From Indigenous Peoples in Brazil
News
Moradores e índios Guaranis em pé de guerra
10/11/2009
Autor: José Bulin
Fonte: Jornal Palavra Palhocense - http://www.palhocense.com.br/area_1
Conflitos entre uma família da Praia de Fora e índios Guaranis são acompanhados pela Polícia Federal, que investiga incêndio em casa indígena. Confira abaixo essa matéria em vídeo.
Texto e fotos: José Bulin
A situação se agravou na semana passada, quando quatro irmãos da família Campos, que reside na Praia de Fora, derrubaram um barraco que os índios estavam construindo num terreno, segundo os irmãos, pertencente à família. O caso vem sendo acompanhado pela Polícia Federal, que investiga ainda a ocorrência de um recente incêndio nas proximidades do conflito, o qual pode ter sido criminoso.
Os índios vivem na aldeia Cambirela há mais de 30 anos. Mas a partir de 2003 passaram a ocupar as terras pelo lado de cima da rodovia, o que chamou a atenção dos membros da família Campos, os quais alegam que o terreno pertence à família há mais de 80 anos.
O comerciante Edson Campos mostra o local onde a casa foi derrubada e conta que o terreno, com aproximadamente 42 metros quadrados, foi comprado pela mãe. A professora aposentada, Ieda Campos, teria comprado o imóvel através de financiamento do antigo Instituto Previdenciário do Estado de santa Catarina (Ipesc) há mais de 40 anos.
Segundo Edson, os índios sempre viveram na parte de baixo da BR e nunca houve conflitos. "Jamais tivemos a intenção de fazer mal a alguém da aldeia. Já até abrigamos em casa uma índia com um recém-nascido que havia sido expulsa da aldeia", revela. Edson garante que a família paga os impostos do terreno e que a propriedade está registrada, de acordo com a lei.
O aposentado Alcioneu Francisco Martins, de 84 anos, diz que já registrou Boletins de Ocorrência por invasão e roubo de madeira na propriedade dele, que faz extrema com a família Campos. Mas, segundo ele, "a Justiça nunca fez nada para conter a invasão dos Guaranis". O vizinho conta que sempre conviveu com a família Campos e que nunca teve problemas. "Na parte de baixo, onde moram, a propriedade é aberta, nem cerca usamos, somos todos pessoas de bem", afirma.
Briga acaba na delegacia:
Os índios da aldeia Cambirela afirmam que o conflito na localidade se arrasta desde 2003 e que todas as autoridades já têm conhecimento da disputa. "Os órgãos como Funai, Ministério Público, Polícia Federal, Defensoria Pública, todos já haviam sido comunicados sobre as ameaças e os conflitos na região", revelam.
O índio Edson Flávio Veloso afirma que os irmãos Campos sempre fizeram diversas ameaças à comunidade indígena. No dia em que eles derrubaram a casa, conforme conta, os irmãos foram ao local e o agrediram. Edson diz que foram essas agressões que resultaram na prisão dos dois irmãos. "Enquanto eles brigam por um terreno, os índios querem terras para viver em paz", ressalta. Para ele, a demarcação das terras feita em 2001 pela Funai de Palhoça de nada adiantou, "pois ainda somos proibidos de caçar, pescar e sobrevivemos só do artesanato".
Questionado sobre a documentação da família Campos, a qual lhe dá o direito sobre a propriedade, o Guarani pergunta: "Se os Campos são donos do terreno há mais de 100 anos, o que dizer de nossos antepassados, que habitavam estas terras antes do Brasil ser descoberto?".
Edson diz que tem mulher e filhos e que não vai aceitar viver sob ameaças constantes. "Só precisamos de espaço para recolher matéria-prima, fazer nossos rituais, plantar e viver em paz e harmonia com a natureza. Quem vai decidir sobre o direito da terra é a Justiça", acrescentou.
Irmãos seguem detidos:
A Polícia Federal (PF) e peritos do Instituto Geral de Perícias (IGP) ainda investigam o incêndio. O fogo consumiu uma casa indígena, onde viviam nove pessoas - seis adultos e três crianças - e uma oca usada pelos Guaranis em rituais religiosos. O incêndio aconteceu a poucos quilômetros do local da disputas entre os índios e a família Campos.
Os policiais suspeitam de um rapaz, filho de um dos homens que está preso. Ele teria provocado o fogo em resposta à prisão do pai. Se for confirmada a suspeita, o Delegado Roberto Cardoso poderá pedir à Justiça a prorrogação da prisão temporária dos irmãos. O resultado da perícia deve ser divulgado em breve.
A reportagem tentou conversar com Getúlio Gomes da Silva, responsável pela Funai em Palhoça, mas o mesmo não usa celular.
