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Em ritual, Xukurus preveem luta neste ano

08/01/2018

Autor: Paulo Trigueiro

Fonte: Folha PE https://www.folhape.com.br



Este será um ano difícil para o povo Xukuru. Disso há indícios óbvios, como a mudança de parte da Funai para o Ministério da Agricultura e a ideia de emitir título de posse de terras indígenas, para que possam ser vendidas, intenção de congressistas da bancada ruralista. Mas foi o diálogo entre os índios e seus ancestrais, realizado sob ritual sagrado no último domingo (6), que tornou vermelho o sinal para o povo da Serra do Ororubá, em Pesqueira, no Agreste pernambucano. Os índios sobem à Pedra do Rei apenas durante a Festa de Reis dos Xukurus, que acontece todo dia 6 de janeiro. É quando começa o ano para eles, após a primeira ação religiosa. Nela, foram avisados de que precisariam se unir.

"Hoje, vivemos em terras da União, das quais temos usufruto", explicou Guilherme Araújo, ou Guila Xukuru, representante legal do povo. Segundo o índio, há a pretensão de dar a posse das terras aos índios. "A intenção é a de comprá-las, além de provocar conflitos internos por divergências sobre o destino da terra." Os Xukurus são privilegiados em relação aos outros povos indígenas pernambucanos: têm 100% das terras demarcadas. Os Kapinawá, de Buíque, para comparar, têm apenas nove aldeias, de 26, demarcadas. "Essa nossa situação permitiu que pudéssemos criar projetos e trabalhos no sentido de fortalecer nossas tradições e atrair nossos jovens a cumprir papéis que antes eram realizados apenas pelos mais velhos", explica Guila.

"O toque do memby, uma espécie de flauta, era dominado apenas por um índio antigo. No domingo, um jovem tocou pela primeira vez na Festa de Reis." A pintura do corpo com a tinta de jenipapo, o uso do jupago - tronco e raiz de árvore com as quais se bate no chão de areia durante o toré (danças ritualísticas) - são exemplos de tradições ensinadas pelo grupo criado pela juventude Xukuru, o Poya Limolaygo (pés no chão). "É como se recebêssemos um aviso e estivéssemos nos preparando, nos unindo e nos fortalecendo para o ano que estamos prestes a ter."

O cacique Marquinhos Xukuru vê uma articulação entre os projetos de lei que tentam dificultar as demarcações de terra e os que tentam acabar com a coletividade dela. "Com parte da Funai nas mãos dos nossos, literalmente, inimigos, a demarcação da terra para. Por outro lado, dando título de posse aos índios, tentam tomá-la", analisou. "A força da natureza que recebemos durante a Festa de Reis, nós a usaremos como armadura para lutar contra o poder público que tenta acabar conosco. Muitos tombaram para que conseguimos o que conseguimos hoje. Também estamos dispostos a dar a nossa vida."

Cacique Marquinhos se refere principalmente a assassinatos que ocorreram nos anos 1990 quando o próprio pai, o cacique Chicão, começou a reunir as aldeias Xukurus. Chicão foi covardemente morto a tiros em frente à casa da irmã devido aos interesses que tinham no seu chão. "Querem acabar conosco desde que descobriram o Brasil." A previsão do ano, porém, não trouxe apenas dificuldades para os índios de Pesqueira. Seis dias antes da Festa de Reis, o nascer do sol foi "lido" pelos mais antigos Xukurus vivos, que anteviram um bom ano de produção agrícola dentro do território, com toda a chuva necessária.



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