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COP30: Povos indígenas apresentam proposta climática e alertam que Amazônia se aproxima do "ponto de não retorno"
02/07/2025
Autor: Nilson Cortinhas
Fonte: Um só Planeta - https://umsoplaneta.globo.com/
COP30: Povos indígenas apresentam proposta climática e alertam que Amazônia se aproxima do "ponto de não retorno"
Prioridades incluem reconhecimento dos territórios indígenas como zonas livres de atividades extrativas
Lideranças indígenas dos nove países da Bacia Amazônica apresentaram uma proposta de Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) específica para os povos originários, com diretrizes climáticas que os Estados devem adotar até a COP30, que será realizada em Belém (PA), em novembro.
O documento, elaborado durante a Pré-COP Indígena e assinado por 28 organizações indígenas da região, foi entregue à ministra dos Povos Indígenas do Brasil, Sonia Guajajara, e à representante do Ministério de Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Colômbia, Maria Violeta Medina.
Entre as prioridades estão: o reconhecimento e a proteção de todos os territórios indígenas como política e ação climática - em especial aqueles com presença de povos isolados ou de recente contato -; financiamento direto e autonomia financeira; participação efetiva nos espaços de decisão climática; proteção de defensores e defensoras indígenas; inclusão dos sistemas de conhecimento tradicional como estratégias de mitigação, adaptação e restauração ambiental; e o reconhecimento dos territórios indígenas da Amazônia como áreas livres de atividades extrativas.
A manifestação alerta que a Amazônia está "à beira do colapso". "Já perdeu mais de 88 milhões de hectares de floresta como resultado direto de atividades extrativas, principalmente mineração, agricultura e pecuária. Depois dos graves incêndios de 2023, todos os recordes históricos de seca, calor e queda do nível dos rios foram superados, indicando que a floresta se aproxima perigosamente de seu ponto de não retorno", afirma o documento.
Para as lideranças indígenas, a solução da crise climática global passa, obrigatoriamente, pela centralidade dos povos originários nas decisões. "Os Estados devem respeitar nossos direitos, incorporar nossos conhecimentos ancestrais e garantir a proteção dos territórios indígenas para conceber estratégias de mitigação e adaptação mais eficazes", diz o texto.
As demandas são dirigidas aos Estados-membros da Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP), à Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) e aos governos dos países da região.
"A proteção dos territórios indígenas na Amazônia representa um sumidouro de aproximadamente 340 milhões de toneladas de CO₂e, configurando uma das estratégias mais eficazes de mitigação e adaptação", detalha o texto.
Pré-COP Indígena
A Pré-COP Indígena foi uma realização da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e da coalizão internacional G9 da Amazônia Indígena.
"Não aceitamos mais promessas vazias. Exigimos compromissos reais dos países, que incluam e respeitem as autoridades indígenas. Que esta NDC seja um chamado à justiça climática e ao respeito aos povos indígenas", afirmou o coordenador-geral da Coiab, Toya Manchineri.
"Que os países tomem realmente as decisões que importam, com compromissos assumidos e a garantia dos acordos nacionais, com segurança para os povos indígenas dentro dos seus territórios", declarou a ministra Sonia Guajajara.
"Há quatro pontos principais para a Bacia Amazônica. Um deles tem a ver com a proteção integral dos territórios indígenas como ação estrutural frente às mudanças climáticas. Isso envolve ações de mitigação e adaptação, a titulação e ampliação dos territórios e a proteção dos povos indígenas em isolamento e contato inicial. Também é fundamental incorporar processos de restauração nos ecossistemas fortemente impactados pelas mudanças climáticas, que exigem ações urgentes", destacou Patrícia Suárez, vice-presidente da Organização Nacional dos Povos Indígenas da Amazônia Colombiana (OPIAC).
