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Noticias
Imagens de satélite revelam impacto da vazante no rio Solimões, em Tabatinga
16/10/2025
Autor: Cley Medeiros
Fonte: A Critica - https://www.acritica.com
Imagens de satélite mostram o impacto da vazante do rio Solimões nas proximidades de Tabatinga (AM), na tríplice fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru, em setembro. O registro obtido pela rede de satélites Planet, via Plataforma SCCON, do Programa governamental M.A.I.S, revela a extensão dos bancos de areia e a drástica redução do canal de navegação, um reflexo da trajetória de secas históricas na Amazônia.
No início de janeiro, um alerta do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam) apontou que a seca histórica de 2023 poderia voltar a acontecer neste ano. No entanto, a dinâmica de chuvas em algumas regiões mudou este cenário.
A previsão de normalização das chuvas e a provável formação do fenômeno La Niña indicam uma vazante menos severa para o Rio Solimões. No entanto, em Manaus, o Rio Negro, embora ainda alto para o período, apresenta uma descida acelerada, o que acende um alerta para os próximos dias.
A situação atual contrasta fortemente com a anomalia climática de 2024. Dados do Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM) mostram que, em setembro daquele ano, o Rio Solimões em Tabatinga atingiu a marca histórica de -2,34 metros. Em 2025, no mesmo período, o nível se manteve em 0,75 metro, afastando o risco de uma crise de navegação e abastecimento como a vista anteriormente.
A análise vem do meteorologista Renato Cruz Senna, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), que aponta uma mudança no panorama climático.
"Neste momento, o indicativo é de chuvas próximas à climatologia em grande parte da região ocidental da Amazônia", afirma Senna. Ele explica que a perspectiva de um evento La Niña, caracterizado pelo resfriamento das águas do Oceano Pacífico, está "associado a chuvas acima da climatologia em grande parte da nossa região, o que reduziria a possibilidade de uma seca extrema nos próximos meses".
Na região do Alto Solimões, em municípios como Tabatinga e Benjamin Constant, a situação é de recuperação após um período de déficit hídrico. A dinâmica dos rios na fronteira com o Peru é volátil, respondendo rapidamente às chuvas na Cordilheira dos Andes, onde nascem os principais formadores do Solimões.
"Por se tratar de uma área próxima à cordilheira, as variações de cotas são muito rápidas", explica o meteorologista. "Da mesma forma que os níveis baixam, eles se elevam rapidamente respondendo às chuvas". Segundo ele, os prognósticos para as próximas semanas indicam chuvas próximas ou até acima da média para o período, o que deve regularizar o ritmo da vazante.
Contudo, para quem vive a realidade diária da região, a normalização do rio não apaga desafios crônicos, muitos deles agravados pelo clima. Para o professor Beto Ferreira, que atua em escolas indígenas na comunidade Feijoal, em Benjamin Constant, o alívio da seca severa do ano anterior é apenas uma parte da história. Os problemas, segundo ele, são mais profundos.
"Principalmente hoje, estamos enfrentando esta questão climática. A mudança no clima da nossa região está afetando a educação, o plantio, a vida das pessoas e os rios", relata o professor. "No último ano foi muito difícil. Esse ano estamos enfrentando dificuldades para fazer com que a merenda chegue em escolas distantes do centro da cidade", destaca.
O impacto da vazante em Benjamin Constant isolou o município. Desde agosto, grandes embarcações comerciais que fazem a rota para Manaus deixaram de chegar ao porto da cidade devido ao risco de encalhes em bancos de areia. Essa interrupção obrigou os moradores e passageiros a enfrentarem uma rota alternativa, deslocando-se em barcos menores, como voadeiras. Em resposta à crise, a Prefeitura de Benjamin Constant decretou situação de emergência.
