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Extração de madeira gera conflito no Xingu

28/11/2002

Fonte: Gazeta de Cuiabá-Cuiabá-MT



Índios acusados de saquear madeireiros se defendem alegando invasão de reserva


A Polícia Civil de Sinop está no encalço de cerca de 15 índios da etnia Kayabi que estariam saqueando fazendas e madeireiras próximas à Reserva Nacional do Xingu, onde moram.

O delegado de Sinop, João Bosco, autorizou uma megaoperação, que durou 22 horas, para resgatar equipamentos, como motosserras e principalmente caminhonetes, que teriam sido roubadas pelos índios. Na madrugada de terça-feira, 11 policiais partiram "para o mato", em duas viaturas, atrás dos kayabis, conseguindo apenas recuperar três veículos. Os índios fugiram. O delegado afirma que sua equipe não invadiu a reserva, o que só poderia ter sido feito com a autorização da Fundação Nacional do Índio (Funai).

Para o administrador da Reserva Nacional do Xingu, Paiê Kayabi, que não foi informado sobre a megaoperação policial, os índios estariam revoltados com a extração ilegal de madeira dentro de suas áreas. A questão, segundo Paiê, é mais profunda do que crimes comuns e reflete o clima de guerra entre índios, fazendeiros e madeireiros, na região.

Ainda de acordo com Paiê Kayabi, a Funai pediu que o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) mandasse técnicos ao local para contabilizar os estragos causados pela extração ilegal de madeira na reserva. "Eles já estão lá", afirma.

A polícia de Sinop tem informações de que estes índios estão portando armas militares, de uso exclusivo do Exército, como fuzis AR-15, espingardas calibre 12 e winchester calibre 38. O delegado João Bosco, contudo, não cogita a possibilidade de haver mentores induzindo o grupo Kayabi e nem considera razoável o fato deles estarem consternados com o roubo de seus bens naturais, que são as árvores. "Os kayabis são abusados mesmo. Se sentem inimputáveis (não podem ser punidos judicialmente), abusam de nossas leis e nós não podemos abusar das deles", esbraveja. Segundo o delegado, a Funai e a Polícia Federal, "que deveriam orientá-los a não sair da aldeia", são responsáveis por estes embates.

Os madeireiros Walter Golo, Rudmar Golo e Valmir Rosa foram roubados e mantidos reféns pelos índios, durante oito dias, e libertados, sem reaver seus bens. Os índios roubaram três caminhonetes do fazendeiro Ivo Vicentim, acusado de expandir suas cercas para dentro da reserva.
 

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