compara o impacto da edição gênica ao causado pelo advento da transgenia, nos anos 1980 e 90. "Em vez de fazer cruzamentos para melhorar a planta, o que leva de 10 a 12 anos, vamos editar os genes, escolhendo e multiplicando o potencial dela. Isso se faz em um ou dois anos."
É possível, por exemplo, obter cultivares mais precoces, encurtando o período da lavoura, o que possibilitaria o encaixe de mais uma safra no ano agrícola onde hoje não é viável. "Estamos diante de uma revolução tecnológica que nos permite multiplicar nosso potencial produtivo nas áreas que já trabalhamos. Vamos avançar para o alto, para a alta produtividade sustentável."
Desmatamento cresce puxado por queimadas
O Imazon aponta que a devastação no bioma cresceu 15% nos dez primeiros meses do calendário do desmatamento, que vai de agosto de 2024 a julho de 2025. O que mais tem contribuído para a perda de florestas, segundo o Imazon, são as queimadas e a exploração madeireira. O estudo não aponta relação do desmatamento com o avanço da soja.
Os dados do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Imazon mostram que 2.825 quilômetros quadrados de vegetação foram derrubados, 375 quilômetros quadrados a mais do que no período anterior, de agosto de 2023 a maio de 2024. A área supera a extensão da cidade de Palmas, capital do Tocantins, e é a sétima maior desde o início da série histórica, em 2008.
O volume de desmate é menor, porém, do que os registrados de 2021 a 2023. "O aumento da degradação no acumulado do calendário é preocupante e está diretamente relacionado às grandes queimadas que ocorreram em setembro de outubro de 2024, meses mais secos que estão dentro do chamado inverno amazônico. Se realmente queremos contribuir para reduzir os impactos das mudanças climáticas, como secas e enchentes, e proteger as populações mais vulneráveis, é fundamental combater as queimadas e o desmatamento na Amazônia", diz Larissa Amorim, pesquisadora do Imazon.
No mês de maio, foram detectados 295 quilômetros quadrados com perda de vegetação no bioma, uma queda de 6% em relação ao mesmo mês em 2024. Entre os nove Estados que mais contribuíram para esse cenário, Amazonas (31%), Mato Grosso (30%) e Pará (25%), juntos, concentram 86% da perda vegetal detectada no mês. "O Amazonas e o Pará têm grandes extensões territoriais e florestas historicamente ameaçadas. É fundamental que os governos estaduais, junto com o governo federal, intensifiquem as ações de combate ao esse crime ambiental", diz Manoela Athaide, também pesquisadora do Imazon.
Em maio último, a degradação florestal resultante das queimadas e da exploração madeireira atingiu 679 quilômetros quadrados, valor 113 vezes maior do que em maio de 2024, quando a área afetada foi de apenas 6 quilômetros quadrados. Essa é a segunda maior extensão perdida desde que o Imazon passou a monitorar esse tipo de distúrbio por meio de imagens e satélites.
Segundo Manoela, maio está inserido no período em que as chuvas são mais frequentes na Amazônia Legal. Por isso, o desmatamento e a degradação não são tão intensos quando comparados aos meses de clima mais seco, que vão de junho a outubro. "É necessário focar ainda mais em ações preventivas e planejamento para conter essas práticas", diz.
"O aumento da degradação no acumulado do calendário é preocupante e está diretamente relacionado às grandes queimadas que ocorreram em setembro de outubro de 2024, meses mais secos que estão dentro do chamado inverno amazônico. Se realmente queremos contribuir para reduzir os impactos das mudanças climáticas, como secas e enchentes, e proteger as populações mais vulneráveis, é fundamental combater as queimada e o desmatamento na Amazônia", diz Larissa.
https://www.estadao.com.br/economia/supersafra-soja-pastagens-degradadas-avanca-amazonia/
Biotecnologia pode multiplicar produção sem avanço territorial, diz Embrapa; Imazon alerta para alta de 15% no desmatamento por ação de madeireiros e incêndios
18/07/2025
José Maria Tomazela
Um mapeamento inédito da soja no Brasil mostrou que o cultivo do grão registrou um avanço de 20,7% no bioma Amazônia na safra 2024/25, em relação à anterior. A análise, da SpectraX, especializada em inteligência territorial e monitoramento agroambiental, apontou, porém, que o avanço aconteceu quase exclusivamente sobre áreas de pastagens e não implicou em desmatamentos.
O Brasil está colhendo mais uma safra recorde de grãos, com produção prevista de 336,1 milhões de toneladas, e a soja é o carro-chefe, com 169,6 milhões de toneladas.
A Embrapa Soja vê o grão contribuindo para a eficiência da produção de carne bovina e aponta a biotecnologia como o futuro da soja brasileira, multiplicando a produtividade sem maior ocupação territorial.
O Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) diz que o desmatamento no bioma cresceu 15% de agosto de 2024 a maio deste ano e alerta para a necessidade de controlar a ação dos madeireiros e os incêndios que atingem a floresta.
