From Indigenous Peoples in Brazil
News
Tabaporã é a segunda que mais cresce
25/02/2001
Autor: Carla Pimentel
Fonte: Diário de Cuiabá - Cuiabá - MT
Documentos anexos
Entre os anos 1996 e 2000, população da cidade saltou de 4.820 para 10.849, um aumento de quase 250%
Tabaporã é o vice-campeão entre os municípios que mais crescem em Mato Grosso. Perdendo apenas para Sapezal, que encorpou em nada menos do que 23,63% seu contingente populacional no ano passado, a cidade ostenta um percentual de 22,49%. Para se ter uma idéia, entre 1996 e 2000, a população local saltou de 4.820 para 10.849 habitantes - um acréscimo de cerca de 250% em um intervalo de quatro anos, segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Os números ganham ainda mais expressão quando comparados a outras regiões em franco desenvolvimento em Mato Grosso. A vizinha Juara mantém o tímido índice de 4,57%, enquanto Campos de Júlio (18,54%), Primavera do Leste (17,36%) e Feliz Natal (15,87%) nem chegam a esbarrar nos dois líderes do ranking de crescimento.
Esse inchaço é explicado pelo movimento migratório, estimulado pelas novas frentes de trabalho surgidas com a expansão da indústria madeireira e criação do gado de corte. Dados oficiais do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) revelam que os desmatamentos de Tabaporã vêm crescendo a passos largos. Em 98/99, o órgão registrou um volume de áreas desmatadas no município cerca de 400% maior do que em 97/98. Enquanto em 96/97 o Ibama constatou a abertura de 98 novas áreas e outras 57 em 97/98, esse montante saltou para 275 em 98/99.
Um total de 15.207 hectares foram desmatados em 96/97, segundo os registros do Ibama. Em 97/98, foram 10.949 ha e, em 98/99, as derrubadas atingiram - pelo menos oficialmente - 19.494 ha. Cerca de 46 mil hectares de matas foram ao chão entre 96 e 99.
E não pára de chegar gente em Tabaporã. Como no início do processo de colonização, a maior parte dos migrantes continua saindo do Paraná, em busca de novas oportunidades. Moradores mais antigos - geralmente há apenas cinco anos na região - contam que o movimento migratório intensificou-se nos últimos dois anos.
O Paraná é bom, mas aqui é melhor. Lá tem de tudo, menos emprego, resume um trabalhador - sem se identificar - que há dois meses atua na derrubada de matas na região. Deixando a família em seu Estado de origem, confessa-se satisfeito pela fartura de serviço que encontra no município. Seu sonho é conseguir estabilizar-se ao ponto de trazer, para Mato Grosso, os filhos e dois netos deixados no Sul do país.
O trabalhador geralmente passa o dia conduzindo tratores. Para acelerar a derrubada, duas máquinas são ligadas por uma corrente, que arrasta a vegetação até o solo. Segundo ele, essa é uma tarefa simples: O difícil é construir as coisas. Para destruir, o homem é bem rapidinho, ironiza. Ele também confessa que o coração aperta ao ver a mata no chão. Se eu tivesse escolha, nunca mais cortava uma única árvore, diz.
Os Kayabis que chegaram à região assustaram-se com o que viram. No lugar das matas fechadas que abrigaram o seu povo, depararam-se com matas abertas e, geralmente, ocupadas pelo gado nelore. Não queremos a cidade ou áreas abertas. O que o índio pode fazer com pasto? Queremos uma parte do que resta das matas fechadas, diz o cacique Owut Kayabi.
Tabaporã é o vice-campeão entre os municípios que mais crescem em Mato Grosso. Perdendo apenas para Sapezal, que encorpou em nada menos do que 23,63% seu contingente populacional no ano passado, a cidade ostenta um percentual de 22,49%. Para se ter uma idéia, entre 1996 e 2000, a população local saltou de 4.820 para 10.849 habitantes - um acréscimo de cerca de 250% em um intervalo de quatro anos, segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Os números ganham ainda mais expressão quando comparados a outras regiões em franco desenvolvimento em Mato Grosso. A vizinha Juara mantém o tímido índice de 4,57%, enquanto Campos de Júlio (18,54%), Primavera do Leste (17,36%) e Feliz Natal (15,87%) nem chegam a esbarrar nos dois líderes do ranking de crescimento.
Esse inchaço é explicado pelo movimento migratório, estimulado pelas novas frentes de trabalho surgidas com a expansão da indústria madeireira e criação do gado de corte. Dados oficiais do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) revelam que os desmatamentos de Tabaporã vêm crescendo a passos largos. Em 98/99, o órgão registrou um volume de áreas desmatadas no município cerca de 400% maior do que em 97/98. Enquanto em 96/97 o Ibama constatou a abertura de 98 novas áreas e outras 57 em 97/98, esse montante saltou para 275 em 98/99.
Um total de 15.207 hectares foram desmatados em 96/97, segundo os registros do Ibama. Em 97/98, foram 10.949 ha e, em 98/99, as derrubadas atingiram - pelo menos oficialmente - 19.494 ha. Cerca de 46 mil hectares de matas foram ao chão entre 96 e 99.
E não pára de chegar gente em Tabaporã. Como no início do processo de colonização, a maior parte dos migrantes continua saindo do Paraná, em busca de novas oportunidades. Moradores mais antigos - geralmente há apenas cinco anos na região - contam que o movimento migratório intensificou-se nos últimos dois anos.
O Paraná é bom, mas aqui é melhor. Lá tem de tudo, menos emprego, resume um trabalhador - sem se identificar - que há dois meses atua na derrubada de matas na região. Deixando a família em seu Estado de origem, confessa-se satisfeito pela fartura de serviço que encontra no município. Seu sonho é conseguir estabilizar-se ao ponto de trazer, para Mato Grosso, os filhos e dois netos deixados no Sul do país.
O trabalhador geralmente passa o dia conduzindo tratores. Para acelerar a derrubada, duas máquinas são ligadas por uma corrente, que arrasta a vegetação até o solo. Segundo ele, essa é uma tarefa simples: O difícil é construir as coisas. Para destruir, o homem é bem rapidinho, ironiza. Ele também confessa que o coração aperta ao ver a mata no chão. Se eu tivesse escolha, nunca mais cortava uma única árvore, diz.
Os Kayabis que chegaram à região assustaram-se com o que viram. No lugar das matas fechadas que abrigaram o seu povo, depararam-se com matas abertas e, geralmente, ocupadas pelo gado nelore. Não queremos a cidade ou áreas abertas. O que o índio pode fazer com pasto? Queremos uma parte do que resta das matas fechadas, diz o cacique Owut Kayabi.
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