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Pré-COP Parente: povos indígenas assumem protagonismo inédito na construção da agenda climática rumo a Belém
15/10/2025
Fonte: Awure - https://www.awure.com.br/pre-cop-parente-povos-indigenas-assumem-protagonismo-inedito-na-co
Pré-COP Parente: povos indígenas assumem protagonismo inédito na construção da agenda climática rumo a Belém
15/10/2025
Série de encontros preparatórios coloca conhecimentos ancestrais e demandas territoriais no centro do debate sobre a COP30, que será realizada na Amazônia em novembro de 2025.
Pela primeira vez na história das conferências climáticas da ONU, a Amazônia será palco das discussões mais importantes sobre o futuro do planeta. A COP30, marcada para novembro de 2025 em Belém (PA), está sendo precedida por uma série de encontros preparatórios que revelam uma mudança de paradigma: os povos indígenas deixaram de ser coadjuvantes para assumir o protagonismo na construção de soluções para a crise climática. Batizados de "Pré-COP Parente", esses eventos têm percorrido diferentes regiões da Amazônia e reunido lideranças indígenas, parlamentares e autoridades governamentais em torno de uma agenda comum: garantir que os conhecimentos ancestrais e as demandas territoriais dos guardiões da floresta estejam no centro das decisões que serão tomadas em Belém.
Entre junho e outubro de 2025, uma série de encontros preparatórios vem desenhando o caminho até a COP30. O mais emblemático deles, a Pré-COP Indígena da Bacia Amazônica, reuniu em Brasília, entre 2 e 5 de junho, lideranças dos nove países que compartilham o território amazônico: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela. Pela primeira vez, os povos indígenas elaboraram sua própria Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) - o documento através do qual países apresentam seus compromissos climáticos à ONU. A NDC Indígena não apenas reivindica um lugar na mesa de negociações, mas apresenta soluções concretas baseadas em milênios de gestão sustentável dos territórios.
"Não haverá futuro possível sem os Povos Indígenas no centro das decisões globais. Os Estados devem respeitar nossos direitos, incorporar nosso conhecimento ancestral e garantir a proteção dos territórios indígenas para projetar estratégias de mitigação e adaptação mais eficazes", afirma a declaração política produzida no encontro.
Em setembro, foi a vez do Rio Negro mostrar sua força. Nos dias 16 e 17, cerca de 100 lideranças indígenas se reuniram em São Gabriel da Cachoeira (AM) para a Pré-COP Parente do Rio Negro, com a presença da ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara. O encontro, organizado pela Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn), pela Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) e pelo Instituto Socioambiental (ISA), produziu uma carta com reivindicações que vão além do discurso genérico sobre proteção ambiental.
As lideranças exigem que a demarcação de terras indígenas seja tratada como uma estratégia central de mitigação climática, com metas claras na Contribuição Nacionalmente Determinada Brasileira (NDC). Propõem ainda que entre 20% e 50% dos recursos de fundos climáticos, como o Fundo Amazônia, sejam destinados diretamente a iniciativas protagonizadas por povos indígenas, sem intermediários. O documento, construído coletivamente em grupos de estudo sobre justiça climática e racismo ambiental, elenca propostas prioritárias para efetivar os direitos climáticos nos territórios.
A dimensão política da preparação para a COP30 também mobilizou os legisladores da região. Em 8 de outubro, o Parlamento Amazônico (Parlamaz) reuniu em Brasília parlamentares dos oito países que compartilham o território amazônico, sob a liderança do senador brasileiro Nelsinho Trad (PSD-MS). O encontro resultou em uma declaração de apoio à COP30 em Belém e reforçou a necessidade de harmonizar as legislações ambientais entre os países para viabilizar a bioeconomia. Participaram do evento deputados e senadores de Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela. O ciclo de eventos preparatórios será fechado com a Pré-COP oficial, agendada para os dias 13 e 14 de outubro em Brasília. Organizada pela presidência brasileira da COP30, a reunião de alto nível reunirá ministros e negociadores-chefes de clima de aproximadamente 30 a 50 países, além de representantes da UNFCCC.
A expectativa é de cerca de 800 participantes, que se debruçarão sobre os pontos mais complexos da agenda climática, buscando um terreno comum para facilitar as decisões na conferência principal. Seguindo a tradição de COPs anteriores, como as realizadas em Baku (COP29) e Abu Dhabi (COP28), a Pré-COP brasileira é um momento estratégico para a diplomacia climática.
