De Pueblos Indígenas en Brasil
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Para Karipuna, a luta pós-COP30 será "arrancar compromissos do papel".
18/11/2025
Autor: Por Cristina Serra
Fonte: Amazonia Real - https://amazoniareal.com.br
O coordenador-executivo da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Kleber Karipuna, participou na COP30 de um encontro com representantes de comunidades de oito países que denunciaram perseguições de grandes corporações do petróleo, gás, mineração, indústria madeireira e agronegócio. O cenário mundial é de ataques aos direitos territoriais e sociais dessas populações. Segundo Kleber Karipuna, isso exigirá uma aliança global cada vez mais forte.
O dirigente da Apib afirma que a situação não é diferente no Brasil. Apesar das vitórias conquistadas na COP30 - como a confirmação de novos territórios homologados e de outros em processo de demarcação - a liderança acredita que o pós-COP será fundamental para transformar os compromissos em ações concretas.
Kleber Karipuna falou à Amazônia Real após o anúncio do Fundo Vítuke e, posteriormente, respondeu a outras questões sobre a COP30. Nesta entrevista, reunimos quatro dessas perguntas. Confira trechos da entrevista.
Amazônia Real - Como você avalia a participação dos povos indígenas na COP30?
Kleber Karipuna - A gente veio para cá com a missão de arrancar um legado e acho que o resultado está sendo positivo porque nós conseguimos arrancar um compromisso territorial. As quatro terras indígenas agora homologadas pelo presidente Lula, a publicação das dez portarias declaratórias assinadas pelo ministro Ricardo Lewandowski, e também a presidenta da Funai, Joênia Wapichana, presidente da FUNAI, assinou a publicação de seis relatórios circunstanciados de delimitação e identificação de terras indígenas. Temos aí 20 terras indígenas homologadas, declaradas e com seu relatório de estudo publicado já na COP30. Isso demonstra uma ação do governo brasileiro para o cumprimento do compromisso territorial que ele mesmo assumiu. Isso faz parte da incidência do próprio movimento indígena.
Amazônia Real - Que outras pautas podem ter repercussões aqui?
Kleber Karipuna - Nós trouxemos para a COP30 o debate do financiamento climático, especialmente sobre financiamento direto para povos indígenas e comunidades locais. Apresentamos uma demanda das nossas Contribuições Nacionalmente Determinadas Indígenas (NDCs), dizendo como nós queremos contribuir para esse debate do enfrentamento à emergência climática com os nossos modos próprios de vida, com a nossa sabedoria ancestral, com o nosso sistema de segurança, com os nossos sistemas alimentares que sempre contribuíram para a preservação da biodiversidade.
A gente, inclusive, comemora a maior participação indígena da história de uma COP aqui no Brasil. São mais de 900 indígenas do mundo inteiro credenciados para a Zona Azul. A última com um número grande foi a COP28, em Dubai, que registrou cerca de 350. Nós quase triplicamos esse número de indígenas na Zona Azul. Em outros espaços de debate, como na Zona Verde, temos o registro de mais de 4 mil indígenas do Brasil e de outros países. Comemoramos essa participação histórica do movimento indígena, com quantidade e com qualidade também. Mas, como você vai ver, tem mil lobistas aqui dentro, dois mil, cinco mil lobistas dentro da Zona Azul, fazendo seu lobby do petróleo, da mineração, do agronegócio e tantas outras pautas que impactam o nosso território.
Amazônia Real - Como se contrapor à força desse lobby?
Kleber Karipuna - É continuar a nossa resistência, a nossa incidência de articulação política e a articulação de bastidores. Muitos dos avanços que nós conseguimos na COP foram por conta da nossa articulação de bastidores. A mobilização é importante, a marcha é importante, a resistência no enfrentamento é importante, a luta jurídica e de comunicação também. Mas as articulações políticas de bastidores são fundamentais numa somatória de esforços para que a gente consiga arrancar os compromissos. E a gente não vai ser diferente no enfrentamento desse lobby.
