De Pueblos Indígenas en Brasil
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Por que o português vale mais que uma língua indígena?

16/10/2025

Autor: Flávia Coimbra , Rio Amazonas , Macapá , Amazon

Fonte: Sumauma - https://sumauma.com



Você já se perguntou sobre seu lugar de privilégio como falante da língua hegemônica do seu país (supondo que seja)? Em cinemas, escolas, hospitais, revistas, livros e órgãos governamentais no Brasil, ninguém jamais questiona o uso do português. Embora cerca de 160 a 180 línguas indígenas sejam faladas no Brasil, essa diversidade não se reflete nos meios de comunicação. A questão da dominância linguística, vivenciada pela maioria das pessoas como natural, é o que nos levou a Makaratu Waiãpi, Maria Iaparrá e Keyla Palikur, falantes de línguas usadas por povos indígenas no Amapá, um estado que reconheceu nove línguas nativas como tão oficiais quanto o português. Em diferentes contextos, essas três pessoas tiveram experiências pessoais com a língua portuguesa que pintam um quadro mais de apagamento linguístico dos povos indígenas do que de inclusão. A língua é um instrumento político porque uma coisa é certa: a dominação linguística é uma forma de dominar os outros.

Reconhecendo o valor das línguas faladas pelos povos originários do Brasil, em 12 de dezembro de 2024, o Amapá promulgou a lei estadual 3.146, declarando "cooficiais", ao lado do português, nove línguas indígenas faladas no Amapá e no norte do Pará: Kheuol Karipuna, Kheuól Galibi-Marworno, Parikwaki, Kali'na, Wajãpi, Tiriyó, Kaxuyana, Wayana e Aparai. A concessão do status de cooficiais a essas línguas as reconhece e garante aos povos e comunidades indígenas o direito fundamental de usar suas línguas dentro e fora de seus territórios. Também salvaguarda, fomenta, revitaliza e protege as línguas cooficiais, assegurando o respeito à diversidade linguística e à autonomia e liderança indígenas. Além disso, a lei aborda a promoção e a valorização das línguas indígenas como forma de garantir os direitos de seus falantes.

No entanto, a lei não define nenhuma ação que promova línguas indígenas cooficiais no Amapá. Na prática, o governo estadual não se responsabiliza por nenhuma medida concreta, como a contratação de profissionais de idiomas. O intérprete Luciano Tiriyó, que trabalha há dois anos em Macapá para a plataforma de serviços ao cidadão do governo brasileiro - conhecida como Super Fácil -, diz que não tem tempo suficiente durante sua jornada de trabalho para responder a todas as solicitações. Mesmo em dias de folga, ele frequentemente recebe telefonemas de familiares ou amigos, pedindo que os acompanhe a postos de saúde, bancos ou outros lugares. Luciano, de 35 anos, diz que seu interesse por esse trabalho foi, em parte, motivado por suas próprias experiências em uma cidade que não fala sua língua. Quando se mudou para Macapá para estudar, deixando para trás a aldeia de Boca do Marapi, no Parque Nacional das Montanhas do Tumucumaque, no norte do Pará, sentiu a barreira da língua. "[A língua] é muito importante. Quando cheguei à cidade, eu não sabia falar [português] e passei por momentos difíceis. Eu ia para a escola sem entender o que os professores diziam. Tive que me esforçar muito para aprender. Não foi fácil naquela época, e ainda não é hoje."

A lei está em vigor, mas não atende à demanda. Alessandra Macial, integrante do povo indígena Galibi-Marworno e coordenadora estadual de saúde indígena, afirma que cerca de 15.000 indígenas vivem atualmente em Macapá, capital do estado do Amapá. Esse número é superior ao último censo oficial, de 2022, que registra uma população indígena de 11.334 habitantes no Amapá, uma parcela significativa dos quais concentrada no município de Oiapoque, localizado próximo ao extremo norte do estado. Dos 27.482 habitantes de Oiapoque, 8.088 são indígenas, ou seja, 29,4% da população do município e 71% de toda a população indígena do estado. Diversos grupos étnicos vivem em Oiapoque, incluindo os Karipuna, Galibi-Marworno, Palikur-Arukwayene e Galibi-Kalin'a, enquanto o sul do Amapá abriga indígenas Wajãpi. Do outro lado da fronteira com o estado, no norte do Pará, encontram-se as Terras Indígenas Aparai, Wayana, Tiriyó e Kaxuyana, e seus moradores frequentemente buscam serviços de saúde e educação no Amapá.

