De Pueblos Indígenas en Brasil
Noticias
"Nosso território não está à venda, nem à mercê de interesses alheios", denuncia o povo Krahô da TI Kraholândia (TO)
18/07/2025
Fonte: CIMI - https://cimi.org.br
Lideranças e representantes de 19 aldeias do povo Krahô, da Terra Indígena Kraholândia, localizada no Tocantins, expressam publicamente seu "total repúdio" à tentativa de implementação do projeto Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal (REDD+) em seus territórios.
Resultado de diversos encontros com amplo processo de debates, escuta e reflexão coletiva, o povo protocolou na última terça-feira (15), a "Carta de Recusa ao Projeto REDD+ no Território Krahô" junto à câmara temática populações indígenas e comunidades tradicionais (6ª Câmara de Coordenação e Revisão), órgão do Ministério Público Federal (MPF). As lideranças reafirmam que a posição, expressa na carta, não é uma decisão isolada, mas sim quanto povo.
"Povo Krahô expressa publica seu total repúdio à tentativa de implementação do projeto REDD+ em seus territórios"
No documento os indígenas reafirmam "a defesa intransigente de nossos direitos territoriais, culturais e políticos, garantidos pela Constituição Federal, pela Convenção 169 da OIT e por tratados internacionais de direitos humanos dos povos indígenas". Listam ainda seis pontos em que o projeto REDD+ viola seus direitos originários.
O povo Krahô denuncia que "a implementação do REDD+ foi anunciada e imposta sem a realização de uma consulta livre, prévia e informada". Além de que, as informações sobre o projeto são insuficientes, técnicas e enviesadas, dificultando a compreensão das consequências para as comunidades.
"O povo Krahô denuncia que "a implementação do REDD+ foi anunciada e imposta sem a realização de uma consulta livre, prévia e informada"
Na carta de recusa as lideranças apontam o REDD+ como uma lógica mercantilista, que irá reduzir a floresta a "créditos de carbono", o que viola a relação sagrada dos Krahô com a natureza.
E o mais grave, "o REDD+ representa uma tentativa de imposição do Estado, que ignora deliberadamente os processos próprios de decisão do povo Krahô e nossa capacidade de gestão ambiental baseada em saberes ancestrais", lista o documento entregue à 6ª Câmara. Onde também reiteram, "declaramos com absoluta convicção que não aceitamos implementação do REDD+ em nosso território".
"Declaramos com absoluta convicção que não aceitamos implementação do REDD+ em nosso território"
Os Krahô reafirmam a soberania sobre a Terra Indígena Kraholândia como indispensável para sobrevivência quanto povo, e precisa ser respeitada. Razão pela qual reivindicam "respeito irrestrito" aos direitos originários, culturais e ambientais". "Nosso território não está à venda, nem à mercê de interesses alheios que desrespeitam nossa história e existência", finalizam a carta.
Em resposta ao protocolo, a 6ª Câmara de Coordenação e Revisão do MPF informou que a carta de repúdio do povo Krahô foi registrada e encaminhada à Procuradoria da República no Tocantins para as devidas providências.
Leia a carta de recusa do povo Krahô na integra:
CARTA DE RECUSA AO PROJETO REDD+ NO TERRITÓRIO KRAHÔ
Nós, lideranças e representantes de 19 aldeias do povo Krahô, situadas na Terra Indígena Kraholândia, manifestamos publicamente nosso veemente repúdio à tentativa de implementação do projeto REDD+ (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal) em nosso território ancestral.
Este posicionamento não é isolado, mas fruto de um amplo processo de debate, escuta e reflexão coletiva entre nossas comunidades, que reafirma a defesa intransigente de nossos direitos territoriais, culturais e políticos, garantidos pela Constituição Federal, pela Convenção 169 da OIT e por tratados internacionais de direitos humanos dos povos indígenas.
Destacamos que:
A implementação do REDD+ foi anunciada e imposta sem a realização de uma consulta livre, prévia e informada, requisito legal e fundamental para garantir o respeito à autodeterminação dos povos indígenas e sua participação efetiva em decisões que impactam seus territórios e modos de vida.
