De Pueblos Indígenas en Brasil
The printable version is no longer supported and may have rendering errors. Please update your browser bookmarks and please use the default browser print function instead.

Noticias

Lideranças indígenas discutem ações para proteção ambiental

15/12/2009

Fonte: Agência Estadual de Notícias - www.aenoticias.pr.gov.br/modules/news/article.php?storyid=53003




A maior floresta com araucárias do mundo é protegida pela comunidade indígena de Manguerinha, no Paraná. A afirmação foi do secretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Rasca Rodrigues, que juntamente com o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Márcio Meira, abriu nesta segunda-feira (14), em Curitiba, a Consulta Regional da Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas (PNGATI).

"Os indígenas são os principais responsáveis pela proteção e preservação dos remanescentes florestais que ainda restam no Paraná e, pensando nisso, o Governo tem feito políticas públicas, respeitando os seus conhecimentos, costumes e tradições", declarou Rasca Rodrigues, ao mencionar ações como a construção - pela Cohapar - de 958 casas diferenciadas para as comunidades indígenas, a inclusão em programas sociais e ações ambientais que contam com o conhecimento dos índios.

Para ele, as políticas públicas para os povos indígenas devem incluir alternativas econômicas e sociais. "É preciso pensar também no desenvolvimento sustentável das comunidades indígenas, mas respeitando as especificidades culturais e ambientais de cada região do país", opina Rasca

Até esta quinta-feira (17), lideranças indígenas das regiões Sul e Sudeste do país - onde vivem cerca de 40 mil índios - estarão discutindo as ações prioritárias para a fiscalização, proteção, gestão ambiental, territorial e etnodesenvolvimento em suas áreas.

No Paraná vivem 14 mil índios, das etnias guarani, caingague e xetá - esta etnia ameaçada de extinção, contando com apenas seis remanescentes de origem primitiva (puros) e outros 88 descendentes.

De acordo com o presidente da Funai, Márcio Meira, o objetivo da consulta é garantir a participação das comunidades indígenas da região Sul na construção de políticas públicas voltadas a proteção, recuperação, conservação e o uso sustentável dos recursos naturais nos territórios indígenas.

"As comunidades indígenas estão sofrendo as pressões e ameaças de atividades econômicas 'não-indígenas' de maneira muito forte. Aqui na região Sul, por exemplo, as áreas são menores e ainda acontecem práticas como arrendamentos de terras, agroindústria e o agronegócio", menciona Márcio. Segundo ele, as características diferenciadas dos povos indígenas, em cada região, exigem que as políticas públicas também sejam pensadas de forma diferenciada.

Questionado sobre o posicionamento da Funai em relação à construção de usinas hidrelétricas em áreas indígenas, Márcio disse que são obras necessárias ao desenvolvimento da nação.

"Os empreendimentos de infraestrutura aqui da região sul e sudeste são maiores do que na Amazônia e essas ações precisam ser feitas, quando necessárias, para atender aos interesses da nação. Mas temos procurado cobrar o respeito à legislação ambiental e aos direitos dos povos indígenas", disse o presidente da Funai. Na última semana a Consulta Regional foi feita entre as comunidades indígenas do Nordeste.

EXPECTATIVA - Já o cacique da comunidade indígena de Boa Vista, em Laranjeiras do Sul, Neoli Olíbio, disse que os índios do Paraná estão aguardando a oportunidade de participar das discussões há muito tempo.

"A nossa maneira de cuidar do meio ambiente está sendo atropelada por este mundo cheio de tecnologias. A intenção da sociedade até pode ser a melhor, mas está impactando as comunidades indígenas e degradando o que sempre preservamos, que são as nossas terras e os recursos naturais que estão dentro delas", afirma Neoli.

Ele ainda disse que a maior fonte de poluição nos rios que cortam as terras indígenas são oriundas das cidades e das ocupações irregulares. "Preservamos todas as nossas nascentes e a mata ciliar ao longo dos nossos rios. Ao mesmo tempo vemos a poluição das cidades chegando as nossas áreas. Ou seja, precisamos pensar em políticas que envolvam educação ambiental, sustentabilidade e infraestrutura nos arredores das aldeias indígenas para que nossas comunidades não sejam afetadas por estes impactos externos", finaliza Neoli.

Para o coordenador político da Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul (Airpin Sul), o avanço da monocultura no Paraná é um dos principais problemas que serão apresentados pelos índios da região Sul do país, nestes três dias de encontro.

"A participação do Sul e Sudeste é muito importante. Não temos tantas áreas de florestas nativas como os povos da Amazônia, mas temos áreas imensas de reflorestamento com espécies nativas e que estão sendo degradadas em razão da monocultura e outros fatores. Precisamos de apoio para a recuperação e não apenas manutenção destas áreas, conforme prevê o ICMS ecológico", enfatiza Neoli. Como bom exemplo de conservação ele também cita Mangueirinha.

"Mesmo com toda questão da monocultura a seu redor, Mangueirinha tem a maior reserva de araucária do mundo em terras indígenas. Lá é um exemplo de que é possível morar dentro daquele ambiente, trabalhar, se alimentar e preservar", conclui Neoli.

Representantes das comunidades de Santa Catarina, São Paulo e Rio Grande do Sul também estão participando do Encontro e levando as suas reivindicações. Além disso, técnicos do Ministério do Meio Ambiente e Secretaria de Extrativismo afirmaram durante o evento que o Governo deverá implementar todas as ações propostas pelos povos indígenas até o final do ano de 2010.

O administrador regional da Funai em Curitiba, Glênio da Costa Alvarez, disse que para o Paraná sediar a reunião dos índios da região Sul e Sudeste é muito importante. "Isso porque eles estarão construindo propostas e projetos que são exemplos para toda sociedade, inclusive para os não-índios", destaca.

HISTÓRICO - A política territorial e ambiental de terras indígenas é resultado de dois importantes processos que vem se aprofundando e ganhando forças nos últimos anos. Primeiro: a luta dos povos indígenas na defesa dos seus direitos, com destaque para a da preservação dos recursos naturais em suas terras que culminou em agosto de 2009 com a aprovação da contribuição das terras indígenas para a conservação dos ecossistemas florestais brasileiros pelo fundo global do meio ambiente. Segundo: Em junho de 2008, em reunião da comissão nacional de política e digerias da CNTI, coordenada pelo presidente da república , foi assinado a portaria de numero 276 com os membros da justiça e do meio ambiente.

As consultas são direitos dos povos indígenas previstos pela convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Nelas serão apresentadas e debatidas propostas de sugestões dos povos indígenas sobre o que deve ser feito para a conservação, proteção e uso sustentável dos recursos naturais dos territórios indígenas de formar a aprimorar essas ações elaborados pelo GTI. Serão consultadas cerca de 1.200 lideranças indígenas nas regiões Leste, Nordeste, Sudeste, Sul, Amazônia e Amazônia Oriental do país.
 

Las noticias publicadas en el sitio Povos Indígenas do Brasil (Pueblos Indígenas del Brasil) son investigadas en forma diaria a partir de fuentes diferentes y transcriptas tal cual se presentan en su canal de origen. El Instituto Socioambiental no se responsabiliza por las opiniones o errores publicados en esos textos. En el caso en el que Usted encuentre alguna inconsistencia en las noticias, por favor, póngase en contacto en forma directa con la fuente mencionada.