Os intérpretes não conseguem atender à alta demanda. Maria Iaparrá, indígena do Amapá, de 68 anos, membro do povo Palikur, conta que em junho de 2025, seis meses após o reconhecimento das nove línguas como cooficiais, ela procurou atendimento médico sem sucesso após uma cirurgia de catarata que não deu certo.

Quando foi procurar tratamento, ela entendeu pouco ou nada do que os médicos lhe disseram sobre seu estado de saúde, pois não falava a língua deles. "Foi difícil para mim, porque não entendo muito bem o português. [A enfermeira] falou comigo e eu só consegui responder em parikwaki. Eu não entendi muito bem. Quando ela explicou sobre os testes ou como chegar ao hospital, eu não a entendi bem. Acho que é difícil. Se ao menos houvesse alguém indígena [para interpretar]", disse Maria em parikwaki.

A lente colocada no olho de Maria Iaparrá agora está turva; sua visão está completamente prejudicada, o que mudou sua rotina e a privou de sua independência e bem-estar. A escuridão que ela vê ao abrir os olhos também é metafórica, porque Maria é falante de Parikwaki, uma língua indígena Palikur - e, como não entende português, não conseguiu entender as instruções que lhe foram dadas nem explicar seu diagnóstico à família, segundo sua bisneta Keyla, uma artista indígena Palikur. "Ela não soube nos dizer o que as enfermeiras haviam pedido para ela fazer. Apenas que a liberaram e disseram para ela voltar. Ela não sabia o que estava acontecendo lá e não tínhamos como descobrir depois. Quando cheguei lá, ela já tinha saído, voltado para a aldeia e disse que tinha que voltar em uma determinada data. Mas eu não sei. Ela nem soube nos dizer se a mandaram fazer algum exame."

Atualmente, nove intérpretes trabalham em Macapá, um para cada idioma - ou seja, um profissional para cada 1.666 pessoas. Alessandra, coordenadora estadual de Saúde Indígena, conta que os intérpretes começaram a trabalhar na rede de saúde do Amapá em 2022, antes mesmo da promulgação da lei, no final de 2024. Questionada sobre os problemas para contratar mais intérpretes, Alessandra afirmou que os nomes são sugeridos pelas etnias e, em seguida, os órgãos públicos os contatam. Ela observa que o processo é demorado, considerando não apenas os desafios da tradução em si, mas também a necessidade de o intérprete entender como os serviços e a dinâmica funcionam nos centros de saúde e órgãos governamentais. "Quando um intérprete é contratado, ele passa por um treinamento de um, dois ou três dias, aprendendo como funciona a rede de saúde, para que se familiarize com os protocolos e possa explicá-los aos familiares, porque sabemos que é complexo."

O marido de Maria, Alain Batista, de 65 anos, também precisou de atendimento médico na mesma época, em 2025. "Fui para Macapá por causa do meu olho. Estava com uma gripe forte na época, então acabei deixando [Maria] na Casa de Apoio à Saúde Indígena. Ela não entende português muito bem. Eu entendo, mas não tudo. Falo um pouco."

As línguas carregam consigo visões de mundo, e a tradução envolve desafios mais complexos do que o mundo não indígena consegue compreender. Além de transmitir informações técnicas - como funciona uma unidade de terapia intensiva, limites para o número de visitantes, informações sobre a internação hospitalar -, o intérprete precisa ajudar a construir uma relação de confiança entre o profissional e o paciente.

A SUMAÚMA contatou a assessoria de imprensa do governo do Amapá, o distrito de saúde pública indígena e a Funai (Fundação Nacional do Índio) para obter mais informações sobre o programa de cooficialização das línguas indígenas e as medidas que vêm sendo tomadas, como a contratação de intérpretes e outros projetos que fomentam essas línguas. Mensagens foram enviadas por WhatsApp, e-mail e Instagram, mas não obtivemos resposta.

"Cheguei à universidade como quem caminha no escuro"

Esses desafios linguísticos vão além da assistência médica, de acordo com Makaratu Waiãpi, mestrando em estudos culturais e políticos na Universidade Federal do Amapá. Ele visitou a capital do estado pela primeira vez aos 15 anos, quando foi selecionado para o curso de formação de professores Wajãpi. Antes disso, dos 9 aos 15 anos, seu professor era não indígena. "Os não indígenas que iam trabalhar lá não ficavam muito tempo. Eles ficavam tristes, pensando na cidade, porque nossa aldeia é totalmente diferente. Não tem televisão para assistir. É isolado", diz ele. Às vezes, os não indígenas trabalhavam sete dias, tinham dificuldade de adaptação, choravam sem parar e depois desistiam. É por isso que as lideranças Wajãpi se reuniam para escolher os futuros professores.