As informações apresentadas sobre o projeto são insuficientes, técnicas e enviesadas, dificultando o pleno entendimento das consequências ambientais, sociais e econômicas que recairiam sobre nossas aldeias. Tal ausência de transparência reforça a ideia de uma imposição arbitrária, desconsiderando a complexidade dos saberes tradicionais e a importância da gestão comunitária da floresta.
O REDD+, ao transformar a floresta e a biodiversidade em "créditos de carbono", assume uma lógica mercantilista que não condiz com nossa cosmovisão, na qual a natureza é viva, sagrada e interdependente da existência do nosso povo. Reduzir nosso território a uma simples fonte de capital ambiental é um ato que violenta nossa relação ancestral com a terra, desconsidera nossa história e ameaça nossos direitos coletivos.
A proposta do REDD+ coloca em risco a autonomia política e territorial do povo Krahô, uma vez que implica o controle e uso dos recursos naturais por agentes externos, sobretudo o Estado, que já demonstrou incapacidade e desinteresse em garantir nossos direitos. Essa lógica abre precedentes perigosos para interferências futuras, comprometendo nossa soberania e a integridade dos nossos modos de vida.
A proposta de pagamento por "créditos de carbono" não apresenta garantias absolutas de benefícios reais e justos para as comunidades envolvidas, podendo reproduzir modelos excludentes que favorecem interesses corporativos e governamentais em detrimento das populações tradicionais.
Denunciamos, portanto, que o REDD+ representa uma tentativa de imposição do Estado, que ignora deliberadamente os processos próprios de decisão do povo Krahô e nossa capacidade de gestão ambiental baseada em saberes ancestrais.
Por todos esses motivos, declaramos com absoluta convicção que não aceitamos a implementação do REDD+ em nosso território. Reafirmamos nossa soberania sobre a Terra Indígena Kraholândia e reivindicamos o respeito irrestrito aos nossos direitos originários, culturais e ambientais.
Nosso território não está à venda, nem à mercê de interesses alheios que desrespeitam nossa história e existência.
Terra Indígena Kraholândia, 13 de julho de 2025.
Assinam esta carta as lideranças, cacicas e caciques do território Krahô
https://cimi.org.br/2025/07/povo-kraho-carta-recusa-redd/
Resultado de diversos encontros com amplo processo de debates, escuta e reflexão coletiva, o povo protocolou na última terça-feira (15), a "Carta de Recusa ao Projeto REDD+ no Território Krahô" junto à câmara temática populações indígenas e comunidades tradicionais (6ª Câmara de Coordenação e Revisão), órgão do Ministério Público Federal (MPF). As lideranças reafirmam que a posição, expressa na carta, não é uma decisão isolada, mas sim quanto povo.
"Povo Krahô expressa publica seu total repúdio à tentativa de implementação do projeto REDD+ em seus territórios"
No documento os indígenas reafirmam "a defesa intransigente de nossos direitos territoriais, culturais e políticos, garantidos pela Constituição Federal, pela Convenção 169 da OIT e por tratados internacionais de direitos humanos dos povos indígenas". Listam ainda seis pontos em que o projeto REDD+ viola seus direitos originários.
O povo Krahô denuncia que "a implementação do REDD+ foi anunciada e imposta sem a realização de uma consulta livre, prévia e informada". Além de que, as informações sobre o projeto são insuficientes, técnicas e enviesadas, dificultando a compreensão das consequências para as comunidades.
"O povo Krahô denuncia que "a implementação do REDD+ foi anunciada e imposta sem a realização de uma consulta livre, prévia e informada"
Na carta de recusa as lideranças apontam o REDD+ como uma lógica mercantilista, que irá reduzir a floresta a "créditos de carbono", o que viola a relação sagrada dos Krahô com a natureza.
E o mais grave, "o REDD+ representa uma tentativa de imposição do Estado, que ignora deliberadamente os processos próprios de decisão do povo Krahô e nossa capacidade de gestão ambiental baseada em saberes ancestrais", lista o documento entregue à 6ª Câmara. Onde também reiteram, "declaramos com absoluta convicção que não aceitamos implementação do REDD+ em nosso território".
