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Exposição no Sesc Ipiranga reúne 250 fotos do antropólogo Eduardo Viveiros de Castro
22/08/2015
Autor: Guilherme Freitas
Fonte: O Globo (Rio de Janeiro - RJ) - www.oglobo.globo.com
RIO - Os primeiros contatos do antropólogo Eduardo Viveiros de Castro com povos amazônicos, que deram origem às teses expostas em livros como "A inconstância da alma selvagem" e "Metafísicas canibais", estão registrados nas fotografias que fez durante o trabalho de campo com os índios Araweté, Yanomami, Yawalapiti e Kulina, entre meados dos anos 1970 e início dos 1990. Parte dessas imagens será exibida pela primeira vez na exposição "Variações do corpo selvagem", no Sesc Ipiranga, em São Paulo, entre 29 de agosto e 29 de novembro. A mostra reúne ainda registros de sua colaboração, nos anos 1970, com o cineasta Ivan Cardoso, mestre do gênero "terrir" e diretor de filmes como "O segredo da múmia" (1982) e "As sete vampiras" (1986).
A exposição também debaterá as relações entre as teorias do antropólogo e as artes e o pensamento contemporâneos, em um seminário internacional nos dias 27 e 28 de outubro. Ao longo de toda a mostra, haverá uma programação paralela com shows, performances, espetáculos teatrais e contação de histórias para crianças, reunindo artistas como Arto Lindsay, Jards Macalé e Tom Zé. A programação completa está no site do Sesc.
As duas vertentes de fotos de Viveiros de Castro - aquelas feitas quando trabalhava com Ivan Cardoso e os registros do trabalho de campo - não serão apresentadas em separado na exposição. Estarão mescladas em quatro núcleos organizados em torno de trechos de obras e entrevistas do autor. Para os curadores, a escritora e crítica de arte Veronica Stigger e o poeta e crítico literário Eduardo Sterzi, o que aproxima as 250 imagens reunidas na mostra é a atenção ao corpo.
- Mas não qualquer corpo, ou não o corpo em qualquer situação, mas sobretudo o corpo flagrado em transformação, ou antes, para usar um termo de Viveiros de Castro, o corpo no momento de sua "fabricação" - diz Stigger, coautora com o antropólogo do livro infantil "Onde a onça bebe água". - É essa experiência constante do limiar que chamamos de "variações do corpo selvagem".
Isso está presente tanto nos registros de pinturas corporais indígenas e da ação dos xamãs quanto nas fotos de parangolés de Hélio Oiticica e do rosto pintado de Waly Salomão, artistas com quem Viveiros de Castro conviveu. Segundo o antropólogo, o corpo é "objeto e conceito em torno do qual gira crucialmente" seu trabalho.
- Mas "selvagem" aqui não tem o sentido exclusivo de "índio", e sim o de exploração de formas não canônicas de experimentar, estética, filosófica e existencialmente o corpo como instrumento de pensamento - diz Viveiros de Castro.
Outro elemento importante da obra de Viveiros de Castro presente nas fotos é a reflexão sobre pontos de vista. Embora não usasse a fotografia como instrumento etnográfico em seu trabalho de campo, algumas imagens da exposição sublinham seu interesse pelo olhar dos indígenas sobre si mesmos e sobre os brancos. Numa das fotos, um índio olha através da filmadora super 8 do antropólogo em uma aldeia Yawalapiti do Alto Xingu. Em outra, um grupo de índios Araweté assiste a um filme do cineasta Murilo Santos sobre eles.
Esses traços poderiam ser relacionados às teses de Viveiros de Castro sobre o perspectivismo. Em "Metafísicas canibais", ele escreve que, em contraposição à prática corrente na antropologia de procurar descrever "o ponto de vista do nativo", o perspectivismo tem como "tarefa" descobrir "o que é um ponto de vista para o nativo", ou seja, "qual o ponto de vista nativo sobre o conceito antropológico de ponto de vista?"
- Foram os curadores que descobriram a relação entre minha atividade como fotógrafo (algo que eu fiz de modo completamente amador e, pensava eu, desvinculado de meu trabalho de campo propriamente etnográfico) e o conteúdo conceitual de meus escritos sobre o perspectivismo - diz Viveiros de Castro.
