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Dados do MapBiomas traduzem em números o que já se sabia: derrubam a Amazônia para plantar capim e boi pastar
04/10/2024
Autor: LEITÃO, Míriam
Fonte: O Globo - https://oglobo.globo.com/
Dados do MapBiomas traduzem em números o que já se sabia: derrubam a Amazônia para plantar capim e boi pastar
Míriam Leitão
04/10/2024
Sempre se soube que a maior parte da destruição da Amazônia é para a pecuária, para a pastagem do boi, mas o levantamento do MapBiomas, mostrado na reportagem de Luis Felipe de Azevedo, publicada nesta sexta-feira no GLOBO, transformou essa impressão em números. Ao fazer a medição do desmatamento de 1985 a 2023, a entidade verificou que 90% de todo o verde tirado da Amazônia, em 39 anos, foi transformado em pasto. Ou seja, se está destruindo a floresta para plantar capim. Esse estudo foi possível porque o MapBiomas tem um banco de imagens desse período, o que permite "voltar no tempo", comparar e dizer no que cada área foi transformada.
Pode-se perguntar, mas e a agricultura, a produção de grãos não tem responsabilidade? Tem sim, mas há uma sequência de eventos quando se fala em desmatamento. O primeiro passo é tirar a madeira. Então entram os madeireiros, os grileiros invadindo terra pública, unidade de conservação, terra indígena ou área pública não destinada. Na atividade criminosa, destroem tudo e fazem o pasto. Em seguida, essa terra se "valoriza" do ponto de vista da comercial e ela é "vendida" mesmo sendo terra pública para a produção de grãos. Depois disso vêm os pedidos de anistia por desmatamento que legaliza o crime.
O relatório aponta uma queda do desmatamento direto para a agropecuária a partir de 2014, quando houve seu ápice, influenciada pela moratória da soja. Na época houve um pacto entre os grandes traders e produtores de não usar área de desmatamento recente, o que reduziu a presença da produção de soja na Amazônia, pois parou de alimentar esse ciclo, embora não o tenha interrompido completamente. Essa moratória até hoje é contestada por uma parte dos sojeiros.
Recentemente, o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, me disse que por causa das muitas multas e autuações feitas pelo Ibama, desde que começou o governo Lula, agora os criminosos estão colocando fogo direto na floresta e isso explica parte desses incêndios que estamos vendo.
Quando decidi fazer o documentário da "Amazônia na Encruzilhada", que é parte do meu livro, fui exatamente atrás da pata do boi, para São Félix do Xingu, que é a cidade com o maior rebanho do Brasil. A ideia era ver em campo essa lógica do desmatamento. E o que se vê quando se vai a campo é exatamente o que o estudo do MapBiomas mostra de forma macro. Em que estamos transformando a maior floresta tropical do mundo? Em um grande pasto para os bois e de uma pecuária extensiva e sem produtividade. No estudo tem, inclusive, a medição de quanto houve de extensão em áreas úmidas da Amazônia, alimentando a mudança climática.
Mas há como reverter esse cenário e a solução é replantar a floresta. Não basta ter o desmatamento zero, é preciso reflorestar, replantar, restaurar a Amazônia e com toda a sua biodiversidade.
E fazer restauração florestal não é apenas um ganho para o meio ambiente, traz também ganho financeiro para o país. Há vários mecanismos de financiamento, sobre os quais eu tenho falado aqui, inclusive a possibilidade de venda de créditos de carbono. Ou seja, a solução está em nossas mãos, os dados estão diante de nós e a gente pode reverter isso ainda trazendo vantagens econômicas para o país.
https://oglobo.globo.com/blogs/miriam-leitao/post/2024/10/dados-do-mapbiomas-traduzem-em-numeros-o-que-ja-se-sabia-derrubam-a-amazonia-para-plantar-capim-e-boi-pastar.ghtml
Míriam Leitão
04/10/2024
Sempre se soube que a maior parte da destruição da Amazônia é para a pecuária, para a pastagem do boi, mas o levantamento do MapBiomas, mostrado na reportagem de Luis Felipe de Azevedo, publicada nesta sexta-feira no GLOBO, transformou essa impressão em números. Ao fazer a medição do desmatamento de 1985 a 2023, a entidade verificou que 90% de todo o verde tirado da Amazônia, em 39 anos, foi transformado em pasto. Ou seja, se está destruindo a floresta para plantar capim. Esse estudo foi possível porque o MapBiomas tem um banco de imagens desse período, o que permite "voltar no tempo", comparar e dizer no que cada área foi transformada.
Pode-se perguntar, mas e a agricultura, a produção de grãos não tem responsabilidade? Tem sim, mas há uma sequência de eventos quando se fala em desmatamento. O primeiro passo é tirar a madeira. Então entram os madeireiros, os grileiros invadindo terra pública, unidade de conservação, terra indígena ou área pública não destinada. Na atividade criminosa, destroem tudo e fazem o pasto. Em seguida, essa terra se "valoriza" do ponto de vista da comercial e ela é "vendida" mesmo sendo terra pública para a produção de grãos. Depois disso vêm os pedidos de anistia por desmatamento que legaliza o crime.
O relatório aponta uma queda do desmatamento direto para a agropecuária a partir de 2014, quando houve seu ápice, influenciada pela moratória da soja. Na época houve um pacto entre os grandes traders e produtores de não usar área de desmatamento recente, o que reduziu a presença da produção de soja na Amazônia, pois parou de alimentar esse ciclo, embora não o tenha interrompido completamente. Essa moratória até hoje é contestada por uma parte dos sojeiros.
Recentemente, o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, me disse que por causa das muitas multas e autuações feitas pelo Ibama, desde que começou o governo Lula, agora os criminosos estão colocando fogo direto na floresta e isso explica parte desses incêndios que estamos vendo.
Quando decidi fazer o documentário da "Amazônia na Encruzilhada", que é parte do meu livro, fui exatamente atrás da pata do boi, para São Félix do Xingu, que é a cidade com o maior rebanho do Brasil. A ideia era ver em campo essa lógica do desmatamento. E o que se vê quando se vai a campo é exatamente o que o estudo do MapBiomas mostra de forma macro. Em que estamos transformando a maior floresta tropical do mundo? Em um grande pasto para os bois e de uma pecuária extensiva e sem produtividade. No estudo tem, inclusive, a medição de quanto houve de extensão em áreas úmidas da Amazônia, alimentando a mudança climática.
Mas há como reverter esse cenário e a solução é replantar a floresta. Não basta ter o desmatamento zero, é preciso reflorestar, replantar, restaurar a Amazônia e com toda a sua biodiversidade.
E fazer restauração florestal não é apenas um ganho para o meio ambiente, traz também ganho financeiro para o país. Há vários mecanismos de financiamento, sobre os quais eu tenho falado aqui, inclusive a possibilidade de venda de créditos de carbono. Ou seja, a solução está em nossas mãos, os dados estão diante de nós e a gente pode reverter isso ainda trazendo vantagens econômicas para o país.
https://oglobo.globo.com/blogs/miriam-leitao/post/2024/10/dados-do-mapbiomas-traduzem-em-numeros-o-que-ja-se-sabia-derrubam-a-amazonia-para-plantar-capim-e-boi-pastar.ghtml
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