Eles têm mais dinheiro, eles têm o dito poder econômico e conseguem chegar muito facilmente em um presidente, governador, senador, um parlamentar qualquer. A gente vai continuar trazendo as nossas mobilizações como a gente sempre fez. A estratégia política de articulação vem dando certo e vamos continuar a nossa resistência. Essas 10 terras indígenas que foram declaradas e as quatro terras que foram homologadas não saíram porque o governo simplesmente teve vontade de demarcar. Foi muito trabalho de articulação, de lobby nosso interno, principalmente com o apoio da ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, e da presidenta da Funai, Joênia [Wapichana], para conseguir arrancar essa demarcação.
A gente reconhece o avanço, reconhece a caminhada, ela sempre foi dura no movimento indígena. Mas é pouco. A Apib mesmo apresentou, antes de começar a COP30, uma lista de 107 terras indígenas que estavam ou aptas para serem homologadas pelo presidente Lula, ou aptas para serem declaradas pelo ministro Lewandowski. Arrancamos 14 agora, homologatórias e declaratórias. Então ainda tem muito chão nessa caminhada. E também é de suma importância proteger os territórios já garantidos, já demarcados, que estão invadidos.
Amazônia Real - Vocês já se consideram vitoriosos ou querem mais ainda nesta COP?
Kleber Karipuna - A gente sai daqui com alegria, satisfeito por muitas coisas nossas terem avançado, mas também saímos com uma sensação de que temos muito trabalho pela frente. A gente vem falando sempre que o pós-COP vai ser fundamental para arrancar esses compromissos do papel. A gente vê que no Brasil os compromissos já começam a ser efetivados, mas claro que não na sua totalidade. A gente tem uma missão árdua pós-COP, que é colocar, de fato, para funcionar esses compromissos e o financiamento direto. Fazer com que o recurso chegue diretamente às nossas organizações, aos nossos povos, aos nossos mecanismos de fundos, e arrancar as próximas demarcações de terras. Para as eleições, vamos continuar no projeto de aldear a política e de ocupar os espaços de tomada de decisão. Queremos ampliar a representação no Congresso brasileiro. A gente não pode deixar a extrema- direita crescer dentro do Congresso.
https://amazoniareal.com.br/pos-cop30-karipuna/
O dirigente da Apib afirma que a situação não é diferente no Brasil. Apesar das vitórias conquistadas na COP30 - como a confirmação de novos territórios homologados e de outros em processo de demarcação - a liderança acredita que o pós-COP será fundamental para transformar os compromissos em ações concretas.
Kleber Karipuna falou à Amazônia Real após o anúncio do Fundo Vítuke e, posteriormente, respondeu a outras questões sobre a COP30. Nesta entrevista, reunimos quatro dessas perguntas. Confira trechos da entrevista.
Amazônia Real - Como você avalia a participação dos povos indígenas na COP30?
Kleber Karipuna - A gente veio para cá com a missão de arrancar um legado e acho que o resultado está sendo positivo porque nós conseguimos arrancar um compromisso territorial. As quatro terras indígenas agora homologadas pelo presidente Lula, a publicação das dez portarias declaratórias assinadas pelo ministro Ricardo Lewandowski, e também a presidenta da Funai, Joênia Wapichana, presidente da FUNAI, assinou a publicação de seis relatórios circunstanciados de delimitação e identificação de terras indígenas. Temos aí 20 terras indígenas homologadas, declaradas e com seu relatório de estudo publicado já na COP30. Isso demonstra uma ação do governo brasileiro para o cumprimento do compromisso territorial que ele mesmo assumiu. Isso faz parte da incidência do próprio movimento indígena.
Amazônia Real - Que outras pautas podem ter repercussões aqui?
