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Distrito tem até escola, que atende 300 alunos

25/06/2006

Fonte: Diário de Cuiabá



Criado em 1958, o distrito de Jarudore tem uma extensão de 142 mil hectares. Desse total, apenas 4,7 mil hectares - ou 3,3% da área total - são áreas indígenas demarcadas. O problema é que seu principal núcleo urbano, à margem direita do rio Vermelho, fica justamente onde não deveria.

De acordo com dados fornecidos por agentes da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), ali foram erguidos 218 imóveis, incluindo casas, pontos de comércio e prédios públicos - entre eles, posto policial, central telefônica e uma escola pública estadual que atende a mais de 300 alunos.

A população total, segundo dados fornecidos do Censo IBGE em 2000, é de 2,6 mil pessoas. A urbana, contudo, é bem menor: 632, sendo que pouco mais da metade vive no núcleo chamado de Joanes Burgo, localizado na margem oposta do rio - fora da área homologada para os índios.

Entre os moradores ouvidos pela reportagem, o clima é de incerteza. "Essa casa é o investimento de uma vida inteira. Não sei o que vai ser de mim se tiver que sair de qualquer jeito", reclama a moradora, que prefere não se identificar.

O comerciante Otávio Vieira, de 64 anos, conta que, quando chegou à região em 1953, já havia brancos e índios na área. "Até onde eu sei, foram vindo mais brancos e os índios que começaram a sair por conta. Teve caso de índio que vendeu terra para branco também", aponta.

Para comprovar o que diz, Vieira entregou a cópia de uma certidão de transferência de posse referente a uma área de 5 hectares, assinada por uma liderança bororo. Embora flagrantemente ilegal - terras indígenas pertencem à União; aos índios é assegurado apenas o usufruto - o documento foi ratificado pelo cartório do distrito.

"Neste anos todos, cresceu a população, cresceu a vila. Hoje temos comércio, telefone, escola, farmácia...", enumera o morador, que se diz conformado com a possibilidade de ter de deixar Jarudore. "Se for o único jeito, se o governo determinar, a gente sai sem causar problema. Agora, por vontade própria, eu não saio não". (RV)
 

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