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Mais de 45 indígenas são resgatados de condições análogas à escravidão no PR após saírem de aldeias por promessa de trabalho
22/10/2025
Fonte: G1 - https://g1.globo.com/
Mais de 45 indígenas são resgatados de condições análogas à escravidão no PR após saírem de aldeias por promessa de trabalho
Número total de vítimas, segundo Auditoria-Fiscal do Trabalho, é de 57. Todas são de Mato Grosso do Sul. Resgate é considerado maior dos últimos anos, no Paraná.
Em Itambé, no norte do Paraná, 57 trabalhadores foram resgatados de condições análogas à escravidão. Deste número, 46 são indígenas da etnia Guarani Kaiowá. A operação foi coordenada pela Auditoria-Fiscal do Trabalho.
A ação teve início no dia 16 de outubro de 2025, mas foi compartilhada nesta quarta-feira (22).
Os trabalhadores saíram do Mato Grosso do Sul com a promessa de trabalhar na Usina Renuka Vale do Ivaí S/A, em São Pedro do Ivaí, com um contrato feito pela empresa terceirizada Manutec Manutenção e Conservação LTDA. O processo seletivo foi realizado em três aldeias. O trabalho no Paraná começou em julho, mas foi encerrado e as vítimas foram abandonadas no alojamento. Clique aqui para mais detalhes.
A Usina Renuka informou à RPC, afiliada da TV Globo no Paraná, que "coopera com as autoridades para a resolução do caso".
Ao g1, a Manutec enviou uma nota dizendo que rompeu o vínculo com a Renuka em outubro, devido à falta de condições financeiras e estruturais provocadas pela inadimplência da contratante. Disse também que a própria empresa foi a primeira a denunciar o caso dos trabalhadores às autoridades. Veja abaixo a nota na íntegra.
O g1 tentou confirmar a informação com o Ministério Público do Trabalho, mas foi informado que o denunciante não poderia ser revelado.
Segundo a Secretaria de Inspeção do Trabalho, do Ministério do Trabalho e Emprego, as vítimas estavam sem alimentação, transporte ou itens básicos de higiene. Para que conseguissem se alimentar, dependiam de doações.
Elas também não recebiam salário, estavam sem registro na Carteira de Trabalho e Previdência Social e não passaram por exames de admissão.
Os quartos não possuíam espaço adequado ou armários, além de acumular lixo. Um dos trabalhadores foi picado por uma aranha neste alojamento e foi hospitalizado.
Os auditores-fiscais do Trabalho identificaram que houve trabalho escravo tanto em relação à usina tomadora quanto à empresa terceirizada.
Em negociação com o Ministério Público do Trabalho (MPT) e a Polícia Federal (PF), a usina se comprometeu a quitar todas as verbas salariais e rescisórias. A Secretaria de Inspeção do Trabalho afirmou que também apura responsabilidade criminal e de danos morais coletivos.
As vítimas irão retornar às localidades de origem.
"Este foi o maior resgate de trabalhadores em condições análogas à escravidão registrado no Paraná nos últimos anos", diz a nota da Secretaria de Inspeção do Trabalho.
Indígenas saíram de aldeias por promessa de trabalho
De acordo com a Secretaria de Inspeção do Trabalho, os trabalhadores foram contratadas por uma empresa que presta serviço no corte de cana-de-açúcar, que tem sede no estado de São Paulo. O serviço prometido era em uma usina de açúcar localizada em São Pedro do Ivaí, cidade a 34 quilômetros de distância de Itambé.
A empresa terceirizada realizou recrutamento em três aldeias diferentes do Mato Grosso do Sul.
Antes de saírem do estado, segundo as informações divulgadas, as vítimas foram obrigadas a comprar produtos em um supermercado local, com o acordo de que o valor seria descontado dos salários. Esta prática caracterizou um sistema de servidão por dívida - quando um trabalhador adquire uma dívida que deve ser paga com mão de obra. Com os depoimentos colhidos, a Secretaria de Inspeção do Trabalho estima que a essa dívida seja de aproximadamente R$ 45 mil.
A partir disso, o trabalho no Paraná começou no dia 14 de julho.