Kleber Karipuna - Nós trouxemos para a COP30 o debate do financiamento climático, especialmente sobre financiamento direto para povos indígenas e comunidades locais. Apresentamos uma demanda das nossas Contribuições Nacionalmente Determinadas Indígenas (NDCs), dizendo como nós queremos contribuir para esse debate do enfrentamento à emergência climática com os nossos modos próprios de vida, com a nossa sabedoria ancestral, com o nosso sistema de segurança, com os nossos sistemas alimentares que sempre contribuíram para a preservação da biodiversidade.
A gente, inclusive, comemora a maior participação indígena da história de uma COP aqui no Brasil. São mais de 900 indígenas do mundo inteiro credenciados para a Zona Azul. A última com um número grande foi a COP28, em Dubai, que registrou cerca de 350. Nós quase triplicamos esse número de indígenas na Zona Azul. Em outros espaços de debate, como na Zona Verde, temos o registro de mais de 4 mil indígenas do Brasil e de outros países. Comemoramos essa participação histórica do movimento indígena, com quantidade e com qualidade também. Mas, como você vai ver, tem mil lobistas aqui dentro, dois mil, cinco mil lobistas dentro da Zona Azul, fazendo seu lobby do petróleo, da mineração, do agronegócio e tantas outras pautas que impactam o nosso território.
Amazônia Real - Como se contrapor à força desse lobby?
Kleber Karipuna - É continuar a nossa resistência, a nossa incidência de articulação política e a articulação de bastidores. Muitos dos avanços que nós conseguimos na COP foram por conta da nossa articulação de bastidores. A mobilização é importante, a marcha é importante, a resistência no enfrentamento é importante, a luta jurídica e de comunicação também. Mas as articulações políticas de bastidores são fundamentais numa somatória de esforços para que a gente consiga arrancar os compromissos. E a gente não vai ser diferente no enfrentamento desse lobby.
Eles têm mais dinheiro, eles têm o dito poder econômico e conseguem chegar muito facilmente em um presidente, governador, senador, um parlamentar qualquer. A gente vai continuar trazendo as nossas mobilizações como a gente sempre fez. A estratégia política de articulação vem dando certo e vamos continuar a nossa resistência. Essas 10 terras indígenas que foram declaradas e as quatro terras que foram homologadas não saíram porque o governo simplesmente teve vontade de demarcar. Foi muito trabalho de articulação, de lobby nosso interno, principalmente com o apoio da ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, e da presidenta da Funai, Joênia [Wapichana], para conseguir arrancar essa demarcação.
A gente reconhece o avanço, reconhece a caminhada, ela sempre foi dura no movimento indígena. Mas é pouco. A Apib mesmo apresentou, antes de começar a COP30, uma lista de 107 terras indígenas que estavam ou aptas para serem homologadas pelo presidente Lula, ou aptas para serem declaradas pelo ministro Lewandowski. Arrancamos 14 agora, homologatórias e declaratórias. Então ainda tem muito chão nessa caminhada. E também é de suma importância proteger os territórios já garantidos, já demarcados, que estão invadidos.
Amazônia Real - Vocês já se consideram vitoriosos ou querem mais ainda nesta COP?
Kleber Karipuna - A gente sai daqui com alegria, satisfeito por muitas coisas nossas terem avançado, mas também saímos com uma sensação de que temos muito trabalho pela frente. A gente vem falando sempre que o pós-COP vai ser fundamental para arrancar esses compromissos do papel. A gente vê que no Brasil os compromissos já começam a ser efetivados, mas claro que não na sua totalidade. A gente tem uma missão árdua pós-COP, que é colocar, de fato, para funcionar esses compromissos e o financiamento direto. Fazer com que o recurso chegue diretamente às nossas organizações, aos nossos povos, aos nossos mecanismos de fundos, e arrancar as próximas demarcações de terras. Para as eleições, vamos continuar no projeto de aldear a política e de ocupar os espaços de tomada de decisão. Queremos ampliar a representação no Congresso brasileiro. A gente não pode deixar a extrema- direita crescer dentro do Congresso.
https://amazoniareal.com.br/pos-cop30-karipuna/
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