"Cheguei lá como alguém caminhando no escuro", diz Makaratu sobre o ambiente universitário. Depois de se formar em ensino intercultural indígena, ingressou no mestrado em estudos culturais e políticos. Ele conta que começar lá foi como chegar a lugar nenhum. "Em um lugar escuro, não há nada. Para onde estou indo? Pensei comigo mesmo: sei escrever, sei ler. Quando fui estudar lá, era outro mundo. Eu não entendia nada."

Makaratu diz que o português não faz parte do cotidiano no território indígena, e muitos indígenas têm medo de falar a língua e cometem erros. "Quando começamos a estudar português, cometemos muitos erros com pronomes possessivos, por exemplo, meu e minha [formas masculinas e femininas de meu]. Nossa língua tem apenas uma categoria, não duas. Às vezes, digo meu nome, ou minha aldeia, minha lanterna, minha faca [todas as ocorrências em que o gênero do pronome e do substantivo não correspondem]. Essa parte é difícil para nós." O aprendizado veio com o tempo. Por meio da leitura e do incentivo de amigos, Makaratu passou a entender o português e melhorou sua relação com a língua.

Tanto na sala de aula quanto no ambiente urbano em geral, esse problema alimenta o racismo contra os povos indígenas. Em seu livro Preconceito Linguístico , publicado no final da década de 1990, Marcos Bagno, linguista e doutor em filologia, mapeia iniciativas governamentais e afirma que o Brasil carece de políticas públicas voltadas para as línguas indígenas. Para o autor, diferentemente de outros preconceitos e processos de estigmatização, o preconceito linguístico é validado no horário nobre da televisão; há uma ideia equivocada de que o Brasil fala apenas uma língua, uma ideia prejudicial a quem não se enquadra nesse modelo. Negar a diversidade alimenta o preconceito e contribui para a imposição do português.

Permita-me repetir minha pergunta inicial: você, leitor, já se perguntou sobre o papel desempenhado pela língua dominante do seu país? Se a sua língua materna sempre foi uma ponte e nunca uma barreira, convido você a ouvir atentamente alguns trechos de áudio em duas línguas indígenas faladas no Brasil, Parikwaki e Wajãpi:

O que você acabou de ouvir foram pedidos de ajuda feitos nessas duas línguas indígenas, alguns simulando perguntas em hospitais, outros em uma universidade. Decidimos não oferecer uma tradução porque queremos que você sinta como é estar no lugar do outro, ser o Outro. Da próxima vez que você escrever um texto, ler um livro ou assistir a um filme, pense em como é difícil expressar sua visão de mundo em uma língua que não é a sua.

As línguas indígenas também são ferramentas de resistência. É o que afirma Artionka Capiberibe, professora do departamento de antropologia da Universidade Estadual de Campinas e autora de Batismo de Fogo: Os Palikur e o Cristianismo. Em entrevista ao projeto Que Língua(s) Você Fala?, a professora Artionka afirmou: "As línguas indígenas são uma expressão do mundo indígena, do modo de pensar indígena, da forma de se relacionar com os humanos e não humanos, com o universo." Segundo Capiberibe, é fundamental que essas línguas sejam preservadas, tanto para garantir a diversidade quanto para resistir à lógica do capital. "A gente gira e gira e acaba no capitalismo, que se massifica, cria um sistema alimentar monocultural, cria um sistema de comunicação de massa que impõe um modelo único de vida. Isso diminui, comparado ao mundo rico e variado que vem dos povos indígenas."

O mundo de Maywaka e Keyla Palikur

Maywaka , a palavra favorita de Keyla Palikur em Parikwaki, significa mundo. A artista indígena é bisneta de Maria Iaparrá e integrante do projeto "Que Língua(s) Você Fala?": Rumo à identificação e preservação das línguas indígenas do Oiapoque, mantido pela Universidade Federal do Amapá em parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Em fevereiro de 2025, Keyla foi incumbida de criar obras de arte digitais inspiradas em material coletado no Amapá pelo antropólogo alemão Curt Nimuendajú (1883-1945) há quase 100 anos. A etnóloga autodidata contribuiu significativamente para a documentação mais antiga das línguas indígenas no estado.