Conforme o estudo da SpectraX, o Mato Grosso foi o Estado com mais incremento de área com soja, ganhando 893 mil hectares a mais para chegar a 13,9 milhões de hectares com o grão. A maior expansão foi no bioma Amazônia, no norte do Estado. No Maranhão, a soja teve aumento de 475 mil hectares, atingindo total de 1,6 milhão.
No Estado do Pará, houve um incremento de 443 mil hectares, chegando a 1,5 milhão de hectares com lavouras de soja nesta safra. Tocantins cresceu 402 mil hectares, avançando para 1,6 milhão. Houve crescimento expressivo, de 332 mil hectares, em Rondônia - o cultivo atingiu 815 mil hectares nesta safra.
O Estado de Roraima começa a aparecer no mapa da soja: de uma safra para a outra, houve aumento de 98 mil hectares. Os Estados de Amazonas, Amapá e Acre, que completam o território da Amazônia no Brasil, não registraram cultivos novos de soja.
Em contrapartida, a soja praticamente estagnou em Mato Grosso do Sul, registrando até um pequeno recuo na área cultivada nesta safra. "Com o avanço do grão no bioma Amazônia, está se desenhando um novo mapa da soja no País. Mas o cultivo acontece em áreas já abertas, principalmente de pastagens degradadas", diz o pesquisador Carlos Silva Junior, CEO da SpectraX.
A nova análise evidencia uma transformação importante na dinâmica agrícola brasileira, especialmente nas regiões da Amazônia Legal. O mapeamento da safra 2024/2025 mostra um crescimento expressivo nas áreas de cultivo de soja em Estados do Norte do país, enquanto regiões tradicionais enfrentam estagnação na área, embora tenham evoluído na produção.
O Estado de Mato Grosso - maior produtor nacional de grãos - ampliou sua área plantada em 6,9%. "Esse avanço posiciona Mato Grosso e Pará como os principais responsáveis pela expansão agrícola dentro do bioma amazônico. Rondônia, Tocantins, Maranhão e Roraima também contribuíram significativamente para esse processo, compondo o grupo de estados que puxaram o crescimento da soja na Amazônia", diz Silva Junior.
A análise da SpectraX mostra um contraste importante quando se observam outras regiões produtoras. "Por exemplo, o Mato Grosso do Sul não apresentou evolução nas áreas de soja nesta safra, em comparação com 2023/2024. Isso pode estar ligado aos efeitos das intempéries climáticas, que impactaram negativamente o desempenho agrícola do estado", avalia o pesquisador.
As análises têm sido usadas para gerar diagnósticos que ajudam produtores, entidades públicas e tomadores de decisão a entender o avanço do uso da terra e seus efeitos sobre o meio ambiente e a economia. "Hoje está claro, por exemplo, que a soja não avança somente em pastagens degradadas, mas também em áreas de pasto bom, contribuindo para melhorar essas pastagens, em sistemas em que a produção de carne bovina entra na rotação com as lavouras", diz.
Os dados reforçam o papel da tecnologia e da inteligência territorial para compreender os impactos e tendências do setor agropecuário. O mapeamento aponta para onde a soja ainda pode se expandir. "Há grandes áreas que podem ser cultivadas no norte do Mato Grosso, no sul e sudoeste do Pará, em Rondônia e também no Estado de Roraima. São novas fronteiras para onde a soja ainda pode expandir", afirma o CEO.
Para Alexandre Nepomuceno, chefe da Embrapa Soja, o Código Florestal brasileiro é o mais rigoroso do mundo e exige que se preserve 80% das áreas com matas nas propriedades rurais da Amazônia. "O produtor pode usar 20% dessas áreas, mas nem isso ele usa. O avanço das lavouras acontece em áreas de pastagens. O Brasil tem 3% das emissões de gases no planeta e 1% é da agricultura. É mais uma prova de que a soja não desmata."
Edição gênica para acelerar potencial
O especialista aponta que o Brasil é o maior produtor e exportador de carne bovina do mundo e, nas últimas três décadas, o País aumentou a eficiência da pecuária com sistemas de integração de pastagem, lavoura e floresta. "Onde se colocava um ou dois animais por hectare, hoje cabem seis ou sete. Isso abriu um campo imenso para a produção de grãos em áreas de pasto. O país pode ampliar a produção de carne e de soja sem derrubar uma árvore."
Ele defende que a grande aposta do Brasil para a soja deve ser na biotecnologia, que permite produzir mais na mesma área ou em terrenos onde hoje não se produz. "A média nacional na década de 80 era 1.700 kg de soja por hectare. Hoje, é 3.600 kg por hectare. O aumento foi muito maior na produtividade do que na área."