Com o rompimento contratual entre as empresas, os trabalhadores foram impedidos de entrar na usina e abandonados no alojamento, sem alimentação.
O aluguel do local também não estava sendo pago, conforme a nota divulgada.
Manifestação da empresa Manutec
A Manutec Manutenção e Conservação LTDA informa que não mantém mais qualquer vínculo operacional com a Usina Renuka Vale do Ivaí S/A desde o início de outubro de 2025, quando interrompeu suas atividades por falta de condições financeiras e estruturais provocadas pela inadimplência da contratante.
Desde setembro, a Manutec enviou diversas notificações extrajudiciais e comunicados oficiais ao Ministério do Trabalho, Ministério Público do Trabalho e à própria Usina Renuka, alertando sobre:
a falta de repasses contratuais que inviabilizavam o pagamento e manutenção adequada dos trabalhadores;
os riscos de colapso nas condições de alojamento e transporte;
e o temor por segurança diante de ameaças e abandono de responsabilidade por parte da contratante.
Em razão dessa situação, a Manutec se retirou do local de forma preventiva, comunicando as autoridades competentes antes da operação de resgate noticiada.
Reforçamos que:
A Manutec foi a primeira a denunciar oficialmente as irregularidades junto aos órgãos públicos;
Não participou de qualquer ato que tenha resultado nas condições relatadas após sua saída;
E permanece à disposição das autoridades para colaborar com as investigações e apresentar toda a documentação comprobatória das notificações e comunicações feitas.
A empresa reafirma seu compromisso com a legalidade, a dignidade do trabalho e o respeito absoluto aos direitos humanos, repudiando qualquer forma de violação trabalhista.
⚠️Como denunciar
O Sistema Ipê, disponível pela internet, é um canal específico disponibilizado pela Organização Internacional do Trabalho para denúncias de trabalho análogo à escravidão.
O denunciante não precisa se identificar, basta acessar o sistema e inserir o maior número possível de informações.
A ideia é que a fiscalização possa, a partir dessas informações do denunciante, analisar se o caso de fato configura trabalho análogo à escravidão e realizar as verificações no local.
https://g1.globo.com/pr/norte-noroeste/noticia/2025/10/22/indigenas-resgatados-de-condicoes-analogas-a-escravidao-no-pr.ghtml
Número total de vítimas, segundo Auditoria-Fiscal do Trabalho, é de 57. Todas são de Mato Grosso do Sul. Resgate é considerado maior dos últimos anos, no Paraná.
Em Itambé, no norte do Paraná, 57 trabalhadores foram resgatados de condições análogas à escravidão. Deste número, 46 são indígenas da etnia Guarani Kaiowá. A operação foi coordenada pela Auditoria-Fiscal do Trabalho.
A ação teve início no dia 16 de outubro de 2025, mas foi compartilhada nesta quarta-feira (22).
Os trabalhadores saíram do Mato Grosso do Sul com a promessa de trabalhar na Usina Renuka Vale do Ivaí S/A, em São Pedro do Ivaí, com um contrato feito pela empresa terceirizada Manutec Manutenção e Conservação LTDA. O processo seletivo foi realizado em três aldeias. O trabalho no Paraná começou em julho, mas foi encerrado e as vítimas foram abandonadas no alojamento. Clique aqui para mais detalhes.
A Usina Renuka informou à RPC, afiliada da TV Globo no Paraná, que "coopera com as autoridades para a resolução do caso".
Ao g1, a Manutec enviou uma nota dizendo que rompeu o vínculo com a Renuka em outubro, devido à falta de condições financeiras e estruturais provocadas pela inadimplência da contratante. Disse também que a própria empresa foi a primeira a denunciar o caso dos trabalhadores às autoridades. Veja abaixo a nota na íntegra.
O g1 tentou confirmar a informação com o Ministério Público do Trabalho, mas foi informado que o denunciante não poderia ser revelado.
Segundo a Secretaria de Inspeção do Trabalho, do Ministério do Trabalho e Emprego, as vítimas estavam sem alimentação, transporte ou itens básicos de higiene. Para que conseguissem se alimentar, dependiam de doações.
Elas também não recebiam salário, estavam sem registro na Carteira de Trabalho e Previdência Social e não passaram por exames de admissão.