Em 2023, Keyla foi uma das três pesquisadoras indígenas escolhidas para viajar ao Museu da Cultura Mundial em Gotemburgo, na costa oeste da Suécia, para ajudar a catalogar materiais enviados para lá por Curt Nimuendajú entre 1925 e 1926. O processo, chamado de "repatriação digital", faz parte do movimento para conectar esses objetos aos seus povos de origem.

Como um bom exemplo de um projeto bem-sucedido voltado à valorização das línguas indígenas no Amapá, "Que Língua(s) Você Fala?" propõe sistematizar, registrar e salvaguardar informações sobre as línguas indígenas no Oiapoque. A região tem sido identificada como sob iminente ameaça de perda da diversidade linguística e cultural - uma diversidade enraizada no isolamento geográfico - enquanto sofre a crescente influência de línguas hegemônicas, mudanças sociais e avanços tecnológicos. O plano é criar um arquivo digital para que as línguas Kheuol Karipuna, Kheuól Galibi-Marworno, Parikwaki (Palikur) e Kali'na possam ser protegidas dos efeitos do tempo e do racismo. Cada povo, representado por seus líderes, tradutores e pesquisadores, é responsável por compilar um banco de dados de palavras e línguas, bem como mapear os falantes de cada língua. Caso não exista uma gramática oficial, uma será compilada para auxiliar tanto a tradução de novas palavras quanto a preservação das antigas.

"Vamos começar a pensar em maneiras de mudar palavras que não conseguimos traduzir para a nossa língua, aquelas que não fazem parte da nossa realidade, para que possamos usar palavras que entendemos, transformando-as", disse Keyla. "Como 'avião'. Não temos a palavra 'avião' na nossa língua. Mas nossos filhos usam um termo semelhante, e nós o adaptaremos de alguma forma, porque faz parte da nossa realidade." Keyla explica que Parikwaki, que não tem uma gramática oficial, é escrito de memória, aumentando os desafios de navegar e traduzir no campo artístico.

Dilemas linguísticos também encontram terreno fértil na arte. Para Keyla, estar no mundo não indígena é como flutuar por um pequeno espaço sem saber onde pisar, o que também é uma importante experiência de aprendizado durante o processo. "Tento prestar atenção nisso sempre nomeando as obras que crio, sempre colocando o título na minha língua [indígena], para que eu possa olhar e ver que meu trabalho não diz apenas algo sobre beleza. Sempre digo que [minha arte] é sobre a beleza que vejo no meu povo, nas coisas sobre as quais reflito, nos meus pensamentos. É uma maneira de me olhar, de ver quem eu sou, porque sou indígena."

Com base em suas quase três décadas de experiência em etnologia indígena, a Professora Artionka explica essa complexidade. Em português, as palavras têm gênero, número e grau. Em parikwaki, as palavras também indicam a forma das coisas: se algo é oval ou redondo, se está vivo ou morto, e outras informações adicionais. A língua é como um organismo vivo, capaz de representar uma visão particular do mundo. "O que você diz, como você diz, sua língua - essas são as expressões de como você vê o mundo. E [os povos indígenas] veem o mundo de uma forma muito mais ampla do que a nossa língua [português] nos permite ver ou expressar. A língua parikwaki tem um mundo embutido nela que é muito diferente do nosso."

Ayahmuwaki, o refúgio que garante a existência

Quando o governo brasileiro privilegia a língua portuguesa, coloca os povos indígenas na posição de não poderem falar por si mesmos sobre seus direitos e suas lutas. Não apenas porque não dominam a língua, mas também porque não dominam todos os códigos e visões de mundo que ela contém. É por isso que jovens de diferentes grupos se matricularam em universidades para ampliar seu acesso. "Estou aqui, na universidade, para aprender conhecimentos técnicos, acadêmicos, porque é necessário que nós, indígenas, tenhamos um diploma para podermos acessar determinados espaços, principalmente para não sermos vítimas do processo político", disse Keyla. O capitalismo está sempre lá e muitas vezes engole as pessoas, mesmo dentro da aldeia. Estamos lá, longe, mas não estamos seguros. Tenho me preocupado muito em como evitar que [o capitalismo] engula quem eu sou para que eu possa ser quem acredito que sou. E a minha linguagem é como algo - como posso dizer isso? - é o meu único refúgio. É a única maneira de informar as pessoas, conscientizá-las e conseguir falar além do meu trabalho artístico.