Neste mês, o cenário permitiu uma retomada gradual da navegação. Conforme relatos de empresários do setor obtidos pela reportagem, algumas embarcações voltaram a operar no início de outubro, mas a data de 15 de outubro foi escolhida pela maioria para o retorno oficial das viagens.
O otimismo com a recuperação do rio é compartilhado por quem vive o dia a dia da navegação. Em relato enviado à reportagem nesta quarta-feira (15), o comandante Ismael Araújo, do Ferry Boat Madame Crys 1, que faz a rota na região, confirmou o cenário positivo.
"Estamos navegando bem. Em Tabatinga já tem bastante água, todos os dias enche na faixa de 10 centímetros", informou. Segundo o comandante, o rio não secou a um nível extremo este ano, comparado ao ano de 2024, o que garantiu a recuperação da boa navegabilidade em outubro. A expectativa é que o serviço se normalize e as viagens se tornem mais frequentes a partir de novembro.
Em um balanço divulgado na última sexta-feira (10), o Governo do Amazonas, por meio do Comitê de Enfrentamento a Eventos Climáticos, detalhou os impactos climáticos de 2025, que afetaram diretamente 559.886 pessoas (139.976 famílias) em todo o estado.
A situação levou 44 dos 62 municípios a decretarem Situação de Emergência. Como parte da "Operação Cheia 2025", iniciada em 16 de abril, o governo diz ter distribuído 1.076 toneladas em cestas básicas e milhares de caixas d'água e copos de água potável para 28 municípios afetados, incluindo Benjamin Constant.
Alerta em Manaus: Rio alto, vazante veloz
Se no interior o cenário é de alívio, na capital a atenção se volta para a velocidade da descida do Rio Negro. Nesta quarta-feira (15), o porto de Manaus registrou a cota de 20,50 metros. O valor é considerado "bem elevado" por Senna, estando cerca de 1,80 metro acima da média histórica para esta data.
O que chama a atenção, no entanto, é o ritmo da vazante. "Neste momento, o Rio Negro desce a uma taxa média de 14 cm/dia, mais rápido que a taxa média de 10 cm/dia para este período do ano, o que nos sugere alguma atenção nos próximos dias", alerta o especialista.
https://www.acritica.com/geral/imagens-de-satelite-revelam-impacto-da-vazante-no-rio-solim-es-em-tabatinga-1.386313
No início de janeiro, um alerta do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam) apontou que a seca histórica de 2023 poderia voltar a acontecer neste ano. No entanto, a dinâmica de chuvas em algumas regiões mudou este cenário.
A previsão de normalização das chuvas e a provável formação do fenômeno La Niña indicam uma vazante menos severa para o Rio Solimões. No entanto, em Manaus, o Rio Negro, embora ainda alto para o período, apresenta uma descida acelerada, o que acende um alerta para os próximos dias.
A situação atual contrasta fortemente com a anomalia climática de 2024. Dados do Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM) mostram que, em setembro daquele ano, o Rio Solimões em Tabatinga atingiu a marca histórica de -2,34 metros. Em 2025, no mesmo período, o nível se manteve em 0,75 metro, afastando o risco de uma crise de navegação e abastecimento como a vista anteriormente.
A análise vem do meteorologista Renato Cruz Senna, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), que aponta uma mudança no panorama climático.
"Neste momento, o indicativo é de chuvas próximas à climatologia em grande parte da região ocidental da Amazônia", afirma Senna. Ele explica que a perspectiva de um evento La Niña, caracterizado pelo resfriamento das águas do Oceano Pacífico, está "associado a chuvas acima da climatologia em grande parte da nossa região, o que reduziria a possibilidade de uma seca extrema nos próximos meses".
Na região do Alto Solimões, em municípios como Tabatinga e Benjamin Constant, a situação é de recuperação após um período de déficit hídrico. A dinâmica dos rios na fronteira com o Peru é volátil, respondendo rapidamente às chuvas na Cordilheira dos Andes, onde nascem os principais formadores do Solimões.
