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Índio morreu com três tiros, afirma polícia

10/11/2012

Fonte: FSP, Poder 2, p. 4



Documentos anexos


Índio morreu com três tiros, afirma polícia
Líderes indígenas apontam delegado da PF como responsável por disparos; federais confirmaram apenas 9 feridos
Em nota, a PF disse ter sido vítima de uma "emboscada", após uma reunião de quatro horas no dia anterior

RODRIGO VARGAS COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM CUIABÁ

Um laudo feito a pedido da Polícia Civil do Pará atestou que o índio Adenílson Munduruku, 28, morreu em decorrência de três ferimentos provocados por arma de fogo.
Líderes da etnia apontam um delegado da Polícia Federal como responsável pelos disparos e dizem que Adenílson, enterrado ontem em Jacareacanga (PA), foi "executado" durante confronto com a PF na quarta-feira, na divisa entre Mato Grosso e Pará.
"Eles atiraram nas pernas, para que ele não pudesse fugir, e depois deram um tiro na cabeça para matar", afirmou Adonias Kaba, índio mundurucu que é vereador pelo PSDB em Jacareacanga.
Anteontem, Kaba integrou uma comissão que esteve na aldeia Teles Pires, onde Adenílson vivia. Segundo ele, o clima é de "medo e tristeza".
"Estão todos em choque, sem saber o que mais vai acontecer. A polícia invadiu a aldeia e atirou nas casas, jogou bomba", disse.
Segundo ele, o único gerador de energia e todas as canoas e embarcações a motor da comunidade foram inutilizadas. "Fuzilaram as canoas. Ninguém pode pescar."
O vereador disse que há na aldeia testemunhas da morte de Adenílson. "Eles viram quando o delegado atirou e o índio caiu no rio e afundou. Agora o que queremos é investigação séria e justiça."
Segundo a coordenação local da Funai (Fundação Nacional do Índio), um relatório sobre o episódio seria encaminhado ontem ao comando do órgão em Brasília.
"Além do laudo cadavérico, vamos encaminhar depoimentos de vários índios da etnia", disse o coordenador da Funai Raineri Quintino.
O confronto entre índios e PF ocorreu durante uma das ações previstas na decisão judicial que deflagrou a Operação Eldorado, que desarticulou um esquema de exploração ilegal de ouro na região.
Ontem, em nota, a PF disse ter sido vítima de uma "emboscada" dos índios, após uma reunião de quatro horas no dia anterior na qual haviam chegado a um acordo sobre a operação.
"O líder indígena atacou o coordenador da operação, dando golpe de borduna em seu ombro. Mais de cem índios 'pintados para a guerra' atacaram com armas de fogo e arcos e flechas cerca de 35 policiais", disse o texto.
Segundo a PF, um grampo telefônico "comprova que havia intenção do líder indígena em atacar os policiais".
No confronto, ainda segundo a nota, os policiais usaram bombas de gás para proteção pessoal e, em seguida, "a força necessária".
A PF nada disse sobre a morte do índio. Afirmou apenas que, até o momento, há um saldo de nove feridos: seis índios e três policiais. Em razão do conflito, 19 índios foram detidos e depois liberados. A PF diz que apreendeu 15 armas de calibres diversos, além de bordunas, arcos, flechas e facões.

Frase
"Eles atiraram nas pernas, para que ele não pudesse fugir, e depois deram um tiro na cabeça para matar"
ADONIAS KABA, índio mundurucu, vereador pelo PSDB em Jacareacanga


Extração ilegal de ouro ocorre há 4 anos, afirma PF

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
EM CUIABÁ

O confronto que causou a morte de um índio no rio Teles Pires tem como pano de fundo um sistema de extração ilegal de ouro operado há ao menos quatro anos na região da divisa entre Mato Grosso e Pará.
Alvo da Operação Eldorado, deflagrada pela Polícia Federal nesta semana em sete Estados, o esquema movimentava milhões de reais.
A estrutura criminosa é descrita em detalhes em decisão da Justiça Federal que determinou a prisão de 28 suspeitos de envolvimento na exploração ilegal, além de 64 ações de busca e apreensão.
Segundo o documento, oito índios caiabis e mundurucus -dois deles caciques- recebiam pagamentos em dinheiro, ouro, combustível e até tratamento médico em São Paulo para autorizar a permanência de garimpeiros em terras indígenas.
O ouro era extraído do rio Teles Pires por meio de balsas. A PF identificou 14 delas na região, gerando danos ambientais como assoreamento e contaminação por mercúrio. No total, cada balsa rendia R$ 500 mil por mês, totalizando R$ 84 milhões ao ano, segundo a PF.
"A atividade é praticada não por garimpeiros artesanais, mas por ricos 'empresários do crime'", aponta trecho da decisão do juiz Fábio Fiorenza, da 5ª Vara Federal de Mato Grosso.
Com base em grampos telefônicos legais, a PF identificou quatro grupos da operação: 1) líderes indígenas; 2) donos de balsas e garimpeiros; 3) donos de postos de compra de ouro; 4) pessoas que dão apoio ao esquema.
Para ocultar a origem ilegal do ouro, entravam em cena empresas de comércio de ouro de cidades como Jacareacanga (PA), Porto Velho (RO) e Alta Floresta (MT), ligadas a firmas que vendem o metal no mercado financeiro.
A produção era "regularizada" com notas frias fornecidas por pessoas físicas ou cooperativas de garimpeiros.
A exploração mineral em terras indígenas, vetada por lei, é tema de projeto de lei em discussão no Congresso.
Pela proposta, índios receberiam royalties. A Funai é favorável.
(RODRIGO VARGAS)

FSP, 10/11/2012, Poder 2, p. 4

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/77172-indio-morreu-com-tres-tiros-afirma-policia.shtml
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/77173-frase.shtml
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/77174-extracao-ilegal-de-ouro-ocorre-ha-4-anos-afirma-pf.shtml
 

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