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Consumo de álcool é preocupante

28/07/2008

Autor: Alecy Alves

Fonte: Diário de Cuiabá - www.diariodecuiaba.com.br



Assim como entre os não índios, na população indígena o consumo abusivo do álcool e outras drogas vêm sendo apontado como um grave problema. Não existem estudos quantificando essa questão, mas estima-se que entre 20 e 25% da população indígena mato-grossense são dependentes do álcool.

Com base nesse dado pode-se dizer que dos cerca de 6 mil índios que vivem no estado, divididos em 10 etnias, de 1.200 a 1.800 são dependentes de drogas, especialmente bebidas alcoólicas, conforme conclusão da Coordenação do Programa Estadual de Saúde Mental Indígena do Distrito Sanitário Especial Indígena - DISEI-Cuiabá.

À frente dessa coordenação está o índio bororo Edmilson Canale, um terapeuta ocupacional que durante anos conviveu com essa "doença" na própria família. Ele contou que seu pai era usuário de álcool e muitas vezes chegou em casa embriagado. "Ele era daquele tipo que carrega a garrafa de cachaça na cintura, mas felizmente parou de beber", confessou.

Ontem e hoje, Edmilson Canele e outras dezenas de profissionais de saúde que trabalham em aldeias do estado participam da primeira capacitação que tem como tema a prevenção e o enfrentamento do álcool e outras drogas nas comunidades indígenas.

Ministrado numa parceria entre a Secretaria Estadual de Saúde(SES) e órgãos indígenas, o curso aponta situação de algumas aldeias e modelos de tratamento. De acordo com Edmilson Canale, vem sendo percebido que algumas etnias parecem mais propensas ao consumo do álcool assim como nas comunidades mais próximas de centros urbanos.

Na aldeia Bororo de Rondonópolis, vizinha da cidade, onde vivem cerca de 300 índios, o serviço de saúde acompanha 35 deles no tratamento contra a dependência do álcool.

Canale lembrou que a bebida está diretamente ligada à aproximação do povo Bororo com a cultura do homem branco. Temidos guerreiros, os Bororo recebiam bebidas de presente e ainda assistiam rituais, como labaredas se erguendo em gotas de álcool, para se convencer de que consumindo produtos alcoólicos ficariam mais fortes.

No entendimento dele, a aproximação das cidades, falta de perspectiva e a ociosidade estão entre as causas do uso de bebidas entre os índios. "Bebem como forma de fugir dos problemas", avalia. O curso prossegue hoje, no auditório do Hotel Veneza, na Avenida Tenente Coronel Escolástico.
 

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