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Brasil, escute a Mary: relatora da ONU exorta país anfitrião da COP30 a dar voz a defensores de direitos humanos
16/10/2025
Fonte: Cimi - https://cimi.org.br
A relatora especial da ONU sobre a situação dos defensores e defensoras dos direitos humanos, Mary Lawlor, deixou uma mensagem ao Brasil, anfitrião da COP30, em artigo publicado nesta quarta-feira (15) pelo jornal Valor Econômico - leia na íntegra aqui.
"As pessoas defensoras dos direitos humanos são essenciais para combater as mudanças climáticas e promover uma transição justa. Por muito tempo elas têm sido atacadas, reprimidas e ignoradas no Brasil como em outros países do mundo. É hora de mudar. As pessoas que lideram a luta contra as mudanças climáticas não devem somente ter voz na COP30 - elas devem ser ouvidas", diz trecho do artigo de Mary.
Para a relatora, "os desafios enfrentados por pessoas defensoras dos direitos humanos e a retaliação contra elas são registrados em quase todas as edições da COP do clima, com o Estado anfitrião como o autor mais frequente dessas violações. O Brasil não deve somente romper com essa tendência, este ano, mas também servir de exemplo para os futuros Estados anfitriões".
Nesta quinta-feira (16), Mary apresentará a mesma mensagem a todos os Estados-membros da ONU em relatório dirigido à Assembleia Geral do organismo internacional, em Nova York, como resultado de uma visita realizada por ela ao Brasil, em abril de 2024, onde esteve em terras indígenas na Bahia e Mato Grosso do Sul.
"Entre suas palavras de determinação e de sua recusa em desistir, também me disseram que a terra estava mudando. Mudanças climáticas, disseram. Este é o impacto das mudanças climáticas", diz Mary em seu artigo
As conclusões e recomendações da relatora foram apresentadas inicialmente em documento alvo de debate público na 58a Sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU, ocorrida no ano passado.
No artigo publicado pelo Valor Econômico, a relatora destacou a passagem pelo Mato Grosso do Sul. "Eu estava sentada em uma cadeira de plástico em um hangar agrícola abandonado no Mato Grosso do Sul. Ao meu redor estavam indígenas Guarani e Kaiowá, que se revezavam para falar em um microfone que passavam de mão em mão", descreve.
Mary lembra que na parede do hangar, na Terra Indígena Guapo'y, em Rio Brilhante (MS), havia um grafite retratando o dia, dois anos antes, em 24 de junho de 2022, em que foram alvejados por um helicóptero da polícia militar estadual, numa tentativa ilegal de expulsá-los.
Uma vida em meio aos ataques
"Por vários anos, até o momento da minha visita, essas pessoas defensoras dos direitos indígenas vinham construindo uma vida nas terras ao redor do hangar, fazendo uma reivindicação coletiva por uma pequena parte do território que seu povo habitava e do qual foi despojado desde a colonização do Brasil até os dias atuais. Eles vinham fazendo isso apesar de ataques, assassinatos e a constante ameaça de despejo violento", diz outro trecho do artigo.
A relatora escreve ainda que os mais velhos e os jovens líderes pegaram o microfone. "Minha mãe e minha avó vêm lutando por esta terra há 150 anos", uma jovem disse à relatora. "Estamos construindo um caminho para que nossas crianças possam ter um futuro", disse uma mulher mais velha a ela. "Mas, entre suas palavras de determinação e de sua recusa em desistir, também me disseram que a terra estava mudando. Mudanças climáticas, disseram. Este é o impacto das mudanças climáticas", conclui Mary em seu artigo.
https://cimi.org.br/2025/10/relatora-da-onu-pais-anfitriao-da-cop30-a-dar-voz-a-defensores-de-direitos-humanos/
"As pessoas defensoras dos direitos humanos são essenciais para combater as mudanças climáticas e promover uma transição justa. Por muito tempo elas têm sido atacadas, reprimidas e ignoradas no Brasil como em outros países do mundo. É hora de mudar. As pessoas que lideram a luta contra as mudanças climáticas não devem somente ter voz na COP30 - elas devem ser ouvidas", diz trecho do artigo de Mary.
Para a relatora, "os desafios enfrentados por pessoas defensoras dos direitos humanos e a retaliação contra elas são registrados em quase todas as edições da COP do clima, com o Estado anfitrião como o autor mais frequente dessas violações. O Brasil não deve somente romper com essa tendência, este ano, mas também servir de exemplo para os futuros Estados anfitriões".
Nesta quinta-feira (16), Mary apresentará a mesma mensagem a todos os Estados-membros da ONU em relatório dirigido à Assembleia Geral do organismo internacional, em Nova York, como resultado de uma visita realizada por ela ao Brasil, em abril de 2024, onde esteve em terras indígenas na Bahia e Mato Grosso do Sul.
"Entre suas palavras de determinação e de sua recusa em desistir, também me disseram que a terra estava mudando. Mudanças climáticas, disseram. Este é o impacto das mudanças climáticas", diz Mary em seu artigo
As conclusões e recomendações da relatora foram apresentadas inicialmente em documento alvo de debate público na 58a Sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU, ocorrida no ano passado.
No artigo publicado pelo Valor Econômico, a relatora destacou a passagem pelo Mato Grosso do Sul. "Eu estava sentada em uma cadeira de plástico em um hangar agrícola abandonado no Mato Grosso do Sul. Ao meu redor estavam indígenas Guarani e Kaiowá, que se revezavam para falar em um microfone que passavam de mão em mão", descreve.
Mary lembra que na parede do hangar, na Terra Indígena Guapo'y, em Rio Brilhante (MS), havia um grafite retratando o dia, dois anos antes, em 24 de junho de 2022, em que foram alvejados por um helicóptero da polícia militar estadual, numa tentativa ilegal de expulsá-los.
Uma vida em meio aos ataques
"Por vários anos, até o momento da minha visita, essas pessoas defensoras dos direitos indígenas vinham construindo uma vida nas terras ao redor do hangar, fazendo uma reivindicação coletiva por uma pequena parte do território que seu povo habitava e do qual foi despojado desde a colonização do Brasil até os dias atuais. Eles vinham fazendo isso apesar de ataques, assassinatos e a constante ameaça de despejo violento", diz outro trecho do artigo.
A relatora escreve ainda que os mais velhos e os jovens líderes pegaram o microfone. "Minha mãe e minha avó vêm lutando por esta terra há 150 anos", uma jovem disse à relatora. "Estamos construindo um caminho para que nossas crianças possam ter um futuro", disse uma mulher mais velha a ela. "Mas, entre suas palavras de determinação e de sua recusa em desistir, também me disseram que a terra estava mudando. Mudanças climáticas, disseram. Este é o impacto das mudanças climáticas", conclui Mary em seu artigo.
https://cimi.org.br/2025/10/relatora-da-onu-pais-anfitriao-da-cop30-a-dar-voz-a-defensores-de-direitos-humanos/
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