O evento contou ainda com a presença de autoridades como Luiza Valadares, do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, e Maggie Charnley, diretora de Florestas e Clima do Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido.
https://umsoplaneta.globo.com/opiniao/colunas-e-blogs/direto-de-belem/post/2025/07/cop30-povos-indigenas-apresentam-proposta-climatica-e-alertam-que-amazonia-se-aproxima-do-ponto-de-nao-retorno.ghtml
Prioridades incluem reconhecimento dos territórios indígenas como zonas livres de atividades extrativas
Lideranças indígenas dos nove países da Bacia Amazônica apresentaram uma proposta de Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) específica para os povos originários, com diretrizes climáticas que os Estados devem adotar até a COP30, que será realizada em Belém (PA), em novembro.
O documento, elaborado durante a Pré-COP Indígena e assinado por 28 organizações indígenas da região, foi entregue à ministra dos Povos Indígenas do Brasil, Sonia Guajajara, e à representante do Ministério de Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Colômbia, Maria Violeta Medina.
Entre as prioridades estão: o reconhecimento e a proteção de todos os territórios indígenas como política e ação climática - em especial aqueles com presença de povos isolados ou de recente contato -; financiamento direto e autonomia financeira; participação efetiva nos espaços de decisão climática; proteção de defensores e defensoras indígenas; inclusão dos sistemas de conhecimento tradicional como estratégias de mitigação, adaptação e restauração ambiental; e o reconhecimento dos territórios indígenas da Amazônia como áreas livres de atividades extrativas.
A manifestação alerta que a Amazônia está "à beira do colapso". "Já perdeu mais de 88 milhões de hectares de floresta como resultado direto de atividades extrativas, principalmente mineração, agricultura e pecuária. Depois dos graves incêndios de 2023, todos os recordes históricos de seca, calor e queda do nível dos rios foram superados, indicando que a floresta se aproxima perigosamente de seu ponto de não retorno", afirma o documento.
Para as lideranças indígenas, a solução da crise climática global passa, obrigatoriamente, pela centralidade dos povos originários nas decisões. "Os Estados devem respeitar nossos direitos, incorporar nossos conhecimentos ancestrais e garantir a proteção dos territórios indígenas para conceber estratégias de mitigação e adaptação mais eficazes", diz o texto.
As demandas são dirigidas aos Estados-membros da Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP), à Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) e aos governos dos países da região.
"A proteção dos territórios indígenas na Amazônia representa um sumidouro de aproximadamente 340 milhões de toneladas de CO₂e, configurando uma das estratégias mais eficazes de mitigação e adaptação", detalha o texto.
Pré-COP Indígena
A Pré-COP Indígena foi uma realização da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e da coalizão internacional G9 da Amazônia Indígena.
"Não aceitamos mais promessas vazias. Exigimos compromissos reais dos países, que incluam e respeitem as autoridades indígenas. Que esta NDC seja um chamado à justiça climática e ao respeito aos povos indígenas", afirmou o coordenador-geral da Coiab, Toya Manchineri.
"Que os países tomem realmente as decisões que importam, com compromissos assumidos e a garantia dos acordos nacionais, com segurança para os povos indígenas dentro dos seus territórios", declarou a ministra Sonia Guajajara.
"Há quatro pontos principais para a Bacia Amazônica. Um deles tem a ver com a proteção integral dos territórios indígenas como ação estrutural frente às mudanças climáticas. Isso envolve ações de mitigação e adaptação, a titulação e ampliação dos territórios e a proteção dos povos indígenas em isolamento e contato inicial. Também é fundamental incorporar processos de restauração nos ecossistemas fortemente impactados pelas mudanças climáticas, que exigem ações urgentes", destacou Patrícia Suárez, vice-presidente da Organização Nacional dos Povos Indígenas da Amazônia Colombiana (OPIAC).
O evento contou ainda com a presença de autoridades como Luiza Valadares, do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, e Maggie Charnley, diretora de Florestas e Clima do Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido.
https://umsoplaneta.globo.com/opiniao/colunas-e-blogs/direto-de-belem/post/2025/07/cop30-povos-indigenas-apresentam-proposta-climatica-e-alertam-que-amazonia-se-aproxima-do-ponto-de-nao-retorno.ghtml
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