"Por se tratar de uma área próxima à cordilheira, as variações de cotas são muito rápidas", explica o meteorologista. "Da mesma forma que os níveis baixam, eles se elevam rapidamente respondendo às chuvas". Segundo ele, os prognósticos para as próximas semanas indicam chuvas próximas ou até acima da média para o período, o que deve regularizar o ritmo da vazante.
Contudo, para quem vive a realidade diária da região, a normalização do rio não apaga desafios crônicos, muitos deles agravados pelo clima. Para o professor Beto Ferreira, que atua em escolas indígenas na comunidade Feijoal, em Benjamin Constant, o alívio da seca severa do ano anterior é apenas uma parte da história. Os problemas, segundo ele, são mais profundos.
"Principalmente hoje, estamos enfrentando esta questão climática. A mudança no clima da nossa região está afetando a educação, o plantio, a vida das pessoas e os rios", relata o professor. "No último ano foi muito difícil. Esse ano estamos enfrentando dificuldades para fazer com que a merenda chegue em escolas distantes do centro da cidade", destaca.
O impacto da vazante em Benjamin Constant isolou o município. Desde agosto, grandes embarcações comerciais que fazem a rota para Manaus deixaram de chegar ao porto da cidade devido ao risco de encalhes em bancos de areia. Essa interrupção obrigou os moradores e passageiros a enfrentarem uma rota alternativa, deslocando-se em barcos menores, como voadeiras. Em resposta à crise, a Prefeitura de Benjamin Constant decretou situação de emergência.
Neste mês, o cenário permitiu uma retomada gradual da navegação. Conforme relatos de empresários do setor obtidos pela reportagem, algumas embarcações voltaram a operar no início de outubro, mas a data de 15 de outubro foi escolhida pela maioria para o retorno oficial das viagens.
O otimismo com a recuperação do rio é compartilhado por quem vive o dia a dia da navegação. Em relato enviado à reportagem nesta quarta-feira (15), o comandante Ismael Araújo, do Ferry Boat Madame Crys 1, que faz a rota na região, confirmou o cenário positivo.
"Estamos navegando bem. Em Tabatinga já tem bastante água, todos os dias enche na faixa de 10 centímetros", informou. Segundo o comandante, o rio não secou a um nível extremo este ano, comparado ao ano de 2024, o que garantiu a recuperação da boa navegabilidade em outubro. A expectativa é que o serviço se normalize e as viagens se tornem mais frequentes a partir de novembro.
Em um balanço divulgado na última sexta-feira (10), o Governo do Amazonas, por meio do Comitê de Enfrentamento a Eventos Climáticos, detalhou os impactos climáticos de 2025, que afetaram diretamente 559.886 pessoas (139.976 famílias) em todo o estado.
A situação levou 44 dos 62 municípios a decretarem Situação de Emergência. Como parte da "Operação Cheia 2025", iniciada em 16 de abril, o governo diz ter distribuído 1.076 toneladas em cestas básicas e milhares de caixas d'água e copos de água potável para 28 municípios afetados, incluindo Benjamin Constant.
Alerta em Manaus: Rio alto, vazante veloz
Se no interior o cenário é de alívio, na capital a atenção se volta para a velocidade da descida do Rio Negro. Nesta quarta-feira (15), o porto de Manaus registrou a cota de 20,50 metros. O valor é considerado "bem elevado" por Senna, estando cerca de 1,80 metro acima da média histórica para esta data.
O que chama a atenção, no entanto, é o ritmo da vazante. "Neste momento, o Rio Negro desce a uma taxa média de 14 cm/dia, mais rápido que a taxa média de 10 cm/dia para este período do ano, o que nos sugere alguma atenção nos próximos dias", alerta o especialista.
https://www.acritica.com/geral/imagens-de-satelite-revelam-impacto-da-vazante-no-rio-solim-es-em-tabatinga-1.386313
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