Para os curadores, há uma relação complexa entre as fotos amazônicas do antropólogo e suas teses:
- As fotografias não são exatamente antecipações, muito menos ilustrações, do perspectivismo ameríndio. Mas acreditamos que exista, na trajetória de Viveiros de Castro, uma relação analógica ou, digamos, poética entre fotografia e teoria, que buscamos ressaltar na exposição - diz Sterzi.
http://oglobo.globo.com/cultura/livros/exposicao-no-sesc-ipiranga-reune-250-fotos-do-antropologo-eduardo-viveiros-de-castro-17265641
A exposição também debaterá as relações entre as teorias do antropólogo e as artes e o pensamento contemporâneos, em um seminário internacional nos dias 27 e 28 de outubro. Ao longo de toda a mostra, haverá uma programação paralela com shows, performances, espetáculos teatrais e contação de histórias para crianças, reunindo artistas como Arto Lindsay, Jards Macalé e Tom Zé. A programação completa está no site do Sesc.
As duas vertentes de fotos de Viveiros de Castro - aquelas feitas quando trabalhava com Ivan Cardoso e os registros do trabalho de campo - não serão apresentadas em separado na exposição. Estarão mescladas em quatro núcleos organizados em torno de trechos de obras e entrevistas do autor. Para os curadores, a escritora e crítica de arte Veronica Stigger e o poeta e crítico literário Eduardo Sterzi, o que aproxima as 250 imagens reunidas na mostra é a atenção ao corpo.
- Mas não qualquer corpo, ou não o corpo em qualquer situação, mas sobretudo o corpo flagrado em transformação, ou antes, para usar um termo de Viveiros de Castro, o corpo no momento de sua "fabricação" - diz Stigger, coautora com o antropólogo do livro infantil "Onde a onça bebe água". - É essa experiência constante do limiar que chamamos de "variações do corpo selvagem".
Isso está presente tanto nos registros de pinturas corporais indígenas e da ação dos xamãs quanto nas fotos de parangolés de Hélio Oiticica e do rosto pintado de Waly Salomão, artistas com quem Viveiros de Castro conviveu. Segundo o antropólogo, o corpo é "objeto e conceito em torno do qual gira crucialmente" seu trabalho.
- Mas "selvagem" aqui não tem o sentido exclusivo de "índio", e sim o de exploração de formas não canônicas de experimentar, estética, filosófica e existencialmente o corpo como instrumento de pensamento - diz Viveiros de Castro.
Outro elemento importante da obra de Viveiros de Castro presente nas fotos é a reflexão sobre pontos de vista. Embora não usasse a fotografia como instrumento etnográfico em seu trabalho de campo, algumas imagens da exposição sublinham seu interesse pelo olhar dos indígenas sobre si mesmos e sobre os brancos. Numa das fotos, um índio olha através da filmadora super 8 do antropólogo em uma aldeia Yawalapiti do Alto Xingu. Em outra, um grupo de índios Araweté assiste a um filme do cineasta Murilo Santos sobre eles.
Esses traços poderiam ser relacionados às teses de Viveiros de Castro sobre o perspectivismo. Em "Metafísicas canibais", ele escreve que, em contraposição à prática corrente na antropologia de procurar descrever "o ponto de vista do nativo", o perspectivismo tem como "tarefa" descobrir "o que é um ponto de vista para o nativo", ou seja, "qual o ponto de vista nativo sobre o conceito antropológico de ponto de vista?"
- Foram os curadores que descobriram a relação entre minha atividade como fotógrafo (algo que eu fiz de modo completamente amador e, pensava eu, desvinculado de meu trabalho de campo propriamente etnográfico) e o conteúdo conceitual de meus escritos sobre o perspectivismo - diz Viveiros de Castro.
Para os curadores, há uma relação complexa entre as fotos amazônicas do antropólogo e suas teses:
- As fotografias não são exatamente antecipações, muito menos ilustrações, do perspectivismo ameríndio. Mas acreditamos que exista, na trajetória de Viveiros de Castro, uma relação analógica ou, digamos, poética entre fotografia e teoria, que buscamos ressaltar na exposição - diz Sterzi.
http://oglobo.globo.com/cultura/livros/exposicao-no-sesc-ipiranga-reune-250-fotos-do-antropologo-eduardo-viveiros-de-castro-17265641
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