Os quartos não possuíam espaço adequado ou armários, além de acumular lixo. Um dos trabalhadores foi picado por uma aranha neste alojamento e foi hospitalizado.
Os auditores-fiscais do Trabalho identificaram que houve trabalho escravo tanto em relação à usina tomadora quanto à empresa terceirizada.
Em negociação com o Ministério Público do Trabalho (MPT) e a Polícia Federal (PF), a usina se comprometeu a quitar todas as verbas salariais e rescisórias. A Secretaria de Inspeção do Trabalho afirmou que também apura responsabilidade criminal e de danos morais coletivos.
As vítimas irão retornar às localidades de origem.
"Este foi o maior resgate de trabalhadores em condições análogas à escravidão registrado no Paraná nos últimos anos", diz a nota da Secretaria de Inspeção do Trabalho.
Indígenas saíram de aldeias por promessa de trabalho
De acordo com a Secretaria de Inspeção do Trabalho, os trabalhadores foram contratadas por uma empresa que presta serviço no corte de cana-de-açúcar, que tem sede no estado de São Paulo. O serviço prometido era em uma usina de açúcar localizada em São Pedro do Ivaí, cidade a 34 quilômetros de distância de Itambé.
A empresa terceirizada realizou recrutamento em três aldeias diferentes do Mato Grosso do Sul.
Antes de saírem do estado, segundo as informações divulgadas, as vítimas foram obrigadas a comprar produtos em um supermercado local, com o acordo de que o valor seria descontado dos salários. Esta prática caracterizou um sistema de servidão por dívida - quando um trabalhador adquire uma dívida que deve ser paga com mão de obra. Com os depoimentos colhidos, a Secretaria de Inspeção do Trabalho estima que a essa dívida seja de aproximadamente R$ 45 mil.
A partir disso, o trabalho no Paraná começou no dia 14 de julho.
Com o rompimento contratual entre as empresas, os trabalhadores foram impedidos de entrar na usina e abandonados no alojamento, sem alimentação.
O aluguel do local também não estava sendo pago, conforme a nota divulgada.
Manifestação da empresa Manutec
A Manutec Manutenção e Conservação LTDA informa que não mantém mais qualquer vínculo operacional com a Usina Renuka Vale do Ivaí S/A desde o início de outubro de 2025, quando interrompeu suas atividades por falta de condições financeiras e estruturais provocadas pela inadimplência da contratante.
Desde setembro, a Manutec enviou diversas notificações extrajudiciais e comunicados oficiais ao Ministério do Trabalho, Ministério Público do Trabalho e à própria Usina Renuka, alertando sobre:
a falta de repasses contratuais que inviabilizavam o pagamento e manutenção adequada dos trabalhadores;
os riscos de colapso nas condições de alojamento e transporte;
e o temor por segurança diante de ameaças e abandono de responsabilidade por parte da contratante.
Em razão dessa situação, a Manutec se retirou do local de forma preventiva, comunicando as autoridades competentes antes da operação de resgate noticiada.
Reforçamos que:
A Manutec foi a primeira a denunciar oficialmente as irregularidades junto aos órgãos públicos;
Não participou de qualquer ato que tenha resultado nas condições relatadas após sua saída;
E permanece à disposição das autoridades para colaborar com as investigações e apresentar toda a documentação comprobatória das notificações e comunicações feitas.
A empresa reafirma seu compromisso com a legalidade, a dignidade do trabalho e o respeito absoluto aos direitos humanos, repudiando qualquer forma de violação trabalhista.
⚠️Como denunciar
O Sistema Ipê, disponível pela internet, é um canal específico disponibilizado pela Organização Internacional do Trabalho para denúncias de trabalho análogo à escravidão.
O denunciante não precisa se identificar, basta acessar o sistema e inserir o maior número possível de informações.
A ideia é que a fiscalização possa, a partir dessas informações do denunciante, analisar se o caso de fato configura trabalho análogo à escravidão e realizar as verificações no local.
https://g1.globo.com/pr/norte-noroeste/noticia/2025/10/22/indigenas-resgatados-de-condicoes-analogas-a-escravidao-no-pr.ghtml
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