Ayahmuwaki, a palavra em parikwaki para refúgio, resume a importância das línguas para os povos indígenas do Amapá. É um caminho de luta e também de orgulho, refletindo a convicção de que a dignidade só é possível quando se pode existir na própria língua.

O Programa de Coformação Mycelium-SUMAÚMA para Jornalistas da Floresta é o tronco da nossa plataforma trilíngue de jornalismo. É assim que a SUMAÚMA cresce a partir da Amazônia e das experiências de pessoas que vivem na Floresta ou nas periferias pobres das cidades amazônicas. O primeiro ciclo teve início em 2023 em nosso território-base, no Médio Xingu, município de Altamira, estado do Pará, onde 14 jovens selecionados por suas aldeias, comunidades ou coletivos foram co-treinados ao longo de um ano. Por meio do programa Mycelium, a equipe-ponte da SUMAÚMA, composta por jornalistas com décadas de prática, ensina o tipo de jornalismo ético, rigoroso, preciso e justo em que se destacam, enquanto os mycelianos ensinam à equipe-ponte como seus povos e comunidades contam histórias e reportam notícias - e, no caso dos povos indígenas da Amazônia, como o fazem há mais de 10.000 anos. Este encontro de mundos pretende fomentar um jornalismo que centralize os valores, os saberes e os modos de vida de povos que não se separaram da Natureza nem de uma Amazônia que ainda resiste nas periferias urbanas arrancadas da Floresta.

Ao final de um intenso programa de mentoria-semente e cinco sessões de imersão, a ideia é que alguns jornalistas-florestais se juntem à equipe editorial da SUMAÚMA ou trabalhem para outras plataformas de jornalismo independente ou até mesmo formem seus próprios coletivos e criem seus próprios projetos. Após o primeiro ciclo, três jornalistas-florestais do Médio Xingu foram contratados e trabalham na redação da SUMAÚMA em Altamira há mais de um ano. Lá, eles se envolvem em aprendizado contínuo, incluindo aulas de inglês, oficinas de escrita, cursos de formação e assim por diante. Como parte de seu compromisso fundamental, dez anos após seu início - ou daqui a sete anos, já que a SUMAÚMA celebrará seu terceiro aniversário em 13 de setembro - nossa redação será composta majoritariamente por jornalistas-florestais, e isso inclui posições de liderança. O projeto SUMAÚMA, como sempre enfatizamos, é sobre transferência de poder.

O segundo ciclo do Mycelium-SUMAÚMA foi inaugurado em março deste ano. Desta vez, o processo seletivo foi aberto no final de 2024 e mais de 180 candidatos se inscreveram. Em caso de empate, nosso critério foi priorizar mulheres, indivíduos não binários e jovens de povos indígenas e comunidades tradicionais. Após um processo seletivo em duas etapas, onze jovens da Amazônia Legal foram aceitos. O texto que você acabou de ler - uma contribuição de Flávia Coimbra, de Macapá - é a terceira criação deste grupo a ser publicada. A mentora-semente de Flávia Coimbra foi Fernanda da Escóssia, editora da SUMAÚMA.

O Micélio-SUMAÚMA foi idealizado por Eliane Brum e Jonathan Watts. Juliana Laurino, Mônica Abdalla e Marina Borges são responsáveis pela gestão financeira e administrativa do programa Mycelium, enquanto a produção fica a cargo de Clara Baitello. Raquel Rosenberg atuou como facilitadora nas duas primeiras sessões de imersão deste ciclo, enquanto Nayara Coutinho assumirá a terceira. Susana Jeha e sua equipe cuidam da documentação visual. A psicanalista Ilana Katz é a coordenadora assistencial, e Eliane Brum, diretora editorial do SUMAÚMA, é a coordenadora geral. O Mycelium-SUMAÚMA conta com o apoio de mantenedores individuais, da Associação Bem-Te-Vi Diversidade, da Global Witness, da Fundação Good Energies, da Fundação Gordon e Betty Moore, do Instituto Clima e Sociedade (iCS), do Instituto Galo da Manhã, do Meraki Impact e do Fundo Rockefeller Brothers.

Temos certeza de que depois de ler o artigo da Flávia Coimbra você entenderá o que é o programa Mycelium e quanto poder transformador ele tem.

https://sumauma.com/en/por-que-o-portugues-valeria-mais-do-que-uma-lingua-indigena/
 

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