De Pueblos Indígenas en Brasil
Noticias
Clima de agosto é cachorro louco
11/08/2024
Autor: AZEVEDO, Ana Lucia
Fonte: O Globo - https://oglobo.globo.com/
Clima de agosto é cachorro louco
Mês começou com intensificação de incêndios no Pantanal e na Amazônia
Ana Lucia Azevedo
11/08/2024
Agosto é o mês do cachorro louco. A crendice alude ao fato de que, supostamente, o cio das cadelas seria mais frequente neste mês devido ao clima, o que deixaria os machos "enlouquecidos". De quebra, aumentaria o risco de mordidas e, dessa forma, a possibilidade de transmissão da raiva.
Os cachorros, como se sabe, não enlouquecem ao sabor do calendário. Já o clima está longe da normalidade e, desde o ano passado, parece não ter sanidade, com extremos de todo tipo. Agosto em nada difere dos demais meses na sandice climática e começou com intensificação de incêndios no Pantanal e na Amazônia.
O inverno de 2024 segue um arremedo da estação, com temperaturas acima da média e breves espasmos de frio intenso.
A loucura do tempo apequenou de tal forma o El Niño, o terceiro mais forte registrado, que ele desapareceu há três meses, mas o maçarico e os extremos continuam ligados a toda no planeta. O temido El Niño foi para a sepultura no Pacífico sem que ninguém, fora os especialistas, notasse.
Na origem de toda a loucura climática está o aquecimento da Terra sem precedentes registrados. O calor é a raiz de todos os desatinos climáticos.
E o clima do planeta está mais louco do que o cachorro de agosto. Ele superou as estimativas mais pessimistas dos cientistas. O que era previsto para meados do século se tornou realidade.
Como afirmou em recente entrevista o climatologista Carlos Nobre, a ciência ainda não descobriu o mecanismo por trás do aquecimento, sobretudo o dos oceanos. Os mares estão mais quentes do que nunca, principalmente o Atlântico. E eles influenciam todo o sistema climático.
Nenhum dos mecanismos conhecidos poderia explicar a elevação observada, explica Nobre. Por isso mesmo, milhares de cientistas tentam decifrar o mistério.
Mundo afora, o calor intenso e persistente atual é uma usina de problemas. Ergue os muros de um apartheid climático. Apenas os privilegiados que podem pagar por ar-condicionado e ir à praia com protetor solar conseguem tolerar sem tormento. Mas quem espera sob o sol quente para entrar num ônibus lotado para ir trabalhar e depois volta para um lar transformado em forno sabe que o calor é só maldade.
Além de servir de combustível para tempestades e secas, a temperatura alta encarece a comida, a energia, agrava doenças preexistentes. Ainda propaga epidemias, como a de dengue, e gera condições para a emergência de outros vírus, caso do oropouche.
Se calor fosse bom, a Bíblia não faria o inferno quente. Mas o ser humano se fez de Deus e produziu seu próprio inferno sem ter a competência para escapar dele.
Muitos se apegam ao consolo da crença de que a tecnologia resolverá. A Humanidade foi capaz de criar seu próprio inferno. Porém, ainda não desenvolveu tecnologia miraculosa que controle o clima ou sequestre carbono em escala global e com segurança.
Exemplos são os mais antigos programas de tentativas de modificação do tempo, os de semeadura de nuvens com micropartículas para tentar fazer chover. Eles colhem êxitos a conta-gotas.
Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, mais de 50 países já tentaram fazer chover. Fora a China, que não revela nada sobre o assunto, o programa mais ousado é o dos Emirados Árabes Unidos, cuja maior repercussão até agora foi ser acusado de causar a tempestade que inundou Dubai, em abril. Mas especialistas duvidam que a megachuva tenha qualquer relação com o programa.
A adaptação climática se tornou questão de sobrevivência e envolve uma miríade de medidas, da restauração de áreas naturais à infraestrutura e políticas públicas de resiliência. Adaptar é uma necessidade, mas tem limites e não evita os extremos.
Quem rogar à deusa da inteligência artificial e perguntar aos algoritmos como resolver o caos do clima, receberá uma solução velha e conhecida: cortar as emissões de gases-estufa. O efeito da decisão de não fazer isso o céu já mostrou como é.
https://oglobo.globo.com/opiniao/artigos/coluna/2024/08/clima-de-agosto-e-cachorro-louco.ghtml
Mês começou com intensificação de incêndios no Pantanal e na Amazônia
Ana Lucia Azevedo
11/08/2024
Agosto é o mês do cachorro louco. A crendice alude ao fato de que, supostamente, o cio das cadelas seria mais frequente neste mês devido ao clima, o que deixaria os machos "enlouquecidos". De quebra, aumentaria o risco de mordidas e, dessa forma, a possibilidade de transmissão da raiva.
