De Pueblos Indígenas en Brasil
The printable version is no longer supported and may have rendering errors. Please update your browser bookmarks and please use the default browser print function instead.
Noticias
A resposta somos nós
18/04/2025
Autor: Eliana Lucena
Fonte: Correio Braziliense - https://www.correiobraziliense.com.br/
A resposta somos nós
Povos indígenas defenderam, em Brasília, mais espaços nas discussões que envolvam não somente o seu futuro, mas o de toda a humanidade
Com grandes desafios pela frente, o país celebra neste sábado, dia 19, o Dia dos Povos Indígenas, após a realização do 21o Acampamento Terra Livre (ATL), em Brasília. Durante a última semana, quem atravessou o portal que se abria para o acampamento com mais de 7 mil indígenas, representando 200 povos, sentiu o impacto da mobilização que reuniu desde líderes históricos, como Raoni Metuktire, a jovens que discutiram e levaram reivindicações aos representantes dos Três Poderes.
A caminhada dos indígenas até 2025 exigiu resistência para enfrentar grandes obstáculos. Durante a década de 1970, em pleno regime militar, para a realização de encontros, era preciso burlar a vigilância da Funai e dos órgãos de segurança do governo. Os primeiros de maior porte foram organizados pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), em Diamantino, no Mato Grosso, e o segundo na Missão Cururu, no Pará, terra dos índios Munduruku.
No Pará, bispos e missionários transportaram em pequenos aviões e canoas representantes de diferentes etnias até o local, onde muitos grupos se viram frente a frente pela primeira vez. Dali saíram determinados a lutar em defesa de suas terras e de sua cultura. Outros encontros regionais foram desmobilizados pela Funai, com o apoio da Polícia Federal, como o de Roraima, realizado pouco tempo depois.
Paralelamente, sertanistas, indigenistas e organizações não governamentais (Ongs) se juntavam à luta pelos direitos das populações indígenas, ampliando a mobilização. A Funai demitiu arbitrariamente muitos de seus servidores, e a anistia só viria anos depois. Líderes também faziam ouvir suas vozes, como Raoni e Mario Juruna, que chegou a Brasília com um gravador nas mãos. Ele cobrava ações do governo nas áreas dos Xavantes ameaçadas por fazendeiros no Mato Grosso.
O movimento cresceu desde então, e a primeira grande vitória foi garantir, na Constituição de 1988, um capítulo especial sobre os direitos e deveres do Estado. O Brasil chegou à Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Eco 92) com uma legislação que reconheceu aos povos indígenas a terra e o usufruto exclusivo de suas riquezas, a sua organização social e a sua autodeterminação.
No entanto, os avanços obtidos na nova Constituição fizeram eclodir um novo quadro em que os avanços garantidos aos indígenas começaram a ser bombardeados pelo agronegócio, por garimpeiros, madeireiros, construção de hidrelétricas e de outros empreendimentos, muitos deles de interesse dos governos estaduais e federal. A situação persiste até hoje, atingindo seu ponto crítico durante o governo de Jair Bolsonaro. A luta tem sido impedir retrocessos.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu tendo de encarar um legado pesado, além de um Congresso Nacional majoritariamente anti-indígena. Mesmo com a criação do Ministério dos Povos Indígenas, as dificuldades persistem. Diante de um governo quase engessado pelas pressões, o ATL 2025 defendeu, em Brasília, mais espaços nas discussões que envolvam não somente o seu futuro, mas o de toda a humanidade.
"A resposta somos nós" foi uma das principais bandeiras da marcha até o Congresso Nacional que acabou em pancadaria pela polícia. Os indígenas querem ser ouvidos sobre alternativas de mitigação no enfrentamento das mudanças do clima. Hoje são eles que mais preservam o meio ambiente no país. Estudo do MAPbiomas Brasil revela que, nos últimos 38 anos, as terras indígenas perderam 1% de sua vegetação nativa, enquanto em áreas particulares a perda foi de 17%.
Mulheres presentes em Brasília alertaram que os desmatamentos e as queimadas já estão afetando a qualidade de vida em muitas aldeias, com a poluição do ar e da água. O movimento quer, ainda, ter voz ativa na polêmica que envolve a exploração de petróleo na Foz do Rio Amazonas e no processo de transição do uso de combustíveis fósseis para energias menos poluentes.
A carta final da mobilização, assinada pela Associação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), aponta para impasses pela frente. Um deles envolve as discussões da Câmara de Conciliação no STF sobre o Marco Temporal. "É o maior ataque aos direitos indígenas desde a Constituição de 1988" . O documento também reforça que os embates continuarão no Legislativo. "Exigimos o arquivamento de todas as propostas anti-indígenas em tramitação no Congresso Nacional".
https://www.correiobraziliense.com.br/opiniao/2025/04/7114382-a-resposta-somos-nos.html
Povos indígenas defenderam, em Brasília, mais espaços nas discussões que envolvam não somente o seu futuro, mas o de toda a humanidade
Com grandes desafios pela frente, o país celebra neste sábado, dia 19, o Dia dos Povos Indígenas, após a realização do 21o Acampamento Terra Livre (ATL), em Brasília. Durante a última semana, quem atravessou o portal que se abria para o acampamento com mais de 7 mil indígenas, representando 200 povos, sentiu o impacto da mobilização que reuniu desde líderes históricos, como Raoni Metuktire, a jovens que discutiram e levaram reivindicações aos representantes dos Três Poderes.
