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Caciques recusam proposta de Puccinelli sobre demarcação

28/11/2008

Autor: Ângela Kempfer

Fonte: Campo Grande News - www.campogrande.news.com.br



Cinco caciques foram convocados pelo governador André Puccinelli e estiveram na manhã de ontem na governadoria para uma conversa sobre demarcação em Miranda. O deputado estadual Antônio Carlos Arroyo (PR) e o prefeito do município, também acompanharam a discussão.

Segundo Arroyo, foi apenas um primeiro contato, na tentativa de evitar novos conflitos entre fazendeiros e índios pela ampliação da terra indígena Cachoeirinha, que significaria desapropriação de áreas das fazendas Petrópolis, da Vazante e da Caiman.

Já o cacique João Terena, garante que durante o encontro o governador apresentou a proposta de garantir toda a estrutura para produção e serviços à comunidade, deste que os terena aceitassem abrir mão da disputa por 36 mil hectares na região, em troca de 5 mil hectares doados pelo Estado.

"É um absurdo, nunca a gente aceitaria esse tipo de troca. Temos o direito, garantido em portaria federal de recuperar a nossa terra", reclamou João Terena.

O deputado Arroyo nega qualquer oferta e diz que a única tentativa é de garantir a paz. "Não houve barganha alguma", afirma.

O proprietário da fazenda Caiman conseguiu uma tutela antecipada para suspender os trabalhos de demarcação da Funai em mil hectares da propriedade, que foram determinados em portaria publicada no dia 15 de setembro. As equipes da Fundação estavam fazendo identificação física na área e colocando marcos. A mesma decisão foi garantida também à fazenda Vazante.

Também em setembro, um grupo de índios terena da aldeia Cachoeirinha invadiu a Fazenda Petrópolis, do ex-governador Pedro Pedrossian. Ele conseguiu um mandado de reintegração de posse e a área foi desocupada.

Hoje - Nesta sexta-feira em Miranda, cerca de 300 índios fizeram passeata pelas principais ruas pedindo apoio à população para garantir a demarcação do território indígena.

O grupo iniciou a concentração às 8h no Centro Referencial da Cultura Terena e caminhou até a Praça Central, distribuindo panfletos para sensibilizar os moradores da cidade para a importância dos estudos antropológicos.

O terena Lindomar Ferreira, um dos coordenadores da manifestação, a caminhada foi organizada em resposta ao discurso de que o índio tem sido empecilho ao desenvolvimento do Estado. "Não é justo o que os fazendeiros falam que se demarcarem as terras, MS vai afundar", protesta ele. Ferreira defende ainda que a demarcação não pretende "chutar" os fazendeiros de suas terras, mas pagar pela desapropriação.

A manifestação deve acabar no início da tarde, e é pacífica, ressalta Lindomar. "O protesto foi bem aceito pela população de Miranda, que não nos ofendeu em nenhum momento, o que já aconteceu em outra manifestação. O índio não quer briga, não. O índio quer os seus direitos", afirma.
 

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