A assessoria de imprensa da PF disse que a prisão dos irmãos Campos é temporária e que
enquanto a Justiça não decidir eles continuarão detidos.
Texto e fotos: José Bulin
A situação se agravou na semana passada, quando quatro irmãos da família Campos, que reside na Praia de Fora, derrubaram um barraco que os índios estavam construindo num terreno, segundo os irmãos, pertencente à família. O caso vem sendo acompanhado pela Polícia Federal, que investiga ainda a ocorrência de um recente incêndio nas proximidades do conflito, o qual pode ter sido criminoso.
Os índios vivem na aldeia Cambirela há mais de 30 anos. Mas a partir de 2003 passaram a ocupar as terras pelo lado de cima da rodovia, o que chamou a atenção dos membros da família Campos, os quais alegam que o terreno pertence à família há mais de 80 anos.
O comerciante Edson Campos mostra o local onde a casa foi derrubada e conta que o terreno, com aproximadamente 42 metros quadrados, foi comprado pela mãe. A professora aposentada, Ieda Campos, teria comprado o imóvel através de financiamento do antigo Instituto Previdenciário do Estado de santa Catarina (Ipesc) há mais de 40 anos.
Segundo Edson, os índios sempre viveram na parte de baixo da BR e nunca houve conflitos. "Jamais tivemos a intenção de fazer mal a alguém da aldeia. Já até abrigamos em casa uma índia com um recém-nascido que havia sido expulsa da aldeia", revela. Edson garante que a família paga os impostos do terreno e que a propriedade está registrada, de acordo com a lei.
O aposentado Alcioneu Francisco Martins, de 84 anos, diz que já registrou Boletins de Ocorrência por invasão e roubo de madeira na propriedade dele, que faz extrema com a família Campos. Mas, segundo ele, "a Justiça nunca fez nada para conter a invasão dos Guaranis". O vizinho conta que sempre conviveu com a família Campos e que nunca teve problemas. "Na parte de baixo, onde moram, a propriedade é aberta, nem cerca usamos, somos todos pessoas de bem", afirma.
Briga acaba na delegacia:
Os índios da aldeia Cambirela afirmam que o conflito na localidade se arrasta desde 2003 e que todas as autoridades já têm conhecimento da disputa. "Os órgãos como Funai, Ministério Público, Polícia Federal, Defensoria Pública, todos já haviam sido comunicados sobre as ameaças e os conflitos na região", revelam.
O índio Edson Flávio Veloso afirma que os irmãos Campos sempre fizeram diversas ameaças à comunidade indígena. No dia em que eles derrubaram a casa, conforme conta, os irmãos foram ao local e o agrediram. Edson diz que foram essas agressões que resultaram na prisão dos dois irmãos. "Enquanto eles brigam por um terreno, os índios querem terras para viver em paz", ressalta. Para ele, a demarcação das terras feita em 2001 pela Funai de Palhoça de nada adiantou, "pois ainda somos proibidos de caçar, pescar e sobrevivemos só do artesanato".
Questionado sobre a documentação da família Campos, a qual lhe dá o direito sobre a propriedade, o Guarani pergunta: "Se os Campos são donos do terreno há mais de 100 anos, o que dizer de nossos antepassados, que habitavam estas terras antes do Brasil ser descoberto?".
Edson diz que tem mulher e filhos e que não vai aceitar viver sob ameaças constantes. "Só precisamos de espaço para recolher matéria-prima, fazer nossos rituais, plantar e viver em paz e harmonia com a natureza. Quem vai decidir sobre o direito da terra é a Justiça", acrescentou.
Irmãos seguem detidos:
A Polícia Federal (PF) e peritos do Instituto Geral de Perícias (IGP) ainda investigam o incêndio. O fogo consumiu uma casa indígena, onde viviam nove pessoas - seis adultos e três crianças - e uma oca usada pelos Guaranis em rituais religiosos. O incêndio aconteceu a poucos quilômetros do local da disputas entre os índios e a família Campos.
Os policiais suspeitam de um rapaz, filho de um dos homens que está preso. Ele teria provocado o fogo em resposta à prisão do pai. Se for confirmada a suspeita, o Delegado Roberto Cardoso poderá pedir à Justiça a prorrogação da prisão temporária dos irmãos. O resultado da perícia deve ser divulgado em breve.
A reportagem tentou conversar com Getúlio Gomes da Silva, responsável pela Funai em Palhoça, mas o mesmo não usa celular.
A assessoria de imprensa da PF disse que a prisão dos irmãos Campos é temporária e que
enquanto a Justiça não decidir eles continuarão detidos.
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