A caminhada dos indígenas até 2025 exigiu resistência para enfrentar grandes obstáculos. Durante a década de 1970, em pleno regime militar, para a realização de encontros, era preciso burlar a vigilância da Funai e dos órgãos de segurança do governo. Os primeiros de maior porte foram organizados pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), em Diamantino, no Mato Grosso, e o segundo na Missão Cururu, no Pará, terra dos índios Munduruku.
No Pará, bispos e missionários transportaram em pequenos aviões e canoas representantes de diferentes etnias até o local, onde muitos grupos se viram frente a frente pela primeira vez. Dali saíram determinados a lutar em defesa de suas terras e de sua cultura. Outros encontros regionais foram desmobilizados pela Funai, com o apoio da Polícia Federal, como o de Roraima, realizado pouco tempo depois.
Paralelamente, sertanistas, indigenistas e organizações não governamentais (Ongs) se juntavam à luta pelos direitos das populações indígenas, ampliando a mobilização. A Funai demitiu arbitrariamente muitos de seus servidores, e a anistia só viria anos depois. Líderes também faziam ouvir suas vozes, como Raoni e Mario Juruna, que chegou a Brasília com um gravador nas mãos. Ele cobrava ações do governo nas áreas dos Xavantes ameaçadas por fazendeiros no Mato Grosso.
O movimento cresceu desde então, e a primeira grande vitória foi garantir, na Constituição de 1988, um capítulo especial sobre os direitos e deveres do Estado. O Brasil chegou à Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Eco 92) com uma legislação que reconheceu aos povos indígenas a terra e o usufruto exclusivo de suas riquezas, a sua organização social e a sua autodeterminação.
No entanto, os avanços obtidos na nova Constituição fizeram eclodir um novo quadro em que os avanços garantidos aos indígenas começaram a ser bombardeados pelo agronegócio, por garimpeiros, madeireiros, construção de hidrelétricas e de outros empreendimentos, muitos deles de interesse dos governos estaduais e federal. A situação persiste até hoje, atingindo seu ponto crítico durante o governo de Jair Bolsonaro. A luta tem sido impedir retrocessos.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu tendo de encarar um legado pesado, além de um Congresso Nacional majoritariamente anti-indígena. Mesmo com a criação do Ministério dos Povos Indígenas, as dificuldades persistem. Diante de um governo quase engessado pelas pressões, o ATL 2025 defendeu, em Brasília, mais espaços nas discussões que envolvam não somente o seu futuro, mas o de toda a humanidade.
"A resposta somos nós" foi uma das principais bandeiras da marcha até o Congresso Nacional que acabou em pancadaria pela polícia. Os indígenas querem ser ouvidos sobre alternativas de mitigação no enfrentamento das mudanças do clima. Hoje são eles que mais preservam o meio ambiente no país. Estudo do MAPbiomas Brasil revela que, nos últimos 38 anos, as terras indígenas perderam 1% de sua vegetação nativa, enquanto em áreas particulares a perda foi de 17%.
Mulheres presentes em Brasília alertaram que os desmatamentos e as queimadas já estão afetando a qualidade de vida em muitas aldeias, com a poluição do ar e da água. O movimento quer, ainda, ter voz ativa na polêmica que envolve a exploração de petróleo na Foz do Rio Amazonas e no processo de transição do uso de combustíveis fósseis para energias menos poluentes.
A carta final da mobilização, assinada pela Associação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), aponta para impasses pela frente. Um deles envolve as discussões da Câmara de Conciliação no STF sobre o Marco Temporal. "É o maior ataque aos direitos indígenas desde a Constituição de 1988" . O documento também reforça que os embates continuarão no Legislativo. "Exigimos o arquivamento de todas as propostas anti-indígenas em tramitação no Congresso Nacional".
https://www.correiobraziliense.com.br/opiniao/2025/04/7114382-a-resposta-somos-nos.html
Las noticias publicadas en el sitio Povos Indígenas do Brasil (Pueblos Indígenas del Brasil) son investigadas en forma diaria a partir de fuentes diferentes y transcriptas tal cual se presentan en su canal de origen. El Instituto Socioambiental no se responsabiliza por las opiniones o errores publicados en esos textos. En el caso en el que Usted encuentre alguna inconsistencia en las noticias, por favor, póngase en contacto en forma directa con la fuente mencionada.