O que está em jogo
A COP30, que será realizada entre 10 e 21 de novembro de 2025 em Belém, marca o 10o aniversário do Acordo de Paris e será um momento crucial para avaliar o cumprimento das metas climáticas globais. A conferência ocorre em um contexto de urgência: a Amazônia já perdeu mais de 88 milhões de hectares de floresta e, após os severos incêndios de 2023, todos os registros históricos de seca, calor e queda nos níveis dos rios foram quebrados. Os povos indígenas, que representam mais de 500 etnias e incluem mais de 188 povos em isolamento voluntário, são reconhecidos como os mais eficazes guardiões da floresta. Seus territórios, que cobrem cerca de 23% da Amazônia brasileira, apresentam taxas de desmatamento significativamente menores do que áreas não protegidas. As propostas apresentadas nos encontros preparatórios refletem essa expertise milenar:
Demarcação como política climática: Tratamento da demarcação e proteção de Terras Indígenas como estratégia central de mitigação e adaptação, com metas claras na NDC brasileira.
Financiamento direto: Destinação de 20% a 50% dos recursos de fundos climáticos diretamente a iniciativas protagonizadas por povos indígenas, sem intermediários.
Reconhecimento dos saberes: Valorização das ciências e tecnologias indígenas como soluções globais para a crise climática, em pé de igualdade com as tecnologias convencionais.
Participação efetiva: Ampliação da representação indígena nos espaços de decisão internacionais, com a criação de um comitê próprio para monitorar as decisões da COP30.
Apesar do protagonismo assumido pelos povos indígenas nos eventos preparatórios, desafios significativos permanecem. Durante a Pré-COP Parente do Rio Negro, lideranças alertaram para ameaças concretas aos territórios, como o garimpo ilegal, o tráfico de drogas e a morosidade na demarcação de terras. O conjunto de eventos preparatórios para a COP30 revela uma transformação profunda na política climática global. Pela primeira vez, os povos indígenas não apenas participam das discussões, mas formulam suas próprias propostas, exigem participação direta e apresentam soluções concretas baseadas em séculos de conhecimento sobre a gestão sustentável dos territórios. A mensagem que emana desses encontros é clara: a solução para a crise climática passa, necessariamente, pelo fortalecimento dos direitos e do protagonismo dos guardiões da floresta. O desafio agora é transformar essa energia em resultados concretos quando os holofotes do mundo se voltarem para Belém em novembro de 2025.
15 de outubro de 2025
https://www.awure.com.br/pre-cop-parente-povos-indigenas-assumem-protagonismo-inedito-na-construcao-da-agenda-climatica-rumo-a-belem/
15/10/2025
Série de encontros preparatórios coloca conhecimentos ancestrais e demandas territoriais no centro do debate sobre a COP30, que será realizada na Amazônia em novembro de 2025.
Pela primeira vez na história das conferências climáticas da ONU, a Amazônia será palco das discussões mais importantes sobre o futuro do planeta. A COP30, marcada para novembro de 2025 em Belém (PA), está sendo precedida por uma série de encontros preparatórios que revelam uma mudança de paradigma: os povos indígenas deixaram de ser coadjuvantes para assumir o protagonismo na construção de soluções para a crise climática. Batizados de "Pré-COP Parente", esses eventos têm percorrido diferentes regiões da Amazônia e reunido lideranças indígenas, parlamentares e autoridades governamentais em torno de uma agenda comum: garantir que os conhecimentos ancestrais e as demandas territoriais dos guardiões da floresta estejam no centro das decisões que serão tomadas em Belém.
Entre junho e outubro de 2025, uma série de encontros preparatórios vem desenhando o caminho até a COP30. O mais emblemático deles, a Pré-COP Indígena da Bacia Amazônica, reuniu em Brasília, entre 2 e 5 de junho, lideranças dos nove países que compartilham o território amazônico: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela. Pela primeira vez, os povos indígenas elaboraram sua própria Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) - o documento através do qual países apresentam seus compromissos climáticos à ONU. A NDC Indígena não apenas reivindica um lugar na mesa de negociações, mas apresenta soluções concretas baseadas em milênios de gestão sustentável dos territórios.
"Não haverá futuro possível sem os Povos Indígenas no centro das decisões globais. Os Estados devem respeitar nossos direitos, incorporar nosso conhecimento ancestral e garantir a proteção dos territórios indígenas para projetar estratégias de mitigação e adaptação mais eficazes", afirma a declaração política produzida no encontro.
Em setembro, foi a vez do Rio Negro mostrar sua força. Nos dias 16 e 17, cerca de 100 lideranças indígenas se reuniram em São Gabriel da Cachoeira (AM) para a Pré-COP Parente do Rio Negro, com a presença da ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara. O encontro, organizado pela Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn), pela Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) e pelo Instituto Socioambiental (ISA), produziu uma carta com reivindicações que vão além do discurso genérico sobre proteção ambiental.
