De Pueblos Indígenas en Brasil
The printable version is no longer supported and may have rendering errors. Please update your browser bookmarks and please use the default browser print function instead.

Noticias

Crise em Belo Monte mostra o quanto custa ignorar alertas da ciência

01/10/2024

Fonte: O Globo - https://oglobo.globo.com/



Crise em Belo Monte mostra o quanto custa ignorar alertas da ciência

Míriam Leitão

01/10/2024

A Agência Nacional de Águas (ANA) declarou crítica a situação do rio Xingu, que abastece a Usina de Belo Monte e isso pode vir a prejudicar a produção de energia. Belo Monte foi a mais polêmicas das grandes usinas hidrelétricas construídas na Amazônia. Ela passou por cima de direitos indígenas, direitos sociais, afetou o meio ambiente, deixou sequelas não resolvidas até hoje. Quando se debatia se a usina deveria ou não ser construída, conversei com muita gente de um lado e do outro, todo tipo de especialista. O cientista Carlos Nobre, me disse na época que, durante o período da existência de Belo Monte, o regime hídrico daquela região se alteraria muito por causa da mudança climática. Outros climatologistas disseram isso. O alerta era que se construiria uma usina muito grande, a um custo social, econômico, fiscal muito alto, que poderia vir a não produzir o volume de energia que se estimava por falta de água. É exatamente esse dia que estamos vivendo agora.

Pode-se dizer que isso acontece por causa da seca que acomete a região agora. Mas não é uma questão momentânea, as secas ficarão mais frequentes. O ano passado também teve seca. É claro que a gente gostaria que não tivesse uma nova seca como a desses dois últimos anos, mas os climatologistas já enxergavam esse risco há mais de uma década e chegaram até a assinar um documento contra a construção da Usina de Belo Monte, sendo a perspectiva de alteração do regime hídrico uma das razões apontadas por eles. Os defensores de Belo Monte diziam que ela era a maior usina só brasileira - dado que Itaipu é binacional - com 11 mil megawatts de capacidade de produção. Os críticos diziam que só eventualmente ela produziria na sua plena capacidade. E os críticos têm tido razão.

Se a gente pode tirar uma lição de tudo isso é a seguinte: seja na produção de energia, seja em qualquer obra de infraestrutura daqui para diante, é preciso ouvir os cientistas e colocar na equação da decisão a realidade das mudanças do clima.

O Reino Unido, que foi quem começou a energia produzida pelo carvão, fechou nesta segunda-feira a última usina elétrica a carvão. O Brasil, que tem a sua disposição várias fontes de energia de baixo impacto, baixa emissão de gás de efeito estufa, permanece usando o carvão, mais do que isso, subsidiando essa energia que é altamente poluente.

O Brasil precisa tomar decisões levando a sério o que os cientistas estão dizendo, não achando que eles estão com algum viés antidesenvolvimentista. Não se pode ignorar no cenário dos próximos anos e décadas o que dizem os cientistas do clima. As mudanças climáticas têm que nortear as decisões econômicas e as decisões energéticas e todas as outras decisões de construção da infraestrutura do país.

https://oglobo.globo.com/blogs/miriam-leitao/post/2024/10/crise-em-belo-monte-mostra-o-quanto-custa-ignorar-alertas-da-ciencia.ghtml
 

Las noticias publicadas en el sitio Povos Indígenas do Brasil (Pueblos Indígenas del Brasil) son investigadas en forma diaria a partir de fuentes diferentes y transcriptas tal cual se presentan en su canal de origen. El Instituto Socioambiental no se responsabiliza por las opiniones o errores publicados en esos textos. En el caso en el que Usted encuentre alguna inconsistencia en las noticias, por favor, póngase en contacto en forma directa con la fuente mencionada.