De Pueblos Indígenas en Brasil
The printable version is no longer supported and may have rendering errors. Please update your browser bookmarks and please use the default browser print function instead.
Noticias
Vida tormentosa dos kiriris
27/09/2003
Autor: Rodrigo Vieira Júnior
Fonte: A Tarde-Salvador-BA
A catequização dos índios Kiriris, que habitam o distrito de Mirandela, município de Banzaê na Bahia, a 296 km de Salvador, fez com que a tribo perdesse algumas de suas tradições sagradas. Os jesuítas converteram os Kiriris ao catolicismo, provocando o abandono de costumes e rituais como o "Varaquidzam" e "Cabana Sagrada". O padroeiro da aldeia Kiriri de Mirandela é Nosso Senhor da Ascensão.
De acordo com dados da Associação Nacional de Ação Indigenista (Anai-Bahia), os jesuítas, no entanto, conseguiram fazer com que os índios Kiriris deixassem de viver dispersos na caatinga. A reunião dos índios resultou na fundação, em 1656, do povoado de Saco dos Morcegos, localidade que hoje é conhecida como Mirandela, pertencente ao município de Banzaê.
O processo de catequização foi iniciado em 1691 sob o comando do padre jesuíta Manoel Correia. Neste ano, ele escreveu carta ao Rei de Portugal informando sobre o seu trabalho na aldeia de Mirandela, no semi-árido baiano. Em 1700, a pedido dos jesuítas, foi demarcada na região uma área 12.300 hectares, que os portugueses doaram aos Kiriris através de um alvará do rei de Portugal.
Logo após a expulsão dos jesuítas do Brasil, a situação se modificou e os índios começaram a ser ameaçados. Saco dos Morcegos foi transformada em Mirandela, nome atual da localidade, e as cidades antigas que os jesuítas ajudaram a organizar se desestruturaram economicamente. Deu-se início à ocupação das terras do interior da Bahia e do Nordeste por colonos e posseiros, que invadiram as áreas indígenas. As misturas e os conflitos entre índios e não-índios começaram a partir de então, como relatam os historiadores.
Kiriris em Canudos - No final do século XIX, em Canudos, houve uma nova tentativa de convívio entre brancos e índios na faixa de terra habitada pelos Kiriris na Bahia. O beato Antônio Conselheiro fazia contatos freqüentes com os índios Kiriris e muitos deles acreditaram nas promessas do profeta sertanejo, partindo em busca de "rio de leite e ribanceira de cuscuz".
De acordo com relato do índio Kiriri de Mirandela, Zacarias Antônio, com mais de 90 anos, o avô dele contava que a madeira levada para construir a Igreja de Canudos foi retirada da mata da localidade. Contam também que a flecha que matou o temido coronel do Exército Moreira César, conhecido como "Corta-Cabeça&", na Guerra de Canudos, teria sido disparada por índio da tribo Kiriri de Mirandela.
A Guerra de Canudos terminou em 5 de outubro de 1897 e matou muitos índios Kiriris, além dos brancos que apoiavam Antônio Conselheiro. A tribo perdeu parte do conhecimento sobre rituais como o "cururu" e os últimos índios que falavam a língua nativa da tribo, o Kipeá. Quando os sobreviventes retornaram para a área da reserva, descobriram que já não eram bemvindos e encontraram brancos por toda parte, inclusive em Saco dos Morcegos (Mirandela).
O século passado foi repleto de conflitos entre os índios Kiriris e os descendentes dos posseiros, provocando a ocupação definitiva de Mirandela após a morte do índio Adão, em 1995. Houve, em seguida, a intervenção da Funai e da Polícia Federal na reserva e a saída definitiva de todos os não-índios.
No momento, Mirandela (antigo Saco dos Morcegos) é habitada por 64 famílias de índios Kiriris e a principal liderança da tribo em Banzaê é o cacique Lázaro Gonzaga de Souza, de 63 anos. A tribo ocupa área da reserva estabelecida pela Funai e enfrenta sérios problemas com a seca na região. No povoado de Marcação, vivem mais 60 famílias e em Pau Ferro, estão 34 famílias. Há Kiriris vivendo também nos povoados de Araçá, Baixa da Cangalha, Lagoa Grande, Sacão e Cantagalo.
