De Pueblos Indígenas en Brasil

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Projetos de campo da CCPY na Terra Indígena Yanomami são visitados por financiadores

27/11/2003

Fonte: Comissão pró Yanomami-Boletim 44-Boa Vista-RR



Projeto de Educação

Durante a visita oficial ao Brasil do casal real da Noruega, Harald V e Sonja, uma comitiva da delegação oficial, formada por Olav Kjorven (primeiro Vice-ministro), Ola Brevik (assessor do Vice-ministro), Hilde Salverson (Norad), Lars Lovold (Rainforest Foundation da Noruega) e pelos jornalistas Ame Halvorson e Anne Fredrikstad, visitou a aldeia Yanomami de Demini, no início de outubro de 2003. A Noruega financia, por meio da Norad (agência de cooperação) e da Rainforest Foundation daquele país, o Projeto de Educação Intercultural Yanomami (PEI), desenvolvido pela Comissão Pró-Yanomami em 7 regiões da terra Indígena Yanomami (com 35 escolas) e o Programa Institucional da CCPY desenvolvido em Brasília (divulgação política e cultural, monitoramento de políticas públicas, apoio político e jurídico aos Yanomami).


A delegação norueguesa manifestou seu contentamento com a qualidade das condições de vida dos Yanomami da aldeia do Demini, destacando o fato do grupo gozar de boa alimentação e força cultural, bem como de escola (pela CCPY) e atendimento à saúde (pela URIHI Saúde Yanomami, ONG parceira da CCPY) de boa qualidade. Os visitantes noruegueses registraram na ocasião sua satisfação pelo fato que seu apoio a CCPY contribui diretamente ao bem-estar dos Yanomami da região. Depois de conhecer a realidade do Demini, transformada pela atuação da CCPY e a URIHI ao longo dos anos, a delegação norueguesa viajou para Homoxi, uma das áreas mais atingidas pelo garimpo nos anos 80 e 90 e onde a CCPY e a URIHI têm um trabalho mais recente (desde 2000) . Puderam assim testemunhar in loco uma situação onde o investimento em saúde, educação e recuperação ambiental necessário para se chegar a uma qualidade de vida comparável a área de Demini é ainda considerável. Assim, o cenário do Homoxi deixou claro que se a região continua tendo um apoio significativo, em alguns anos poderá atingir as condições de vida semelhantes às de Demini. No encerramento do encontro, o Vice-ministro Olav Kjorven disse estar impressionado com a visita às aldeias Yanomami e anunciou sua intenção de ampliar os recursos destinados ao programa Povos Indígenas da agência de cooperação norueguesa (Norad) no Brasil a partir de 2005.


Projeto ambiental

Outro projeto visitado por financiadores foi o Projeto agroflorestal Yanomami (PAY), uma experiência nova da Comissão Pró-Yanomami no quadro do seu Programa ambiental. Este projeto tem por objetivos: 1) incentivar o plantio de árvores frutíferas em áreas degradadas ou de crescente densidade demográfica, introduzindo, quando necessário, novas tecnologias de produção; 2) promover intercâmbios entre os Yanomami e outros grupos indígenas com experiência agroflorestal e, enfim, 3) a elaboração de um manual agroflorestal Yanomami. O PAY começou a ser desenvolvido em duas regiões - Demini e Toototobi - atingindo cerca de 450 yanomami, com financiamento do PDA - Subprograma dos Projetos Demonstrativos, que é parte do PPG-7 (Programa Piloto de Proteção das Florestas Tropicais do Brasil), da Secretaria de Coordenação da Amazônia do Ministério do Meio Ambiente.


O PAY foi recentemente avaliado pela técnica Mara Vanessa Dutra, do PDA/Ministério do Meio Ambiente, que adiantou ter considerado a sua execução muito boa tanto no Demini quanto no Toototobi, apesar das diferenças entre as aldeias. Um dos aspectos positivos destacados é o fato da equipe da CCPY falar a língua Yanomami, qualificado como um "diferencial" em relação a outros projetos semelhantes.


Pelas informações recebidas na monitoria, a avaliadora percebeu que o PAY deu um salto de qualidade no último ano. O intercâmbio com outros grupos indígenas do Acre favoreceu uma mudança de rumo: a formação de um grupo de agentes florestais yanomami, responsáveis pela implementação do projeto. Embora não fosse um objetivo inicial explícito do projeto, o processo de formação desse grupo, que atua também como agente mobilizador dentro da comunidade, é um desdobramento positivo do projeto, índice da sua apropriação social pelas comunidades Yanomami.


A execução do projeto envolvendo esses agentes florestais começa a abrir uma discussão sobre uma nova relação das aldeias yanomami com os recursos da floresta. Os Yanomami estão ficando cientes dos problemas ambientais que poderão decorrer do seu crescimento populacional e crescente processo de sedentarização. ºPor exemplo, os yanomami estão começando a coletar sementes e mudas de frutíferas silvestres que são replantadas mais próximas das aldeias, com a finalidade de colocar novos recursos alimentícios a disposição das crianças, mulheres e idosos.


Na prática, os índios estão criando métodos de plantio a partir da observação da natureza e das informações repassadas pelo coordenador do Programa ambiental da CCPY. Estão realizando experiências de plantio de árvores, com consorciamentos e espaçamentos definidos por eles. "É um jeito yanomami de fazer esses quintais agroflorestais", disse Mara Vanessa, a avaliadora do PDA, que elogiou o coordenador da CCPY pela sua dedicação com o trabalho e identidade com os yanomami. Outro aspecto interessante notado pela Mara Vanessa é o fato de que os Yanomami são muito abertos ao cultivo experimental de árvores frutíferas desconhecidas por eles.


Outro processo interno ao projeto que chamou também a atenção da avaliadora e mereceu especiais elogios é a "rede de solidariedade" das comunidades envolvidas no PAY (Toototobi e Demini) com as aldeias de região de Homoxi, uma das mais degradadas pela ação dos garimpeiros nas ultimas décadas. De fato, os Yanomami do Demini e Toototobi estão apoiando as aldeias de Homoxi mandando para elas mudas de árvores e palmeiras ubim (espécie típica para a construção da maloca yanomami), diante da precariedade de recursos naturais à disposição das famílias daquela região devastada pelos garimpos.


O projeto agro-florestal da CCPY apoiado pelo PDA criou finalmente uma base para o desenvolvimento de um novo projeto da CCPY, desta vez financiado pelo PDPI - Projetos Demonstrativos dos Povos Indígenas. Este novo projeto é voltado à criação de abelhas e à produção de mel e vem complementar o projeto anterior com o desenvolvimento na Terra Yanomami de uma meliponicultura e apicultura indígena a partir de uma primeira experiência na aldeia de Demini.
 

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