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Filmes premiados sobre a resistência e a cultura das populações indígenas brasileiras chegam ao Itaú Cultural Play

15/04/2025

Fonte: Cineset - https://cineset.com.br/filmes-premiados-sobre-a-resistencia-e-a-cultura-das-populacoes-ind



Filmes premiados sobre a resistência e a cultura das populações indígenas brasileiras chegam ao Itaú Cultural Play

Postado por Caio Pimenta | abr 15, 2025

Em referência ao Abril Indígena, mês destinado à visibilidade da luta e das conquistas dos povos originários brasileiros, a Itaú Cultural Play - plataforma de streaming gratuita de cinema nacional - disponibiliza seis filmes sobre os costumes e culturas de etnias indígenas. A maioria dessas produções é assinada por cineastas indígenas, que trazem um olhar sensível e autoral sobre suas próprias vivências.

A seleção inclui um longa-metragem, o premiado documentário Martírio (Pernambuco, 2016), no qual o militante Vincent Carelli expõe o genocídio histórico cometido contra o povo guarani kaiowá no Mato Grosso do Sul, além de cinco curtas-metragens. Entre eles estão Thuë pihi kuuwi - uma mulher pensando (2023), Yuri u xëatima thë - a pesca com timbó (2023) e Mãri hi - A árvore do sonho (2023), um trio de histórias independentes que compõe o projeto A Queda do Céu, baseado no livro homônimo de 2010 do antropólogo Bruce Albert e do líder yanomami Davi Kopenawa - obra que se transformou em documentário no ano passado.

O acesso à Itaú Cultural Play é gratuito e pode ser feito pelo site www.itauculturalplay.com.br, por smart TVs da Samsung, LG e Apple TV, além dos aplicativos para dispositivos móveis (Android e iOS) e Chromecast.

Cinema de luta

Há décadas, o diretor franco-brasileiro Vincent Carelli tem utilizado o cinema como ferramenta de resistência e conscientização, sempre em parceria com diversas etnias indígenas. É um dos fundadores do projeto Vídeo nas Aldeias, criado em 1986, que atua na produção compartilhada de filmes com populações originárias e na formação de cineastas indígenas.

Lançado em 2016, Martírio é um de seus filmes mais aclamados. Dividindo a direção com Ernesto de Carvalho e Tatiana Soares de Almeida (Tita), Carelli revisita as populações guarani kaiowá do Mato Grosso do Sul, protagonistas de um grande movimento de retomada de terras iniciado na década de 1980. Passados mais de 20 anos, o cenário continua marcado pela violência - os ataques perpetrados por pistoleiros e fazendeiros demonstram que o genocídio não cessou, e sim se agravou.

O documentário denuncia, com farta documentação, a cumplicidade do Estado brasileiro com as violações sofridas pelos indígenas. Entre seus destaques estão entrevistas impactantes com membros do povo guarani-kaiowá e imagens de arquivo poderosas, como o registro do jovem Ailton Krenak pintando o rosto com tinta de jenipapo durante seu histórico discurso na Assembleia Constituinte de 1988.

Mundialmente premiado, Martírio conquistou, no ano de seu lançamento, os prêmios de Melhor Filme do Júri Popular e o Prêmio Especial do Júri no 49o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, além de Melhor Longa-metragem na Competitiva Latino-Americana do 31o Festival Internacional de Cinema de Mar del Plata, na Argentina.

Fragmentos de resistência

A seleção traz ainda dois curtas-metragens roraimenses de 2023 que registram rituais yanomami: Thuë pihi kuuwi - uma mulher pensando e Yuri u xëatima thë - a pesca com timbó, ambos dirigidos por Aida Harika Yanomami, Edmar Tokorino Yanomami e Roseane Yariana Yanomami.

No primeiro, acompanhamos a preparação da yãkoana - pó sagrado considerado o alimento dos espíritos -, observada por uma mulher do povo em um mergulho espiritual e introspectivo. A substância é preparada para ser inalada por um xamã em seu ritual de iniciação. Thuë pihi kuuwi é um dos primeiros filmes dirigidos e filmados por mulheres yanomami.

No segundo curta, os cineastas registram a pesca com timbó, planta cujo extrato é tradicionalmente usado para atordoar os peixes. Ambos os filmes foram exibidos em festivais nacionais e internacionais, como o Festival de Veneza. Thuë pihi kuuwi conquistou o prêmio de Melhor Curta-metragem Documentário no 23o Prêmio Grande Otelo do Cinema Brasileiro (2024), enquanto Yuri u xëatima thë recebeu Menção Honrosa no 5o Festival de Cinema da Amazônia - Olhar do Norte (2023).

Também roraimense, Mãri hi - A árvore do sonho (2023), dirigido pelo renomado cineasta yanomami Morzaniel Ɨramari, já fazia parte do catálogo da plataforma. Neste curta, somos guiados pelas palavras do líder indígena Davi Kopenawa em uma jornada pelo mundo onírico yanomami - onde se acredita que cada pessoa pode vivenciar experiências únicas dentro dos sonhos. Premiado como Melhor Documentário Curta-metragem no Festival É Tudo Verdade (2023), Mãri hi foi aclamado por críticos e cineastas como Walter Salles, que o descreveu como "excepcional, impactante, revelador - uma prova viva de que a diversidade pode se ampliar no cinema".

Os três curtas foram produzidos a partir de uma oficina de montagem audiovisual promovida pela Aruac Filmes em parceria com a Hutukara Associação Yanomami (HAY) e o Instituto Socioambiental (ISA), em 2022. As gravações ocorreram na Terra Indígena Yanomami (TIY), situada entre os estados de Roraima e Amazonas. As obras são independentes, mas integram o projeto A Queda do Céu, que inspirou o filme homônimo lançado em 2024, dirigido por Eryk Rocha e Gabriela Carneiro da Cunha.

Mulheres e ancestralidade

A Itaú Cultural Play exibe ainda outros dois curtas em celebração ao Abril Indígena. Cacica - a força da mulher Xavante (Mato Grosso, 2022) narra a trajetória de Carolina Rewaptu, considerada a primeira cacica do Brasil. Com direção de Jade Rainho e da própria Carolina, o filme é um documentário poético-musical que acompanha a líder xavante desde sua infância marcada pelo trauma do massacre de seu povo, nos anos 1960, até sua atuação como liderança indígena. A trilha sonora é assinada pela cantora e compositora mato-grossense Ester Ceregatti.

O último título da seleção é Lithipokoroda (Amazonas, 2022), da atriz, performer e artista-pesquisadora Lilly Baniwa. Neste vídeo-performance-manifesto, uma mulher ancestral desperta na floresta e se depara com a destruição causada pelas mãos dos brancos. Em seguida, ela se dirige à Maloca, onde jovens indígenas reivindicam o fim da violência contra seus povos e a preservação do meio ambiente.

com informações de assessoria
Autor Caio Pimenta
Editor-chefe do Cine Set. Exerce o cargo de diretor de programas na TV Ufam. Formado em jornalismo pela Universidade Federal do Amazonas com curso de pós-graduação na Faculdade Cásper Líbero, em São Paulo.

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