As lideranças exigem que a demarcação de terras indígenas seja tratada como uma estratégia central de mitigação climática, com metas claras na Contribuição Nacionalmente Determinada Brasileira (NDC). Propõem ainda que entre 20% e 50% dos recursos de fundos climáticos, como o Fundo Amazônia, sejam destinados diretamente a iniciativas protagonizadas por povos indígenas, sem intermediários. O documento, construído coletivamente em grupos de estudo sobre justiça climática e racismo ambiental, elenca propostas prioritárias para efetivar os direitos climáticos nos territórios.
A dimensão política da preparação para a COP30 também mobilizou os legisladores da região. Em 8 de outubro, o Parlamento Amazônico (Parlamaz) reuniu em Brasília parlamentares dos oito países que compartilham o território amazônico, sob a liderança do senador brasileiro Nelsinho Trad (PSD-MS). O encontro resultou em uma declaração de apoio à COP30 em Belém e reforçou a necessidade de harmonizar as legislações ambientais entre os países para viabilizar a bioeconomia. Participaram do evento deputados e senadores de Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela. O ciclo de eventos preparatórios será fechado com a Pré-COP oficial, agendada para os dias 13 e 14 de outubro em Brasília. Organizada pela presidência brasileira da COP30, a reunião de alto nível reunirá ministros e negociadores-chefes de clima de aproximadamente 30 a 50 países, além de representantes da UNFCCC.
A expectativa é de cerca de 800 participantes, que se debruçarão sobre os pontos mais complexos da agenda climática, buscando um terreno comum para facilitar as decisões na conferência principal. Seguindo a tradição de COPs anteriores, como as realizadas em Baku (COP29) e Abu Dhabi (COP28), a Pré-COP brasileira é um momento estratégico para a diplomacia climática.
O que está em jogo
A COP30, que será realizada entre 10 e 21 de novembro de 2025 em Belém, marca o 10o aniversário do Acordo de Paris e será um momento crucial para avaliar o cumprimento das metas climáticas globais. A conferência ocorre em um contexto de urgência: a Amazônia já perdeu mais de 88 milhões de hectares de floresta e, após os severos incêndios de 2023, todos os registros históricos de seca, calor e queda nos níveis dos rios foram quebrados. Os povos indígenas, que representam mais de 500 etnias e incluem mais de 188 povos em isolamento voluntário, são reconhecidos como os mais eficazes guardiões da floresta. Seus territórios, que cobrem cerca de 23% da Amazônia brasileira, apresentam taxas de desmatamento significativamente menores do que áreas não protegidas. As propostas apresentadas nos encontros preparatórios refletem essa expertise milenar:
Demarcação como política climática: Tratamento da demarcação e proteção de Terras Indígenas como estratégia central de mitigação e adaptação, com metas claras na NDC brasileira.
Financiamento direto: Destinação de 20% a 50% dos recursos de fundos climáticos diretamente a iniciativas protagonizadas por povos indígenas, sem intermediários.
Reconhecimento dos saberes: Valorização das ciências e tecnologias indígenas como soluções globais para a crise climática, em pé de igualdade com as tecnologias convencionais.
Participação efetiva: Ampliação da representação indígena nos espaços de decisão internacionais, com a criação de um comitê próprio para monitorar as decisões da COP30.
Apesar do protagonismo assumido pelos povos indígenas nos eventos preparatórios, desafios significativos permanecem. Durante a Pré-COP Parente do Rio Negro, lideranças alertaram para ameaças concretas aos territórios, como o garimpo ilegal, o tráfico de drogas e a morosidade na demarcação de terras. O conjunto de eventos preparatórios para a COP30 revela uma transformação profunda na política climática global. Pela primeira vez, os povos indígenas não apenas participam das discussões, mas formulam suas próprias propostas, exigem participação direta e apresentam soluções concretas baseadas em séculos de conhecimento sobre a gestão sustentável dos territórios. A mensagem que emana desses encontros é clara: a solução para a crise climática passa, necessariamente, pelo fortalecimento dos direitos e do protagonismo dos guardiões da floresta. O desafio agora é transformar essa energia em resultados concretos quando os holofotes do mundo se voltarem para Belém em novembro de 2025.
15 de outubro de 2025
https://www.awure.com.br/pre-cop-parente-povos-indigenas-assumem-protagonismo-inedito-na-construcao-da-agenda-climatica-rumo-a-belem/
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