Os cachorros, como se sabe, não enlouquecem ao sabor do calendário. Já o clima está longe da normalidade e, desde o ano passado, parece não ter sanidade, com extremos de todo tipo. Agosto em nada difere dos demais meses na sandice climática e começou com intensificação de incêndios no Pantanal e na Amazônia.
O inverno de 2024 segue um arremedo da estação, com temperaturas acima da média e breves espasmos de frio intenso.
A loucura do tempo apequenou de tal forma o El Niño, o terceiro mais forte registrado, que ele desapareceu há três meses, mas o maçarico e os extremos continuam ligados a toda no planeta. O temido El Niño foi para a sepultura no Pacífico sem que ninguém, fora os especialistas, notasse.
Na origem de toda a loucura climática está o aquecimento da Terra sem precedentes registrados. O calor é a raiz de todos os desatinos climáticos.
E o clima do planeta está mais louco do que o cachorro de agosto. Ele superou as estimativas mais pessimistas dos cientistas. O que era previsto para meados do século se tornou realidade.
Como afirmou em recente entrevista o climatologista Carlos Nobre, a ciência ainda não descobriu o mecanismo por trás do aquecimento, sobretudo o dos oceanos. Os mares estão mais quentes do que nunca, principalmente o Atlântico. E eles influenciam todo o sistema climático.
Nenhum dos mecanismos conhecidos poderia explicar a elevação observada, explica Nobre. Por isso mesmo, milhares de cientistas tentam decifrar o mistério.
Mundo afora, o calor intenso e persistente atual é uma usina de problemas. Ergue os muros de um apartheid climático. Apenas os privilegiados que podem pagar por ar-condicionado e ir à praia com protetor solar conseguem tolerar sem tormento. Mas quem espera sob o sol quente para entrar num ônibus lotado para ir trabalhar e depois volta para um lar transformado em forno sabe que o calor é só maldade.
Além de servir de combustível para tempestades e secas, a temperatura alta encarece a comida, a energia, agrava doenças preexistentes. Ainda propaga epidemias, como a de dengue, e gera condições para a emergência de outros vírus, caso do oropouche.
Se calor fosse bom, a Bíblia não faria o inferno quente. Mas o ser humano se fez de Deus e produziu seu próprio inferno sem ter a competência para escapar dele.
Muitos se apegam ao consolo da crença de que a tecnologia resolverá. A Humanidade foi capaz de criar seu próprio inferno. Porém, ainda não desenvolveu tecnologia miraculosa que controle o clima ou sequestre carbono em escala global e com segurança.
Exemplos são os mais antigos programas de tentativas de modificação do tempo, os de semeadura de nuvens com micropartículas para tentar fazer chover. Eles colhem êxitos a conta-gotas.
Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, mais de 50 países já tentaram fazer chover. Fora a China, que não revela nada sobre o assunto, o programa mais ousado é o dos Emirados Árabes Unidos, cuja maior repercussão até agora foi ser acusado de causar a tempestade que inundou Dubai, em abril. Mas especialistas duvidam que a megachuva tenha qualquer relação com o programa.
A adaptação climática se tornou questão de sobrevivência e envolve uma miríade de medidas, da restauração de áreas naturais à infraestrutura e políticas públicas de resiliência. Adaptar é uma necessidade, mas tem limites e não evita os extremos.
Quem rogar à deusa da inteligência artificial e perguntar aos algoritmos como resolver o caos do clima, receberá uma solução velha e conhecida: cortar as emissões de gases-estufa. O efeito da decisão de não fazer isso o céu já mostrou como é.
https://oglobo.globo.com/opiniao/artigos/coluna/2024/08/clima-de-agosto-e-cachorro-louco.ghtml
Las noticias publicadas en el sitio Povos Indígenas do Brasil (Pueblos Indígenas del Brasil) son investigadas en forma diaria a partir de fuentes diferentes y transcriptas tal cual se presentan en su canal de origen. El Instituto Socioambiental no se responsabiliza por las opiniones o errores publicados en esos textos. En el caso en el que Usted encuentre alguna inconsistencia en las noticias, por favor, póngase en contacto en forma directa con la fuente mencionada.