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Precisamos de letramento ambiental
17/10/2024
Fonte: O Globo - https://oglobo.globo.com/
Precisamos de letramento ambiental
Há mais de 50 anos a produção acadêmica gera evidências científicas para que tragédias climáticas sejam evitadas
17/10/2024
Acompanhamos um aumento de mais de 100% em hectares queimados no país, na comparação com o mesmo mês de agosto de 2023, vitimando a vegetação e sua fauna associada, sobretudo no Cerrado e na Amazônia. Estima-se que, somente em relação às plantas endêmicas do Cerrado, reconhecido por sua megadiversidade, quase 500 espécies estarão extintas até 2050.
O negacionismo - que facilitou o avanço da Covid-19 na pandemia, corroeu a cultura nacional pró-vacina, enfraqueceu os órgãos ambientais no enfrentamento ao garimpo, na extração ilegal de madeira e na grilagem de áreas de unidades de conservação e terras indígenas - dissemina o obscurantismo sobre a emergência climática a que estamos submetidos.
Na perspectiva de pesquisadores e ambientalistas, cresce a indignação com a ineficiência dos tomadores de decisão em dar um basta. Há mais de 50 anos a produção acadêmica gera evidências científicas para que tragédias como essas sejam evitadas e mediadas. O silêncio ou a retórica, esvaziada pela inação das autoridades do Executivo, parecem ter como objetivo o entorpecimento dos que se dedicam à causa e o embotamento da população. O Legislativo ocupa-se com emendas, indulgências e benesses que lhe favoreçam.
Enquanto o fogo do Norte e no Centro-Oeste impregna os pulmões nas cidades, evidenciando não ser possível dissociar saúde e meio ambiente, ocorre o lançamento do programa BNDES Florestas Crédito, R$ 1 bilhão voltado a estimular a "recuperação e preservação da vegetação nativa". Deveria ser uma boa notícia, não fossem a impunidade reiterada para os crimes ambientais, a apropriação crescente da pauta da restauração ambiental pelo mercado e a certeza do enorme esforço em remendar um cristal.
Como magistralmente descrito por José de Alencar em 1872, no livro "Sonhos d'Ouro", sobre o reflorestamento da Floresta da Tijuca:
- Viva a imagem da loucura humana! Refazer à custa de anos, trabalho e dispêndio de grande cabedal, o que se destruiu em alguns dias pela cobiça de um lucro insignificante!
Ao assombro que nos toma de assalto, à tragédia anunciada, somam-se a injustificada supressão das árvores urbanas do Rio, a expansão da cidade sem que ela seja urbanizada e biofílica. Nos anos 1980, crianças acharem que galinha era o frango congelado de supermercado já foi anedótico. E hoje? Quantos de nós somos capazes de reconhecer um jequitibá, as folhas de uma dormideira, o aroma de um jasmim, as floradas de um ipê ou um fruto de ingá? Estamos empenhados em aprender a usar a inteligência artificial, mas abdicamos da inteligência inata que nos constitui e nos fez chegar até aqui, na longa jornada evolutiva, com profundo conhecimento sobre os recursos naturais que alimentam, curam, protegem e repousam o espírito.
Urge um letramento ambiental que passe pelo afeto para aproximar as crianças e os jovens da natureza, assim como reconecte os adultos, sem o que, as primaveras serão cada vez mais invernais. Ou seriam infernais?
https://oglobo.globo.com/opiniao/artigos/coluna/2024/10/precisamos-de-letramento-ambiental.ghtml
Há mais de 50 anos a produção acadêmica gera evidências científicas para que tragédias climáticas sejam evitadas
17/10/2024
Acompanhamos um aumento de mais de 100% em hectares queimados no país, na comparação com o mesmo mês de agosto de 2023, vitimando a vegetação e sua fauna associada, sobretudo no Cerrado e na Amazônia. Estima-se que, somente em relação às plantas endêmicas do Cerrado, reconhecido por sua megadiversidade, quase 500 espécies estarão extintas até 2050.
O negacionismo - que facilitou o avanço da Covid-19 na pandemia, corroeu a cultura nacional pró-vacina, enfraqueceu os órgãos ambientais no enfrentamento ao garimpo, na extração ilegal de madeira e na grilagem de áreas de unidades de conservação e terras indígenas - dissemina o obscurantismo sobre a emergência climática a que estamos submetidos.
Na perspectiva de pesquisadores e ambientalistas, cresce a indignação com a ineficiência dos tomadores de decisão em dar um basta. Há mais de 50 anos a produção acadêmica gera evidências científicas para que tragédias como essas sejam evitadas e mediadas. O silêncio ou a retórica, esvaziada pela inação das autoridades do Executivo, parecem ter como objetivo o entorpecimento dos que se dedicam à causa e o embotamento da população. O Legislativo ocupa-se com emendas, indulgências e benesses que lhe favoreçam.
Enquanto o fogo do Norte e no Centro-Oeste impregna os pulmões nas cidades, evidenciando não ser possível dissociar saúde e meio ambiente, ocorre o lançamento do programa BNDES Florestas Crédito, R$ 1 bilhão voltado a estimular a "recuperação e preservação da vegetação nativa". Deveria ser uma boa notícia, não fossem a impunidade reiterada para os crimes ambientais, a apropriação crescente da pauta da restauração ambiental pelo mercado e a certeza do enorme esforço em remendar um cristal.
Como magistralmente descrito por José de Alencar em 1872, no livro "Sonhos d'Ouro", sobre o reflorestamento da Floresta da Tijuca:
- Viva a imagem da loucura humana! Refazer à custa de anos, trabalho e dispêndio de grande cabedal, o que se destruiu em alguns dias pela cobiça de um lucro insignificante!
Ao assombro que nos toma de assalto, à tragédia anunciada, somam-se a injustificada supressão das árvores urbanas do Rio, a expansão da cidade sem que ela seja urbanizada e biofílica. Nos anos 1980, crianças acharem que galinha era o frango congelado de supermercado já foi anedótico. E hoje? Quantos de nós somos capazes de reconhecer um jequitibá, as folhas de uma dormideira, o aroma de um jasmim, as floradas de um ipê ou um fruto de ingá? Estamos empenhados em aprender a usar a inteligência artificial, mas abdicamos da inteligência inata que nos constitui e nos fez chegar até aqui, na longa jornada evolutiva, com profundo conhecimento sobre os recursos naturais que alimentam, curam, protegem e repousam o espírito.
Urge um letramento ambiental que passe pelo afeto para aproximar as crianças e os jovens da natureza, assim como reconecte os adultos, sem o que, as primaveras serão cada vez mais invernais. Ou seriam infernais?
https://oglobo.globo.com/opiniao/artigos/coluna/2024/10/precisamos-de-letramento-ambiental.ghtml
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