O que houve, segundo Nepomuceno, foi a melhora na genética da soja, o uso da biotecnologia nas sementes e melhores práticas de manejo do solo. Ele prevê que um novo salto deve ser dado com a difusão da edição gênica, técnica que permite manipular geneticamente os genes da planta, produzindo, por exemplo, cultivares resistentes à seca. "Hoje, já temos produtores produzindo até 6 ou 7 toneladas de soja por hectare. Com as novas tecnologias, temos potencial para chegar a 12 toneladas ou mais."
A edição genética ou gênica, conhecida pela sigla Crispr (na tradução do inglês, Repetições Palindrômicas Curtas Agrupadas Regularmente Espaçadas) é uma técnica revolucionária que permite modificações precisas no DNA de células e organismos já dominada pela Embrapa, instituições de pesquisas e empresas brasileiras.
No ano passado, a Comissão Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou um cultivar (nova variedade) de soja desenvolvido pela Embrapa que precisa de menos água para se desenvolver. A planta, que ainda aguarda lançamento comercial, foi aprovada como soja convencional e não transgênica. O cultivar tem perfil para se dar bem em regiões do Nordeste onde as chuvas são escassas. A edição genômica misturou características de uma soja antiga, muito rústica e resistente à seca, com outra atual, muito produtiva.
O chefe da Embrapa Soja compara o impacto da edição gênica ao causado pelo advento da transgenia, nos anos 1980 e 90. "Em vez de fazer cruzamentos para melhorar a planta, o que leva de 10 a 12 anos, vamos editar os genes, escolhendo e multiplicando o potencial dela. Isso se faz em um ou dois anos."
É possível, por exemplo, obter cultivares mais precoces, encurtando o período da lavoura, o que possibilitaria o encaixe de mais uma safra no ano agrícola onde hoje não é viável. "Estamos diante de uma revolução tecnológica que nos permite multiplicar nosso potencial produtivo nas áreas que já trabalhamos. Vamos avançar para o alto, para a alta produtividade sustentável."
Desmatamento cresce puxado por queimadas
O Imazon aponta que a devastação no bioma cresceu 15% nos dez primeiros meses do calendário do desmatamento, que vai de agosto de 2024 a julho de 2025. O que mais tem contribuído para a perda de florestas, segundo o Imazon, são as queimadas e a exploração madeireira. O estudo não aponta relação do desmatamento com o avanço da soja.
Os dados do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Imazon mostram que 2.825 quilômetros quadrados de vegetação foram derrubados, 375 quilômetros quadrados a mais do que no período anterior, de agosto de 2023 a maio de 2024. A área supera a extensão da cidade de Palmas, capital do Tocantins, e é a sétima maior desde o início da série histórica, em 2008.
O volume de desmate é menor, porém, do que os registrados de 2021 a 2023. "O aumento da degradação no acumulado do calendário é preocupante e está diretamente relacionado às grandes queimadas que ocorreram em setembro de outubro de 2024, meses mais secos que estão dentro do chamado inverno amazônico. Se realmente queremos contribuir para reduzir os impactos das mudanças climáticas, como secas e enchentes, e proteger as populações mais vulneráveis, é fundamental combater as queimadas e o desmatamento na Amazônia", diz Larissa Amorim, pesquisadora do Imazon.
No mês de maio, foram detectados 295 quilômetros quadrados com perda de vegetação no bioma, uma queda de 6% em relação ao mesmo mês em 2024. Entre os nove Estados que mais contribuíram para esse cenário, Amazonas (31%), Mato Grosso (30%) e Pará (25%), juntos, concentram 86% da perda vegetal detectada no mês. "O Amazonas e o Pará têm grandes extensões territoriais e florestas historicamente ameaçadas. É fundamental que os governos estaduais, junto com o governo federal, intensifiquem as ações de combate ao esse crime ambiental", diz Manoela Athaide, também pesquisadora do Imazon.
Em maio último, a degradação florestal resultante das queimadas e da exploração madeireira atingiu 679 quilômetros quadrados, valor 113 vezes maior do que em maio de 2024, quando a área afetada foi de apenas 6 quilômetros quadrados. Essa é a segunda maior extensão perdida desde que o Imazon passou a monitorar esse tipo de distúrbio por meio de imagens e satélites.
Segundo Manoela, maio está inserido no período em que as chuvas são mais frequentes na Amazônia Legal. Por isso, o desmatamento e a degradação não são tão intensos quando comparados aos meses de clima mais seco, que vão de junho a outubro. "É necessário focar ainda mais em ações preventivas e planejamento para conter essas práticas", diz.
"O aumento da degradação no acumulado do calendário é preocupante e está diretamente relacionado às grandes queimadas que ocorreram em setembro de outubro de 2024, meses mais secos que estão dentro do chamado inverno amazônico. Se realmente queremos contribuir para reduzir os impactos das mudanças climáticas, como secas e enchentes, e proteger as populações mais vulneráveis, é fundamental combater as queimada e o desmatamento na Amazônia", diz Larissa.
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