De acordo com dados da Associação Nacional de Ação Indigenista (Anai-Bahia), os jesuítas, no entanto, conseguiram fazer com que os índios Kiriris deixassem de viver dispersos na caatinga. A reunião dos índios resultou na fundação, em 1656, do povoado de Saco dos Morcegos, localidade que hoje é conhecida como Mirandela, pertencente ao município de Banzaê.
O processo de catequização foi iniciado em 1691 sob o comando do padre jesuíta Manoel Correia. Neste ano, ele escreveu carta ao Rei de Portugal informando sobre o seu trabalho na aldeia de Mirandela, no semi-árido baiano. Em 1700, a pedido dos jesuítas, foi demarcada na região uma área 12.300 hectares, que os portugueses doaram aos Kiriris através de um alvará do rei de Portugal.
Logo após a expulsão dos jesuítas do Brasil, a situação se modificou e os índios começaram a ser ameaçados. Saco dos Morcegos foi transformada em Mirandela, nome atual da localidade, e as cidades antigas que os jesuítas ajudaram a organizar se desestruturaram economicamente. Deu-se início à ocupação das terras do interior da Bahia e do Nordeste por colonos e posseiros, que invadiram as áreas indígenas. As misturas e os conflitos entre índios e não-índios começaram a partir de então, como relatam os historiadores.
Kiriris em Canudos - No final do século XIX, em Canudos, houve uma nova tentativa de convívio entre brancos e índios na faixa de terra habitada pelos Kiriris na Bahia. O beato Antônio Conselheiro fazia contatos freqüentes com os índios Kiriris e muitos deles acreditaram nas promessas do profeta sertanejo, partindo em busca de "rio de leite e ribanceira de cuscuz".
De acordo com relato do índio Kiriri de Mirandela, Zacarias Antônio, com mais de 90 anos, o avô dele contava que a madeira levada para construir a Igreja de Canudos foi retirada da mata da localidade. Contam também que a flecha que matou o temido coronel do Exército Moreira César, conhecido como "Corta-Cabeça&", na Guerra de Canudos, teria sido disparada por índio da tribo Kiriri de Mirandela.
A Guerra de Canudos terminou em 5 de outubro de 1897 e matou muitos índios Kiriris, além dos brancos que apoiavam Antônio Conselheiro. A tribo perdeu parte do conhecimento sobre rituais como o "cururu" e os últimos índios que falavam a língua nativa da tribo, o Kipeá. Quando os sobreviventes retornaram para a área da reserva, descobriram que já não eram bemvindos e encontraram brancos por toda parte, inclusive em Saco dos Morcegos (Mirandela).
O século passado foi repleto de conflitos entre os índios Kiriris e os descendentes dos posseiros, provocando a ocupação definitiva de Mirandela após a morte do índio Adão, em 1995. Houve, em seguida, a intervenção da Funai e da Polícia Federal na reserva e a saída definitiva de todos os não-índios.
No momento, Mirandela (antigo Saco dos Morcegos) é habitada por 64 famílias de índios Kiriris e a principal liderança da tribo em Banzaê é o cacique Lázaro Gonzaga de Souza, de 63 anos. A tribo ocupa área da reserva estabelecida pela Funai e enfrenta sérios problemas com a seca na região. No povoado de Marcação, vivem mais 60 famílias e em Pau Ferro, estão 34 famílias. Há Kiriris vivendo também nos povoados de Araçá, Baixa da Cangalha, Lagoa Grande, Sacão e Cantagalo.
Las noticias publicadas en el sitio Povos Indígenas do Brasil (Pueblos Indígenas del Brasil) son investigadas en forma diaria a partir de fuentes diferentes y transcriptas tal cual se presentan en su canal de origen. El Instituto Socioambiental no se responsabiliza por las opiniones o errores publicados en esos textos. En el caso en el que Usted encuentre alguna inconsistencia en las noticias, por favor, póngase en contacto en forma directa con la fuente mencionada.