"Declaramos com absoluta convicção que não aceitamos implementação do REDD+ em nosso território"
Os Krahô reafirmam a soberania sobre a Terra Indígena Kraholândia como indispensável para sobrevivência quanto povo, e precisa ser respeitada. Razão pela qual reivindicam "respeito irrestrito" aos direitos originários, culturais e ambientais". "Nosso território não está à venda, nem à mercê de interesses alheios que desrespeitam nossa história e existência", finalizam a carta.
Em resposta ao protocolo, a 6ª Câmara de Coordenação e Revisão do MPF informou que a carta de repúdio do povo Krahô foi registrada e encaminhada à Procuradoria da República no Tocantins para as devidas providências.
Leia a carta de recusa do povo Krahô na integra:
CARTA DE RECUSA AO PROJETO REDD+ NO TERRITÓRIO KRAHÔ
Nós, lideranças e representantes de 19 aldeias do povo Krahô, situadas na Terra Indígena Kraholândia, manifestamos publicamente nosso veemente repúdio à tentativa de implementação do projeto REDD+ (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal) em nosso território ancestral.
Este posicionamento não é isolado, mas fruto de um amplo processo de debate, escuta e reflexão coletiva entre nossas comunidades, que reafirma a defesa intransigente de nossos direitos territoriais, culturais e políticos, garantidos pela Constituição Federal, pela Convenção 169 da OIT e por tratados internacionais de direitos humanos dos povos indígenas.
Destacamos que:
A implementação do REDD+ foi anunciada e imposta sem a realização de uma consulta livre, prévia e informada, requisito legal e fundamental para garantir o respeito à autodeterminação dos povos indígenas e sua participação efetiva em decisões que impactam seus territórios e modos de vida.
As informações apresentadas sobre o projeto são insuficientes, técnicas e enviesadas, dificultando o pleno entendimento das consequências ambientais, sociais e econômicas que recairiam sobre nossas aldeias. Tal ausência de transparência reforça a ideia de uma imposição arbitrária, desconsiderando a complexidade dos saberes tradicionais e a importância da gestão comunitária da floresta.
O REDD+, ao transformar a floresta e a biodiversidade em "créditos de carbono", assume uma lógica mercantilista que não condiz com nossa cosmovisão, na qual a natureza é viva, sagrada e interdependente da existência do nosso povo. Reduzir nosso território a uma simples fonte de capital ambiental é um ato que violenta nossa relação ancestral com a terra, desconsidera nossa história e ameaça nossos direitos coletivos.
A proposta do REDD+ coloca em risco a autonomia política e territorial do povo Krahô, uma vez que implica o controle e uso dos recursos naturais por agentes externos, sobretudo o Estado, que já demonstrou incapacidade e desinteresse em garantir nossos direitos. Essa lógica abre precedentes perigosos para interferências futuras, comprometendo nossa soberania e a integridade dos nossos modos de vida.
A proposta de pagamento por "créditos de carbono" não apresenta garantias absolutas de benefícios reais e justos para as comunidades envolvidas, podendo reproduzir modelos excludentes que favorecem interesses corporativos e governamentais em detrimento das populações tradicionais.
Denunciamos, portanto, que o REDD+ representa uma tentativa de imposição do Estado, que ignora deliberadamente os processos próprios de decisão do povo Krahô e nossa capacidade de gestão ambiental baseada em saberes ancestrais.
Por todos esses motivos, declaramos com absoluta convicção que não aceitamos a implementação do REDD+ em nosso território. Reafirmamos nossa soberania sobre a Terra Indígena Kraholândia e reivindicamos o respeito irrestrito aos nossos direitos originários, culturais e ambientais.
Nosso território não está à venda, nem à mercê de interesses alheios que desrespeitam nossa história e existência.
Terra Indígena Kraholândia, 13 de julho de 2025.
Assinam esta carta as lideranças, cacicas e caciques do território Krahô
https://cimi.org.br/2025/07/povo-kraho-carta-recusa-redd/
Las noticias publicadas en el sitio Povos Indígenas do Brasil (Pueblos Indígenas del Brasil) son investigadas en forma diaria a partir de fuentes diferentes y transcriptas tal cual se presentan en su canal de origen. El Instituto Socioambiental no se responsabiliza por las opiniones o errores publicados en esos textos. En el caso en el que Usted encuentre alguna inconsistencia en las noticias, por favor, póngase en contacto en forma directa con la fuente mencionada.